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Até o final deste mês, o professor de educação física Thiago Higino, 30 anos, dará o maior passo da sua carreira como lutador de jiu-jítsu. Ele foi selecionado, junto com outros 149 instrutores brasileiros, para dar aulas da arte marcial em escolas e para as Forças Armadas dos Emirados Árabes. Treinando desde os 18 anos, ele passou cerca de 10 anos aperfeiçoando sua técnica no projeto social do Alto Santa Terezinha, que, este ano, irá funcionar no novo Centro Comunitário da Paz (Compaz) do bairro.

Desde que começou a praticar jiu-jítsu, Thiago sempre soube que poderia alçar voos altos através do esporte. "No começo foi difícil, minha mãe e minha irmã não me apoiavam muito, pois ficavam preocupadas que eu me machucasse. Isso só mudou quando elas perceberam que eu estava me dedicando de verdade", conta. Através do professor Daigo Rodrigues, Thiago conheceu o projeto de artes marciais do Alto Santa Terezinha. Na época, já cursava educação física na Universidade de Pernambuco e passou também a colaborar com a iniciativa. Logo virou instrutor e hoje já tem sua própria academia de artes marciais, no bairro de Beberibe.

O faixa preta já conquistou títulos em competições regionais, estaduais, nacionais e internacionais. O novo desafio, no entanto, é um dos maiores de sua carreira. "Quando soube da seleção do governo dos Emirados Árabes, vi que eu preenchia vários pré-requisitos, como experiência em projetos sociais e como professor, além de conhecimento da língua inglesa", conta Thiago. Ele foi até o Rio de Janeiro onde participou de testes, entrevistas e demonstrações. O resultado saiu no final de janeiro e ele embarca nos próximos dias. "Foi tudo muito rápido, mas estou preparado. Sempre pensei que, por conta do jiu-jítsu, teria oportunidade de morar em outro país. Me dediquei muito para isso". O contrato será de um ano, mas poderá ser renovado, de acordo com sua adaptação.

Para o professor Daigo Rodrigues, a história de Thiago incentiva ainda mais os cerca de 200 meninos e meninas que participam das aulas de artes marciais no Alto Santa Terezinha. "Muitos dos alunos acabam virando professores no próprio projeto. Ficamos sempre cobrando que eles frequentem a escola e que tirem boas notas para continuar. Quando o Compaz estiver pronto, vamos poder atingir um público bem maior", afirma Daigo.