Classe hospitalar completa dois anos com 36 alunos aprovados e seis alfabetizados
A classe hospitalar Semear, parceria entre a Prefeitura do Recife, o Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco (GAC-PE) e o Instituto Ronald McDonald, completa dois anos de funcionamento com 36 alunos que passaram de ano e seis alfabetizados. A iniciativa é inédita em Pernambuco e funciona no Centro de Onco-Hematologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Ceonhpe/Huoc), em Santo Amaro, com o objetivo de restabelecer o direito social básico à educação e manter o vínculo escolar da criança com câncer.
A primeira classe hospitalar de Pernambuco foi implantada em março de 2015 e, em seu primeiro ano, fez com que 19 alunos passassem de ano em suas escolas de origem e quatro fossem alfabetizados. Já em 2016, segundo ano do trabalho, 17 alunos com câncer passaram de ano e dois outros aprenderam a ler. "A avaliação é muito positiva, tanto no processo de implantação do projeto quanto no desenvolvimento do trabalho pedagógico. Buscamos não ser apenas um espaço de aulas, mas sobretudo assegurar o direito à continuidade da escolarização", afirma o diretor-executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, Rogério Morais.
“Ainda bem que, com a classe hospitalar, encontrei apoio e atenção para estudar. Quando a doença foi descoberta, em agosto de 2015, pensei logo nos estudos. Graças a Deus, estou no tratamento e tendo aulas até hoje”, conta a aluna Paula Larriane, do 6° ano, natural de Paulo Afonso (BA). A presidente do GAC-PE, Vera Morais, considera que o ganho com a Semear é imensurável. "A iniciativa trouxe a certeza para pacientes e familiares de que existe uma esperança na luta contra o câncer, até porque não iríamos oferecer uma continuidade dos estudos se não acreditássemos no sucesso do tratamento", destaca.
No total, a Semear já atendeu 58 alunos, sendo 28 no primeiro ano e 30 em 2016. A sala de aula hospitalar, que é um tipo de atendimento educacional especializado, funciona numa sala do 5º andar do Huoc, onde se encontram alguns dos leitos de enfermaria para internamento. O espaço tem capacidade para oito alunos por vez. "É importante destacar que a iniciativa está amparada em decreto e instrução normativa, que definem e regulamentam o trabalho. Com a legislação, a classe hospitalar deixou de ser apenas um projeto e passou a ser uma modalidade de Educação Especial", acrescenta Cristiane Rose Pedrosa, professora da classe hospitalar e especialista em Pedagogia Hospitalar e Psicopedagogia.
FUNCIONAMENTO - Os pacientes que estão internados no Ceonhpe têm aulas regulares de português, matemática, ciências, geografia e história. Batizada de Semear, a sala de aula multisseriada engloba estudantes e conteúdos das mais diversas séries da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, com idade entre 4 e 15 anos.c
As crianças internadas, a maioria delas do interior de Pernambuco, têm direito aos mesmos recursos pedagógicos utilizados nas demais escolas municipais do Recife, como tablets, kits de robótica de encaixe da Lego, mesas educativas que auxiliam a alfabetização, jogos matemáticos (dominós, ábacos, calculadoras e jogos de encaixe) e também kits de literatura com livros de contos, fábulas e poesias; tudo adequado para crianças hospitalizadas.