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Cultura | 20.11.19 - 15h51

Recife recebe pela primeira vez tradicionais Sambadas dos maracatus de baque solto

Nos próximos domingo 24 de novembro e 8 de dezembro, a capital vai virar Terreiro, com a realização das tradicionais Sambadas de maracatu no Pátio de São Pedro e no Boulevard Rio Branco, com os maracatus Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá

 

Para celebrar os rituais que servem de raízes às tradições culturais mais autênticas de Pernambuco, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, vai encurtar a distância entre a capital e o interior e promover pela primeira vez, nos próximos dias 24 de novembro e 8 de dezembro, duas Sambadas de maracatu no Recife, com a participação do Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá, no Pátio de São Pedro e no Boulevard Rio Branco.

Celebração de dança de terreiro pouco conhecida e nunca realizada na capital, as Sambadas são um ensaio para preparar os grupos de maracatu de baque solto para as apresentações do carnaval. “Antigamente, durante o período pré-carnavalesco, cada agremiação realizava pelo menos quatro sambadas. Hoje, quando fazem, os Maracatus de Baque Solto realizam no máximo uma sambada antes do carnaval. Os jovens folgazões (brincantes) estão mais preocupados com o brilho de suas fantasias do que em preservar esses rituais. E o risco é que os Maracatus de Baque Solto se tornem uma brincadeira apenas de Carnaval”, preocupa-se Manoelzinho Salustiano, presidente da Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco.

As Sambadas no Recife, segundo ele, celebram duas tradições: as origens das brincadeiras dos Maracatus de Baque Solto e a fundação da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, criada há 30 anos para defender a tradição que hoje é patrimônio imaterial do Brasil. “É a primeira vez que as sambadas chegam à capital. Estamos fazendo isso para fortalecer a cultura do Maracatu de Baque Solto. Vamos transformar o Pátio de São Pedro e a Rio Branco em verdadeiros Terreiros, para mostrar que maracatu não é só Carnaval. É também dança, poesia, música e terreiro.”

No próximo domingo (24), a Sambada recifense será no Pátio de São Pedro, a partir das 16h, com o colorido, força e tradição dos maracatus Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém. No dia 8 de dezembro, também um domingo, a Sambada será no Recife Antigo e contará com os maracatus Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá. A brincadeira começa às 16h, no Boulevard Rio Branco.

 

Sambada - Tradição centenária, a Sambada reúne folgazões de 8 a 80 anos. Cada maracatu chega na Sambada com sua diretoria, seu Mestre e seus brincantes, realizando coreografias chamadas por eles de manobras. Os folgazões vestem-se à vontade, com calça e camisa estampada de manga longa, galho de arruda (ou alguma planta de caráter purificador, como pinhão roxo, alfavaca de caboclo, manjericão) na boca, atrás da orelha ou pendurada no peito. A guiada (lança do caboclo) é substituída por um pedaço de madeira, que é manejado mais facilmente.

Após o ritual de chegada de cada um dos dois Maracatus, é dada a largada para a peleja. O Mestre é acompanhado pelo terno, composto de músicos de percussão (surdos, taróis, cuícas, gonguês e ganzás) e instrumentos de sopro. O clima é festivo. Os dois mestres, um de cada maracatu, passam a alternar as estrofes da peleja, com desaforos, para disputar a admiração do público.

Os folgazões dançam como se estivessem lutando, de dois em dois, ou em pequenos grupos. E se movimentam com agilidade, já que a pesada vestimenta carnavalesca, caracterizada pelas golas bordadas, não é usada na brincadeira.

 

Maracatus de Baque Solto - A cultura do Maracatu de Baque Solto surgiu nos Engenhos da Mata Norte no final do século XIX e início do século XX com os trabalhadores dos canaviais que reuniam-se nos momentos de folga para brincar e festejar.

 

Sobre os maracatus participantes: 

Cruzeiro do Forte

Com 90 anos de atividades, o Cruzeiro do Norte é o mais antigo Maracatu de Baque Solto do Recife. Foi durante onze vezes Campeão do Grupo Especial do Concurso de Agremiações, promovido pela Prefeitura do Recife. Contrariando a tradição, o Maracatu de Baque Solto Cruzeiro do Forte surgiu na zona urbana, junto às ruínas do Forte do Arraial Novo do Bom Jesus, em Torrões, em 7 de setembro de 1929, inicialmente como Clube Carnavalesco Misto Cruzeiro do Norte. Somente em 1980 é que o Maracatu recebeu o nome atual, sob a presidência de Ionete Maria da Silva.

Contato

Ceça: (81) 98825-1098

 

Gavião da Mata

Tradicional Maracatu de Baque Solto de Glória do Goitá, o Gavião da Mata completou 13 anos de atividades em 2019. No Carnaval de 2020, participará do Grupo Especial do Concurso de Agremiações, promovido pela Prefeitura do Recife.

Contato

Edson: (81) 99760-3140          

                

Piaba de Ouro

Fundado no dia 11 de setembro de 1977, por Manuel Salustiano Soares, Augustinho Pires e Manoel Mauro de Souza, com o intuito de relembrar as brincadeiras de terreiro da infância, no campo de cana de açúcar da Zona da Mata de Pernambuco, o grupo conquistou diversos prêmios. Sob a liderança de Mestre Salustiano, o Piaba de Ouro foi campeão do carnaval pernambucano por sete vezes consecutivas. Hoje sob o comando dos filhos de Mestre Salu, o Piaba de Ouro é referência na preservação da cultura do Maracatu de Baque Solto, além de ter se tornado uma entidade sem fins lucrativos, que desenvolve trabalhos culturais voltados para a formação de cidadãos, envolvendo vários segmentos da cultura popular.

Contato

Pedro Salu: (81) 99601-0181

 

Pavão Dourado de Tracunhaém

Depois de fazer parte de vários grupos, os folgazões Juraciel Cândido de Lima, Carlos Barbosa da Silva, Pedro Barbosa do Nascimento, Antônio Cândido de Lima, João José de Lima e Euclides João Gomes queriam fazer um Maracatu que mantivesse a tradição do Baque Solto que conheciam deste os tempos de menino. No Carnaval de 1999, o Pavão Dourado manobrou pelas ruas de Tracunhaém com 36 componentes. Nos anos seguintes, a trajetória do Pavão Dourado foi uma sucessão de vitórias e títulos. No Carnaval 2019, o maracatu foi o campeão do Grupo Especial do Concurso de Agremiações, da Prefeitura do Recife.

Contato

Nem do Pavão: (81) 98915-5708