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| 15.10.11 - 00h44

Parque Dona Lindu recebe espetáculo do grupo natalense Clowns de Shakespeare

Após uma hora e 20 minutos de espetáculo, o público aplaudiu de pé os oito atores da peça, que integrou a programação da Virada Multicultural

Na noite de abertura da Virada Multicultural do Recife, o Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, recebeu, nesta sexta-feira (14), o grupo de teatro natalense Clowns de Shakespeare com o espetáculo teatral “Sua Incelença, Ricardo III. A apresentação aconteceu ao ar livre, no pátio do parque.

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A peça criou um diálogo entre o Sertão nordestino e a Inglaterra elisabetana, explorando o universo lúdico do picadeiro, dos palhaços mambembes e das carroças ciganas. O ator Marcus França, protagonista da peça, falou da satisfação em participar da Virada Multicultural do Recife. “Ficamos surpresos e felizes com o convite. Estávamos na expectativa de fazer essa apresentação. A capital pernambucana coroa o espetáculo de rua, com uma linguagem popular, para o povo”, disse.

Durante a encenação, a fábula britânica (e universal) do rei Ricardo entrou em contato com o universo da cultura popular nordestina, somando referências do rock inglês contemporâneo (de bandas como Queen e Supertramp), as excelências (popularmente chamadas incelenças), gênero musical tipicamente nordestino, usualmente atrelado aos costumes fúnebres da região. O próprio nome do espetáculo é um jogo de palavras com referência a Sua Excelência, pronome de tratamento dedicado a autoridades, em especial para membros da nobreza, com as incelenças, músicas dos funerais nordestinos.

A peça entrelaçou os embates familiares pelo poder político ocorridos na Inglaterra e no Nordeste brasileiro a partir do episódio histórico da Guerra das Rosas, conflito sucessório pelo trono da Inglaterra, ocorrido de 1455 até 1485, entre os Lancaster (rosa vermelha) e os York (rosa branca). No enredo, o personagem principal é Ricardo, o Duque de Gloucester (do clã York), posteriormente o Rei Ricardo III, considerado um dos vilões mais sedutores da dramaturgia universal. Na peça, o monarca ganhou ar regional chamado de “O Javali Sanguinário”, “Vil Aranha”, “Sapo Danado”, “Cão Imundo” ou “Porco Espinho”.

Após uma hora e 20 minutos de espetáculo, o público aplaudiu de pé os oito atores da peça. “Nunca formos contemplados com uma apresentação teatral. A peça conseguiu reunir um público que jamais teria condições de assistir a um espetáculo tão grandioso como este. Parabenizo a Prefeitura por isso”, falou Flávio Conte, morador do bairro há cinco anos.

Para a coordenadora geral do Parque Dona Lindu, Simone Figueiredo, foi uma grande honra receber o espetáculo. “Foi lindo ver crianças e adultos concentrados na peça. Os frequentadores do parque puderam assistir um evento de ampla diversidade cultural. A montagem aproximou o público à linguagem shakespeariana. Foi emocionante.