Quinteto Violado encerrou as Jornadas Gonzagueanas
Durante o encontro, o grupo contou detalhes da longa carreira e presenteou o público cantando alguns de seus sucessos
Histórias, situações inusitadas, dificuldades, sucessos e emoções que compõem a trajetória dos 40 anos de existência do Quinteto Violado foram visitadas na noite desta quinta-feira (16), por quem assistiu ao terceiro encontro das Jornadas Gonzagueanas, no Centro Cultural dos Correios. O evento faz parte da programação do Ciclo Junino realizado pela Prefeitura do Recife.
O grupo, homenageado do São João do Recife, relembrou diversos momentos importantes desde a primeira formação em 1971. “Sempre nos perguntam como é que conseguimos alcançar tanto tempo de convivência, de existência. Eu digo que é porque somos um grupo de verdade, estamos juntos em tudo, não há uma estrela, um principal”, comenta o violonista e cantor, Marcelo Melo.
O Quinteto (com suas diversas formações) consagrou-se no Brasil e destacou-se também fora dele, alcançando sucesso em países como Alemanha, Síria, Suriname e Cabo Verde, este último, onde gravaram um CD com músicas locais. “Certa vez, estávamos na Alemanha fazendo uma apresentação, e de repente chega uma família e pede: toca a Missa do Vaqueiro! Eles contaram que um parente veio ao Brasil, conheceu a música e apresentou pra eles. Isso nos emocionou muito”, conta Dudu Alves, tecladista.
Entre uma passagem e outra, o público conheceu um pouco mais dos músicos da formação atual (Marcelo Melo, Luciano Alves, Sandro Lins, Dudu Alves e Roberto Medeiros) e da carreira que completa quatro décadas de sucesso, além de ouvirem algumas canções gravadas pelo grupo. O Quinteto lança este ano o projeto Lá Vêm os Violados: Quinteto Violado 40 Anos, que inclui um livro (escrito pelo jornalista pernambucano José Telles), CD, DVD e exposição iconográfica. Ainda na programação do São João do Recife, o grupo apresenta-se na Praça do Arsenal, dia 23, às 21h30.
O Quinteto Violado - Em 1971 surgiu em Pernambuco um grupo musical que traçava um novo caminho para a MPB. Diante da indecisão no cenário da música nacional, após a irrupção do movimento tropicalista, o Quinteto Violado apresentava uma proposta fundamentada nos elementos musicais da cultura regional, através de trabalhos de pesquisa e da própria vivência de cada um dos seus integrantes, originários da região Nordeste do Brasil.
Conseguindo extrair das mais simples manifestações populares a sua essência rítmica e melódica, o grupo criou uma nova concepção musical, cujo traço fundamental é a interação entre o erudito e o popular, sem desfiguração, reafirmando a idéia de que toda arte é sempre a universalização do popular. Com excepcional criatividade e talento, o Quinteto Violado, em seu disco de estréia, talvez nem sequer imaginasse que, muito mais que uma nova roupagem orquestradora, estava produzindo a semente de uma mudança no modo de sentir e expressar a música brasileira.
Já são 40 anos de trabalho, onde se intercalam pesquisas, espetáculos, discos, festivais e excursões internacionais. A saga do Quinteto percorrendo o Brasil inspirado numa filosofia mambembe, desde o sul, com toda a sua influência nativista, até a Amazônia, onde os ritmos e sons da natureza falam mais alto, está hoje registrada em livro, vídeo e mais de 47 discos lançados no Brasil e no exterior. Além da memória, fixada em mais de um milhão de quilômetros percorridos em estradas brasileiras, conquistando e despertando o interesse das mais variadas platéias, que representam a motivação maior para sua caminhada. Hoje, há um amadurecimento cultural e profissional do grupo, que se mantém dinâmico em seu trabalho e com a consciência crítica de que não se acomodou ou fez concessões aos modismos da indústria cultural.