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Direitos Humanos | 28.07.15 - 17h30

Combate ao Racismo Institucional foi o tema do debate em homenagem ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

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A data, comemorada no dia 25 de julho, foi marcada por uma série de ações educativas realizadas pela Prefeitura do Recife, entre rodas de diálogo, exibição de filmes, debates, espetáculos culturais. A programação foi encerrada nesta terça-feira (28). (Foto: Carlos Augusto/PCR)

 

Na manhã desta terça-feira (28), a Prefeitura do Recife, por meio da Gerência de Igualdade Racial da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SDSDH), e do Programa Servidor de Valor, da Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas, promoveu um diálogo com as servidoras, em especial as mulheres negras, no hall da PCR, para debater entre outros temas, o combate ao racismo institucional. Em seguida, foi servido um café da manhã para o público que marcou presença e lotou o espaço reservado ao evento.

A ocasião marcou o encerramento da programação voltada ao 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, bem como o Dia Nacional de Tereza de Benguela, militante e liderança quilombola no Mato Grosso, figura de extrema importância para o movimento negro, expoente da luta e empoderamento da mulher negra na sociedade brasileira. Tereza foi uma das homenageadas dessa semana de atividades, junto a Selma do Coco e Lélia Gonzalez, outra militante autora de estudos sobre feminismo e o corpo negro.

Abrindo o diálogo, a mesa contou com a presença de representantes das secretarias parceiras da iniciativa como Meio Ambiente, Educação, Administração e Gestão de Pessoas, além da própria SDSDH. Esta última, representada pela titular da pasta, Ana Rita Suassuna, que deu as boas vindas e ressaltou a importância da parceria entre as secretarias por se tratar de um tema transversal, para o fortalecimento do programa de combate ao racismo institucional da PCR.

“A importância de estarmos aqui hoje é para marcar a data, o 25 de julho, como um símbolo da luta pelo fortalecimento contra a vulnerabilidade e preconceito a que estão submetidas às mulheres e homens negros na sociedade”. Ela explicou que, desde o dia 23 de julho a PCR vem realizando ações de diálogo, oficinas, espetáculos culturais, dentre outras atividades voltadas ao tema. "Isso porque sabemos que o nosso processo de reconstrução histórica desde a escravidão é pautado na discriminação e no machismo e essas ações pretendem desfazer essa prática”, pontuou.

De acordo com Samuel da Luz, à frente da Gerência de Igualdade Racial (GERIR), o racismo institucional está presente no cotidiano das mulheres negras e os órgãos precisam enfrentar o tema através de suas ações. “Quanto mais segrega, mais amplia-se o fosso do racismo. Ser mulher, negra, lésbica, latina na nossa sociedade é algo que carece de ações de fortalecimento e empoderamento”, afirmou.  

Para discutir a atual condição da mulher negra na sociedade e o racismo institucional presente, socialmente travestido nas relações, foram convidadas as palestrantes Bernadete Azevedo, do Ministério Público de Pernambuco (MPPE); a capitã Lúcia Helena, GT Racismo da PMPE/SDS; Marta Rosana, GT Racismo PCPE/SDS; a professora Dayse Moura, da NEABI/UFPE; e Gal Almeida, da Fundarpe. Em comum nas falas das palestrantes estava a resistência, a luta e o embate cotidiano contra violações surgidas das mais variadas formas. Seja no ambiente acadêmico, social, cultural, religioso, o que se percebe é a força e a atuação ininterrupta dessas mulheres em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Como citou a capitã Lúcia Helena: “Sofria preconceito por ser a primeira negra da turma no Colégio Militar. Pois negra é tida como burra”. Ou nos relatos da roda de diálogo conduzida pela professora Dayse Moura onde "resiliência", "força" e "guerreira" foram as palavras mais utilizadas quando questionadas sobre o que é ser negra.

A dificuldade em se assumir negra, primeiro para si, depois socialmente, foi um dos pontos levantados por Bernadete Azevedo, do MPPE. Algo mais comum do que se imagina dado o preconceito e discriminação que sofrem essas mulheres, onde a negação faz parte do mecanismo de defesa. São inúmeros os exemplos e citações em comum vivenciadas pelas palestrantes. Nos depoimentos, o retrato de uma sociedade ainda machista e preconceituosa. Ficam os esforços de todas em fazer diferente, apostando na educação como ferramenta eficaz e necessária para a mudança desse cenário. Fica o recado que emocionou o público e simboliza a resistência dessas mulheres. “Nunca irão me ver cair no chão!”.