Professores e gestores trocam experiências de sala de aula na 1ª Expoeducação do Recife
Professores e diretores de creches e escolas municipais do Recife tiveram um dia de troca de experiências de sala de aula durante a 1ª Expoeducação do Recife - Letramento e Tecnologia, realizada nessa segunda-feira (22), no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem. O grupo apresentou trabalhos desenvolvidos com os alunos e compartilhou as práticas exitosas relacionadas ao Programa de Letramento do Recife (Proler) e aos projetos ligados a esse fio condutor, como o Aprende Brasil, as Mesas Interativas, Nas Ondas da Leitura, Robótica na Escola e Mente Inovadora. Os programas, assim como o evento dessa segunda, são desenvolvidos através de parceria da Secretaria de Educação do Recife com a Editora Positivo, Positivo Informática (GM Quality), Editora IMEPH, LEGO Zoom Education e Mindlab, respetivamente.
Durante a manhã, o Parque ficou tomado de crianças. Os estudantes das Escolas Municipais Engenho do Meio, Compositor Capiba, Sede da Sabedoria, Ladjane Bandeira, Divino Espírito Santo, Presbítero José Bezerra, Mércia de Albuquerque e Creche-escola Oito de Março participaram de contação de histórias, apresentação musical e espetáculo de mágica no Teatro Luiz Mendonça e também num trailer da Editora Imeph montado na área externa do parque. No caminhão repleto de livros do Projeto Nas Ondas da Leitura, Sophia Mirela Carmiro, 9 anos, aluna da Escola Municipal Compositor Capiba, localizada nos Torrões, contou o quanto sente prazer em ler. “Li uns sete livros de historinhas esse ano. Não acho difícil ler. Gosto muito dos livros da escola”, disse a estudante do 5º ano.
À tarde os trabalhos foram abertos por um coral formado por 50 crianças das creches Dona Lucy, Flor da Guabiraba e Tia Emília, sob o comando do professor Marco Aurélio Jardim. Os pequenos encantaram o público com os clássicos natalinos Bate o sino, Borboleta pequenina, O velhinho, Vem chegando o natal e Quero ver você não chorar.
Antes do início dos relatos de experiências, o secretário-executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, Rogério Morais, destacou o livro A escada até a lua, produzido por seis estudantes da Escola Presbítero José Bezerra, do bairro da Macaxeira, sob orientação da professora Nathalie Sena. Com a obra a docente ganhou o segundo lugar na 20ª edição do Ciência Jovem deste ano, na categoria Educação Cientifica (para professores). O trabalho foi relacionado ao Ondas da Leitura, cuja ideia central é fazer com que os estudantes leiam um livro por mês e recontem as histórias, começando a trilhar os caminhos da autoria.
“Para que nossos alunos se tornem escritores é preciso dar a eles oportunidade. Eles podem sonhar muito alto e nós devemos sonhar junto com eles. Dar essa oportunidade depende da Secretaria de Educação, dos diretores e dos professores”, afirmou Rogério Morais.
A criadora e coordenadora do Proler, Enivalda Rezende, disse que todos os projetos ligados de alguma maneira à alfabetização giram em torno do Proler, que funciona como o grande “guarda-chuva” da Rede Municipal de Ensino do Recife. A meta é fazer com que as crianças aprendam a ler, escrever e interpretar textos até os 6 anos de idade – dois anos a menos do que o preconizado pelo Ministério da Educação (MEC).
“O Proler partiu de um incômodo com os altos índices de analfabetismo funcional. Na avaliação diagnóstica que fizemos com 32 mil alunos das turmas de 3º ano, constatamos que 68% deles ainda estavam na fase pré-silábica. Isso era uma vergonha, uma tristeza. Elaboramos um curso de formação teórico – prático para começar a estimular os docentes a mudar essa realidade. Os livros, materiais de apoio e as mesas interativas dos nossos parceiros são de primeira qualidade e nos ajudam a alcançar nosso objetivo de garantir a alfabetização das crianças”, avaliou Enivalda, que coordena o Proler junto com a professora Valéria Marques.
Já a diretora Sandra Carla Pereira falou da ajuda das mesas interativas na alfabetização das crianças da Creche-escola Oito de Março, no Ibura. Em parceria com a Positivo Informática, a Prefeitura do Recife já instalou 273 mesas na Rede Municipal, distribuídas em 69 escolas, oito Unidades de Tecnologia na Educação (Utecs) e no Centro de Formação de Educadores Professor Paulo Freire.
