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O prefeito João da Costa e parceiros conheceram detalhes do projeto da artista Bia Lessa, e visitaram as obras do edifício histórico

A Prefeitura do Recife e a Fundação Roberto Marinho (FRM) apresentaram na tarde desta quinta-feira (26), as atividades planejadas e o projeto museográfico do Paço do Frevo. O prefeito do Recife, João da Costa, e a gerente de Patrimônio da FRM, Lúcia Basto, estiveram presentes no evento, que contou com a presença do secretário de Cultura, Renato L; da presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Luciana Félix; do secretário de Controle, Desenvolvimento Urbano e Obras, Amir Schwartz; da secretária de Gestão e Planejamento, Evelyne Labanca; do secretário de Comunicação, Erick Carrazzone; e da secretária especial de Relações com a Imprensa, Ceça Britto.

O complexo cultural será direcionado à difusão, pesquisa, lazer, capacitação e apoio profissional na área da dança e música do frevo e tem lançamento previsto para fevereiro de 2012. “Quero agradecer a todos os parceiros envolvidos nesse projeto, pois sem eles seria impossível fazer acontecer mais um sonho que, como prefeito, tenho a felicidade de realizar. Estou muito feliz pois acho que esse projeto identifica o principal protagonista do frevo que é o povo”, afirmou o prefeito João da Costa.

O projeto museográfico, idealizado pela artista Bia Lessa, foi apresentado por ela mesma. “Agradeço muito a toda equipe da Secretaria de Cultura que me ajudou a mergulhar no frevo, que é tão rico e tão complexo”, comentou Bia. “O projeto capta toda a diversidade do frevo, resgatando o passado ao mesmo tempo em que abre perspectivas para se planejar o futuro do ritmo”, disse o secretário de Cultura, Renato L.

O edifício que sediará o Paço do Frevo está sendo totalmente recuperado, de acordo com o projeto de adaptação e recuperação da Grau Arquitetura. O imóvel faz parte do complexo turístico das cidades de Recife/ Olinda, e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan) desde 1998. Até 1973, o edifício sediava a Western Telegraph Company. Com orçamento de R$ 11,7 milhões, e ainda R$ 2,8 milhões investidos diretamente pela Prefeitura em ações como a desapropriação do prédio e a compra de acervo, mobiliário e equipamentos, o Paço do Frevo teve suas obras iniciadas em março de 2010.

O espaço será uma referência cultural, arquitetônica e histórica para todo o País, contribuindo para perpetuar a riqueza do frevo, um dos principais ícones da identidade pernambucana, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro.

O Paço do Frevo é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, com criação e realização da Fundação Roberto Marinho, patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), Instituto Camargo Corrêa, Instituto Votorantim, Itaú, Rede Globo, e apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura.

Atividades – O funcionamento do Paço do Frevo foi planejado por um grupo de trabalho formado por diversas profissionais da Prefeitura do Recife, vinculados à Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife. Em encontros periódicos, o grupo elaborou um plano de atividades para atender aos objetivos de promover a valorização, preservação e difusão da memória do frevo; fomentar o turismo; propiciar a informação através da música e da dança, enquanto referência cultural; e promover a capacitação profissional nas áreas de abrangência do frevo.

Para atuar nestas vertentes, o Paço do Frevo contará com Centro de Documentação, museu com espaços para exposição permanente e temporária, cursos profissionalizantes de música e dança, estúdio de gravação de áudio, rádio Frevo Online, palco para apresentações artísticas e bistrô. Confira abaixo detalhes sobre a estrutura e o funcionamento das atividades.

Museografia - A edificação com arquitetura em estilo eclético, construída no século 19, tem área total de 2.262m2, divididos em quatro pavimentos. “O Paço tem uma cara própria, única. Seu projeto une aspectos muito interessantes: uma escola, um centro de difusão do frevo, um centro de documentação e um espaço expográfico”, explica Bia.

Logo ao entrar no prédio, o público vai encontrar uma sala coberta de fotografias tipo 3x4, que mostra apenas o rosto das pessoas, das paredes ao teto. Os retratos dessa multidão “anônima” que de alguma maneira contribui para perpetuar e preservar o frevo vão reforçar a ideia de que a arte é feita pelo povo e para o povo. Nesse mesmo espaço, serão apresentados vídeos sobre o ciclo anual do frevo, mostrando desde a fabricação das roupas até o resultado apresentado nos desfiles.

Em seguida, vem a sala da linha do tempo, que retrata desde o surgimento do frevo até o seu formato atual, com estilos e modalidades próprias. Ainda no térreo, será instalado um centro de documentação, responsável por abrigar um grande acervo sobre o tema e sobre a arte popular brasileira em geral.

O primeiro andar será dedicado à música, com salas de aula, uma rádio – pérola do projeto, que será responsável por difundir, preservar e acolher novos registros do frevo, gerando um rico acervo para a instituição – e um estúdio. Já o segundo será dedicado à dança, também com salas de aula e um espaço para a realização de oficinas de adereços e figurino.

