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Mulher | 26.05.14 - 10h26

Tráfico de pessoas e violência de gênero foram temas de formação com os voluntários da Copa

Voluntários assistiram ao filme "Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado", que relata o turismo sexual, dentro e fora do país, e a exploração de crianças e adolescentes. (Foto: Irandi Souza/PCR)

Tráfico de pessoas, violência contra a mulher, homofobia e exploração sexual de crianças e adolescentes foram os diversos temas abordados na formação presencial dos integrantes do programa Brasil Voluntário, no último sábado (24) e domingo (25), no salão nobre da Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE), no bairro de Dois Irmãos. A capacitação foi promovida pela Secretaria da Mulher do Recife; Desenvolvimento Social e Direitos Humanos; Secretaria da Mulher de Pernambuco; Criança e Juventude; Esportes e Copa do Mundo e Extraordinária da Copa.

Os voluntários assistiram ao filme Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado, de Joel Zito Araújo, que relata o turismo sexual, dentro e fora do país, e a exploração de crianças e adolescentes. Após o documentário, a advogada do Centro de Referência Clarice Lispector, Jamile de Oliveira, exemplificou dados sobre violência de gênero. "A violência contra a mulher é a principal causa de morte e deficiência de mulheres de 16 a 44 anos. Mata mais que câncer. Vocês têm que estar em mente que o tráfico e a exploração não é algo distante e nem acontece apenas com as outras pessoas. Precisamos estar atentos", relatou a palestrante.

Dentre os dados apresentados, 2,4 milhões de pessoas são traficadas por ano, 98% desse número são pessoas do sexo feminino. O mercado do tráfico mobiliza 30 bilhões de dólares. Também foram apresentados, no encontro, os índices de assassinatos de travestis e transexuais. Segundo os números, o Brasil é responsável por 39,8% das mortes no mundo, grande parte desse número tem como motivo apenas o preconceito. Jamile ressaltou, no encontro, como a violência de gênero ainda é maior quando se trata de mulheres negras. "A violência ainda é mais presente na vida das mulheres negras. De acordo com as estatísticas, elas morrem 48% a mais do que as brancas", disse.

A gerente de promoção dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Recife, Cassilda Medeiros, comentou que a formação era uma oportunidade para estimular que os voluntários sejam vigilantes naturais. "Eles não podem desviar o olhar. Precisamos que fiquem atentos ao abuso sexual de crianças e adolescentes e ao trabalho infantil", finalizou. Logo após a apresentação, houve uma plenária para que os voluntários pudessem tirar suas dúvidas sobre os temas.

Para Alexandra dos Santos, participante do Brasil Voluntário, a inclusão de temas sociais na formação presencial foi um marco, já que esses temas não são discutidos abertamente. "Acredito que iremos ajudar a combater esses crimes. Eu já era voluntária e esse tipo de discussão ficava restrito a alguns grupos específicos, quando se abre a discussão é bem melhor. É como se o Brasil estivesse dizendo que quer respeito, que as mulheres precisam de respeito", pontuou.