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Planejamento Urbano | 20.09.17 - 18h54

Seminário dá a partida na estruturação do Plano de Preservação do Patrimônio do Recife

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Proposta do I Seminário sobre a Preservação do Patrimônio Cultural, que acontece até esta quinta (21,) é debater sobre qualidade urbana com foco nos mecanismos de preservação. (Foto: Wesley D´Almeida/PCR)

 

 

“Estamos diante de um momento que gera oportunidades e desafios. O Recife está prestes a revisar seu Plano Diretor e o patrimônio histórico se consolida como um ativo da cidade, devendo também ser colocado nesse debate”. As palavras do secretário municipal de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, contextualizam a importância do I Seminário sobre a Preservação do Patrimônio Cultural do Recife, que teve início nesta quarta (20), no Museu da Cidade, no bairro de São José. O evento, realizado pela Prefeitura do Recife, trouxe estudiosos de várias partes do Brasil, que são referência internacional na reflexão sobre a preservação do patrimônio cultural. 

A proposta é debater sobre qualidade urbana com foco nos mecanismos de preservação do patrimônio histórico e cultural, balizando a discussão a partir de conceitos atualizados sobre arquitetura e urbanismo. "O Seminário abre a agenda de discussões para estruturação do Plano de Preservação do Patrimônio do Recife, que prevê a revisão da legislação e regulamentação de instrumentos urbanísticos capazes de estimular a preservação e a gestão do patrimônio. É o ponto de partida para um amplo processo de debate”, afirma Antônio Alexandre. 

O gestor destaca a importância de estimular a atividade econômica nas áreas de patrimônio. “De outra forma, fica bem mais difícil conseguir a preservação dos bens históricos. Precisamos aperfeiçoar os instrumentos legais que mobilizem as pessoas a investirem nessas áreas”, aponta Alexandre, acrescentando que o Seminário se incorpora a uma política de planejamento urbano mais estruturada e abrangente, que visa estabelecer um sistema permanente de gestão do patrimônio. “A ideia é viabilizar o monitoramento, a administração de incentivos e parcerias e a atualização permanente da legislação”.

Inédito, o Seminário acontece no momento em que o Recife comemora os 40 anos do Plano de Preservação de Sítios Históricos, primeira iniciativa relacionada à preservação e gestão do patrimônio na cidade, e os 20 anos da Lei dos Imóveis Especiais de Preservação (IEPs). Atualmente, a cidade possui 33 Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (ZEPH) e 258 IEPs, dos quais 102 foram criados na atual gestão. “Temos a oportunidade de construir políticas públicas mais sólidas de preservação patrimonial”, acrescenta a gerente-geral de Preservação do Patrimônio Cultural do Recife, Lorena Veloso.

REABILITAÇÃO - Em sua palestra, a professora Amélia Reynaldo, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), defendeu a reabilitação de bairros centrais como Santo Antônio, São José e Boa Vista. “Os moradores são o recurso mais importante dessas áreas, que representam oportunidades para o Recife. A atividade pujante é um recurso valioso”, considera. Amélia também recomendou o registro como patrimônio de elementos como a vilas operárias de Afogados e Areias, os terreiros de Água Fria, a fábrica da Torre e a arquitetura eclética dos IPAVs.

Por sua vez, o professor Nivaldo Andrade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), destaca a importância de articular o planejamento urbano e a preservação do patrimônio. “Para conservar, é preciso usar. É a utilização do imóvel que o mantém vivo no inconsciente coletivo, que preserva a relação entre a sociedade e o objeto”, ressaltou. Em relação aos projetos, Nivaldo afirma que a intervenção deve ser contemporânea, sem querer falsear a história nem desrespeitar o antigo. “A arquitetura nova pode ser compatível com a cidade antiga”, define.

TRANSMISSÃO - O Seminário continua nesta quinta-feira (21), a partir das 8h30, com transmissão online pelo portal da PCR (www.recife.pe.gov.br) e pelo link http://bit.ly/SeminarioAoVivoDia21. Entre os demais nomes que fazem parte da lista de palestrantes estão Silvio Zancheti (UFPE); Hermano Fabrício Queiroz (IPHAN/DF); Leonardo Barci Castriota (UFMG); Ceça Guimaraens (UFRJ); Sônia Rabello (UERJ - Lincoln Institute of Land Policy); Vanessa Gayego (FAU PUCC-Campinas); Daniel Gaio (UFMG) e Fernando Carrión (FLACSO-Ecuador).