No terceiro e último pavimento, de onde é possível avistar quase toda a Cidade e o mar, serão instaladas duas salas temáticas: uma sobre o passo do frevo – voltada à história dos passistas, da capoeira e das diferentes escolas de frevo; e outra dedicada à música – que vai apresentar os compositores, as letras e os diferentes tipos de frevo: de rua, de bloco, frevo-canção, frevo de abafo, frevo de salão, entre outros.

Além desses dois espaços, um amplo salão vai traduzir a alegria e o colorido dessa arte, “a ressurreição e morte do frevo e do carnaval a cada ano”, em todos os seus aspectos. O público vai poder acompanhar a história do frevo e entender sua importância para a arte popular brasileira por meio de um passeio por fotos da Cidade, que inclui imagens das fachadas das agremiações e seus interiores; dos ensaios de música e de dança; da confecção dos desfiles, mostrando todo o trabalho de artesãos, bonequeiros e do comércio; dos três maiores e mais tradicionais ícones do carnaval pernambucano, O Galo da Madrugada, A Noite dos Tambores Silenciosos – que mescla maracatu – e O Homem da Meia-Noite; do carnaval de clube e das elites; e dos grandes concursos.

No teto dessa grande sala, os nomes de todas as agremiações registradas até hoje serão pintados. “Todo o carnaval estará sob esse guarda-chuva das agremiações, que é igual a reunião de pessoas – familiares, vizinhos, amigos –, confraternização”, diz Bia. E ainda, outras fotos tipo 3x4 de “anônimos” do frevo vão envolver as fotos maiores e todo o restante das paredes dessa sala. “Nossa ideia é mostrar que o frevo é de cada uma dessas pessoas, e o povo é que forma essa arte”, conclui Bia. “As fotos terão um picote e poderão ser destacadas e levadas para casa, como se formassem um grande álbum ilustrado por todas essas pessoas”, completou.

Tudo que está no museu foi tirado de livros, teses e jornais, depois de uma vasta e profunda pesquisa. “A principal proposta do Paço é ser um lugar que valorize o frevo enquanto cultura, mas não só ligada ao carnaval. A intenção é que abrigue o frevo o ano inteiro”, conclui Bia Lessa.

Funcionamento:
Centro de Pesquisa e Documentação
- Acervo bibliográfico (livros, folhetos, teses, dissertações, monografias, periódicos)
- Acervo audiovisual (DVDs, fitas, VHS, LPs e fitas cassete)
- Acervo iconográfico (fotografia impressa e digital)
- Acervo hemeroteca (jornais)
- Acervo partituras de frevo
- História oral (transcrições)

Museu
- Exposição permanente
A exposição permanente é uma criação e execução da equipe da diretora artística Bia Lessa e contemplará, de forma expositiva, os vários conteúdos que formam a história do frevo enquanto dança e música. A exposição permanente será montada nos primeiros e quarto pisos do Paço do Frevo.

- Exposições temporárias
As exposições temporárias terão lugar no terceiro piso do equipamento cultural e abordarão o universo do frevo, seus principais personagens e expressões.

Capacitação e apoio profissional
- Curso de Música
Instrumentos: saxofones (alto, tenor e barítono), trompete, trombone, tuba, baixo eletrônico, percussão (bateria, pandeiro, ago-gô, caixa, surdo, ganzá), violão, cavaquinho e banjo.
Pré-requisitos: Idade mínima de 15 anos, escolaridade nível fundamental completo ou no último ano, e aprovação nos testes teórico e prático.

- Curso de Dança
O foco do curso é a criação de mecanismos que contribuam para a preservação dos métodos da dança do frevo, legitimadamente chamado passo, assim como a criação e difusão de novas técnicas de movimento do corpo. Serão quatro turmas para crianças, três turmas para adolescentes e duas turmas para adultos.
Atividades
1) Formação técnica para novos dançarinos de frevo;
2) Apresentações Artísticas da Cia de Dança da Escola de Frevo do Recife;
3) Aperfeiçoamento Teórico e Prático da Cia de Dança da Escola de Frevo do Recife através de pesquisas práticas e teóricas.

- Estúdio de Gravação
Na cadeia produtiva da música, uma das maiores deficiências, no Recife, é a quantidade de estúdios de gravação que atenda a demanda do segmento com qualidade e preço acessível. O estúdio de gravação no Paço do Frevo surge com o propósito de preencher essa lacuna no cenário da música pernambucana. Um investimento desse porte, que possibilita a gravação de trabalhos com uma orquestra inteira (aproximadamente 30 músicos) contribui para a valorização e a difusão do frevo, de maneira considerável.

Rádio Frevo Online
Funcionará 24 horas na internet e também será utilizada como rádio ambiente do Paço do Frevo. Além de difundir a produção dos compositores de frevo, a rádio Frevo Online realizará entrevistas e divulgará agenda de eventos relacionados ao frevo.

Lazer
- Bistrô
- Palco para apresentações artísticas