Espetáculo A Rã fecha a Semana Hermilo
Montagem do Coletivo Caverna, escrita a partir de conto de Hermilo Borba Filho, encerrou, na noite de ontem, a programação preparada pela Prefeitura do Recife para celebrar o centenário de um dos principais nomes da literatura e do teatro nordestinos
Terminou ontem, com a apresentação da peça A Rã, do Coletivo Caverna, a programação preparada pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, para celebrar o centenário de Hermilo Borba Filho, autor, encenador, professor, crítico e ensaísta, que usou todas as cores da cultura popular nordestina para imprimir sua pulsante e profícua obra.
Baseado no conto A Rã, escrito por Hermilo, o premiado espetáculo conta apenas com dois atores em cena para narrar o fantástico enredo de uma rã que se agiganta para perseguir e devorar uma mulher. Sem fazer uso de arquibancada, a encenação é itinerante, conduzindo o público por um labirinto de emoções e histórias, luzes e sons, onde o cenário é o grande protagonista do porvir.
"Hermilo não se encerra. Nunca vai terminar. O espetáculo A Rã, escrito e encenado por jovens, é a prova dessa imortalidade", celebrou Carlos Carvalho, diretor do Centro de Formação e Pesquisa em Artes Cênicas Apolo-Hermilo e curador da Semana Hermilo. "Nos próximos dias, as celebrações ao centenário de Hermilo se transferem para Palmares, sua cidade natal. Mas depois retornaremos as comemorações ao centenário no Recife. Só vamos parar de festejá-lo daqui a um ano, quando começaremos tudo novamente, para comemorar 101 anos. Somos semente e fruto de Hermilo. Ele está vivo em todos nós", disse a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, viúva do autor.
Montada em parceria com a Secretaria de Cultura de Pernambuco e a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), a celebração a um dos maiores romancistas e homens de teatro que o Nordeste já produziu, começou no último dia 8 e contou com espetáculos teatrais, leituras dramáticas, apresentação de cavalo marinho, filmes e com exposição sobre Hermilo e seu legado, que conta com fotos, escritos originais, livros e até uma máquina de escrever usada por ele. A exposição segue em cartaz pelos próximos doze meses, no Teatro Hermilo Borba Filho.
O público aprovou a programação. "Hermilo é necessário. Sua obra fala de nós, de nossas raízes, nossa cultura e nossas tradições. Ele é nossa história e precisamos preservá-la ao máximo", disse o professor Jairo Ferreira. "Num país que não tem memória, uma semana de atividades para celebrar um autor como Hermilo é uma grande iniciativa. Precisamos conduzir Hermilo ao futuro, aproximá-lo das novas gerações", comentou a atriz Zuleika Ferreira, célebre por ter interpretado Maria Bonita, no filme Baile Perfumado.
Sobre Hermilo – Um dos autores e homens de teatro mais atuantes e inventivos do Nordeste, Hermilo Borba Filho, nascido no Engenho Verde, da cidade de Palmares, em 1917, tinha enorme e declarado apreço pela cultura e pelas tradições nordestinas. Escritor, encenador, professor, crítico e ensaísta, foi diretor artístico do Teatro do Estudante de Pernambuco e fundador do Teatro Popular do Nordeste, além de ter deixado uma profícua produção literária, de Palmares para sempre.