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Meio Ambiente | 04.12.19 - 16h54

Plano de Gestão dos Jardins Burle Marx ganha prêmio Vasconcelos Sobrinho em 1º lugar

A capital pernambucana foi a primeira do Brasil a elaborar um Plano de Gestão para os Jardins Históricos da cidade. Ao todo, 15 jardins desenhados pelo paisagista Burle Marx na década de 1930  são considerados patrimônio histórico e ambiental

 

O Plano de Gestão dos Jardins Burle Marx do Recife foi o grande vencedor do Prêmio Vasconcelos Sobrinho concedido pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), na categoria Destaque Municipal. A entrega do prêmio acontecerá no dia 16 de dezembro, no auditório do Cais do Sertão.

Janaina Granja, coordenadora do Comitê Burle Marx, ressaltou o papel de protagonismo do Recife através da iniciativa “A capital pernambucana foi a primeira do Brasil a elaborar um Plano de Gestão para os Jardins Históricos. Com isso, 15 jardins projetados pelo paisagista Burle Marx entre as décadas de 1930 e 1950, agora são considerados patrimônio histórico e ambiental e receberão todo o tratamento adequado para auxiliar na sua preservação. Esse reconhecimento só mostra que estamos no caminho certo”, avaliou.

O Comitê foi instituído em outubro de 2018 através do Decreto municipal 31.853 e engloba 19 entidades. Coordenado pelo Gabinete do vice-prefeito junto com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, o Comitê é formado por CAU-PE, Emlurb, Iphan; Fundarpe, IAB, Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pelas Secretarias municipais de Mobilidade e Controle Urbano; Planejamento Urbano e Turismo, Esportes e Lazer.

Além de planejar e realizar a Semana Burle Marx, que é pensada para destacar o importante patrimônio cultural e paisagístico do Recife, é contribuição do Comitê atuar na linha da educação patrimonial, bem como acompanhar a elaboração dos planos de gestão de jardins históricos.

Para Ana Rita Sá Carneiro, Coordenadora do Laboratório da Paisagem da UFPE, o comitê constitui um grupo empenhado na luta pela conservação dos jardins do paisagista Roberto Burle Marx e que se estende até a própria história da cidade e dos recifenses e ela destaca os esforços da equipe. “Burle Marx deixou um legado muito valioso para nós, criando os seus primeiros jardins e despertando o amor pela natureza e o Comitê veio para reforçar todo essa intenção em defender e preservar a obra de Burle Marx e seu significado para a cidade. O prêmio é um reconhecimento pelo esforço de uma grande equipe, o Comitê Burle Marx, capitaneada pelo empenho de Janaína junto à Hélvio e Giannina e que dignifica mais ainda o Inventário dos Jardins de Burle Marx no Recife”, disse.

O Plano de Gestão e Conservação foi construído em várias etapas, a partir de agosto de 2018, com a realização de seminários e oficinas envolvendo a sociedade civil e entidades urbanísticas, culminando com a realização da audiência pública, que discutiu as diretrizes para a preservação e conservação dos jardins, e será, posteriormente, entregue ao prefeito Geraldo Julio. Ao todo, aconteceram mais de 14 reuniões com a participação do poder público e da sociedade, responsável por zelar o patrimônio histórico, cultural e ambiental. A audiência pública reuniu mais de 100 pessoas que, juntas, discutiram sobre conservação das praças.

O objetivo deste Plano de Gestão é formular uma estratégia e pactuar um modelo de gestão a ser adotado no cotidiano das ações públicas e da sociedade no gerenciamento dos Jardins Históricos de Burle Marx no Recife, respeitando as orientações estabelecidas nas Cartas Patrimoniais de Florença (1981) e de Juiz de Fora (2010) onde determina que a salvaguarda dos jardins históricos exige que os mesmos sejam identificados e inventariados, impondo-se intervenções diversas, de manutenção, de conservação e de recuperação.

O documento que garante a elevação das praças à categoria de Jardins Históricos contempla com o título as seguintes praças: Casa Forte; Euclides da Cunha, na Madalena; República e Jardim Campo Princesas, no bairro de Santo Antônio; Derby; Salgado Filho, em frente ao Aeroporto Internacional dos Guararapes; Faria Neves, em frente ao Horto de Dois Irmãos; Pinto Damaso, na Várzea; Entroncamento, nas Graças; Chora Menino, no Paissandu; Maciel Pinheiro, na Boa Vista; Dezessete, em Santo Antônio; Artur Oscar, conhecida como Arsenal da Marinha, no Bairro do Recife; o Jardim da Capela da Jaqueira; o Largos da Paz, em Afogados; e o Largo das Cinco Pontas, no bairro de São José.

 

Prêmio Vasconcelos Sobrinho


O Prêmio Vasconcelos Sobrinho, criado em 1990 pela Agência Estadual de Meio Ambiente - CPRH, leva o nome de um dos primeiros pernambucanos a lutar pelas causas ambientais no Estado de Pernambuco. Engenheiro agrônomo de profissão e ambientalista por vocação, Vasconcelos Sobrinho, que faleceu em 1989, continua sendo um exemplo a ser lembrado e seguido. Ao promover este concurso, a CPRH quer dar visibilidade aos esforços dos que, assim como Vasconcelos Sobrinho, estão agindo para a melhoria das condições ambientais e da qualidade de vida da população.


Quem foi Vasconcelos Sobrinho


Filho de José Francisco Correia de Vasconcelos e Rita Pinto de Vasconcelos, João Vasconcelos Sobrinho nasceu em Moreno, Pernambuco, em 28 de abril de 1908 e formou-se engenheiro Agrônomo pela Escola Superior de Agricultura de São Bento, hoje incorporada à UFRPE.

Dentre as tantas contribuições de Vasconcelos Sobrinho nas causas ambientais através de trabalhos de pesquisa, gestão e literatura específica, listamos sua atuação como fundador e ex-diretor do Jardim Zoobotânico de Dois Irmãos, hoje Parque Ecológico de Dois Irmãos; professor titular da disciplina de Ecologia da UFRPE; fundador e supervisor da Estação Ecológica de Tapacurá; diretor do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, posteriormente denominado Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF; membro da Delegação Brasileira para a Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação, realizada em Nairobi, em 1977; fundador e diretor do Serviço de Inspeção Florestal e Proteção à Natureza do Estado de Pernambuco.

Vasconcelos Sobrinho escreveu e publicou mais de trinta livros, entre eles Estudos e Observações sobre as Matas de Pernambuco (1937), O Problema Florestal do Nordeste (1940), As regiões naturais de Pernambuco, o meio e a civilização (1949), Regiões Naturais do Nordeste (1971), Catecismo da Ecologia (1982) e Desertificação no Nordeste do Brasil (coletânea de trabalhos publicados pelo Departamento de Recursos Naturais da Sudene, 2002).