“Os trabalhos com as mesas interativas e com os livros paradidáticos causam frisson entre os nossos alunos. Tudo que é novidade é atrativo pra eles. Quando começamos a usar os equipamentos, os meninos eram muito dependentes, não sabiam como mexer. Hoje eles já são autônomos. Agradeço muito à Positivo porque os recursos vieram se somar à nossa prática pedagógica”, disse a gestora.
A professora Almerina, da Escola Municipal João XXIII, na Iputinga, destacou a experiência da unidade de ensino com o programa Aprende Brasil, desenvolvido pela Secretaria de Educação em parceria com a editora Positivo. O projeto consiste em um sistema de ensino que oferece um conjunto de soluções para potencializar a qualidade da rede pública de ensino. Os conteúdos de um ano dão continuidade aos do período anterior, garantindo uma aprendizagem progressiva, articulada e interdisciplinar para os alunos do município.
“Lá na escola os projetos acontecem porque existe engajamento. Que venham mais programas para enriquecer o nosso trabalho e assim nós possamos dar resultados positivos à rede”, afirmou a docente.
Já Camila Veruska da Silva, diretora da Escola Municipal Maestro Nelson Ferreira, do Ibura, disse que os professores conseguem integrar os trabalhos do Proler e do Aprende Brasil com as atividades do Programa Robótica na Escola. “Os alunos gostam muito dos livros da Positivo. São bem elaborados e bem ilustrados. Depois de ler, eles constroem com as peças Lego o que aprenderam nos livros. O material da Lego facilitou muito o trabalho em equipe, principalmente entre as crianças mais tímidas”.
Ana Cláudia Fialho, diretora da Creche-escola Albérico Dornelas, localizada no edifício-sede da PCR, falou sobre o projeto MenteInovadora, da Mind Lab, que utiliza jogos de raciocínio para estimular os alunos a aprender a pensar de forma criativa, planejar e tomar decisões, competir de maneira saudável e lidar com as emoções. O projeto é desenvolvido nas 36 escolas que têm turmas de Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e em duas creches de forma experimental, para alunos da Educação Infantil.
“Os jogos foram uma ferramenta importante para o desenvolvimento das crianças. Notamos uma melhoria significativa na aprendizagem. As 50 crianças que participam do MenteInovadora na nossa creche aprenderam a viver situações de vitória e derrota, de acerto e de erro, a lidar com as emoções e a viver situações de cooperação e competição; tudo dentro de um contexto de ludicidade e estímulo ao raciocínio lógico e matemático. Percebemos o fortalecimento do vínculo professor x aluno, estímulo ao silêncio e à concentração e um estreitamento dos laços familiares, já que os alunos levam os jogos para brincar com as famílias em casa”, relatou a gestora.
A Expoeducação terminou com um bate-papo entre os professores Emília Cipriano, que é doutora em Educação, e César Nunes, doutor em Filosofia e História da Educação. Para este último, os projetos não podem ser tocados ao bel prazer de cada escola; é preciso que estejam integrados a um planejamento global da Rede Municipal de Ensino.
“É necessário ser conduzido por um eixo pedagógico que articule o Proler, o Ondas da Leitura e o que mais o município quiser oferecer às crianças. Vocês estão no rumo certo. Quero parabenizar as escolas que estiveram aqui presentes porque podemos notar que os alunos de vocês de fato são os protagonistas. O aluno é o sujeito fundamental e o professor é o mediador entre o estudante e os livros, filmes, materiais da Lego, os slides e tudo mais. Sem o docente nenhum material didático se estabelece.”
A educadora Emília Cipriano, que esteve presente no Recife no início do ano, no lançamento do Proler, falou da diferença que encontrou no retorno à cidade. “No começo notei algumas resistências e inseguranças. Passada essa fase, chegamos a esse momento de celebração da aprendizagem, de avaliar o que aprendemos durante o ano. Nós professores devemos exercitar mais a capacidade de socializar nossas práticas e projetos. Ter um evento desse para ouvir nossos pares representa uma mudança enorme. Na hora que socializamos, conseguimos trocar ideias e nos submeter ao olhar crítico dos outros”.