MAMAM recebe novo espetáculo do Grupo Magiluth
Celebrando toda a potência de criação, transformação, provocação e mobilização social que um museu pode e deve ousar alcançar para muito além de suas paredes, portões, acervos e exposições, o MAMAM (Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães) está inaugurando uma nova estratégia de atração de público neste combativo mês de maio. Pela primeira vez, o equipamento, mantido pela Prefeitura do Recife, será palco para um espetáculo teatral.
A estreia, no próximo dia 22 de maio, será em dobro: além de inaugurar-se cenário, o museu receberá o aclamado grupo recifense Magiluth, que apresentará pela primeira vez na cidade o espetáculo "Apenas o Fim do Mundo".
Celebrando 15 anos de palcos, o grupo desce deles para montar dentro das instalações do MAMAM o drama do autor francês Jean-Luc Lagarce, em que um homem retorna para a casa da família, décadas depois de sua partida, com a notícia de que sua morte está próxima. “O reencontro se dá em um domingo, ou ainda, ao longo de quase um ano inteiro”, descreve a sinopse escrita pelo grupo.
A peça, com direção de Giovana Soar e Luiz Fernando Marques, será encenada nos dois andares superiores do museu, convidando o público a se deslocar enredo adentro para experimentar desconfortos e agonias dos personagens. O elenco que conduz o público pelas cenas, emoções, ditos e não ditos é formado por: Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Mário Sergio Cabral e Pedro Wagner.
Décimo trabalho do grupo, “Apenas o Fim do Mundo” fica em cartaz de 22 a 26 de maio e de 29 de maio a 2 de junho, sempre às 20h. A cada sessão, o MAMAM comportará 50 pessoas. “O museu vem há algum tempo iniciando esse diálogo com outras linguagens artísticas, mas nunca havíamos recebido apresentações dessa forma”, celebra a diretora, Mabel Medeiros. “Para reafirmar nossos objetivos, valores e missões, estamos comprometidos em nos tornar mais democráticos e provocar diálogos, diminuindo as fronteiras entre as artes visuais e as demais linguagens da arte, ratificando o perfil contemporâneo do museu, estimulando diálogos entre o estabelecido e o experimental, entre a arte moderna e a contemporânea.”
A transformação em curso no museu é também - e talvez até principalmente - de gênero, destaca Mabel. “É urgente a importância de darmos voz às mulheres e tornarmos visíveis as discussões sobre as questões de gênero e questões raciais no país. O MAMAM, enquanto instituição pública, precisa possibilitar a democratização e fomentar esses debates tão necessários.”
Girl’s power - Levando-se em consideração os funcionários do administrativo, do educativo, acervo e biblioteca, o MAMAM tem hoje 77% de sua equipe formada por mulheres. Além disso, para reparar um erro histórico e assegurar voz a quem precisou se calar por muito tempo, o museu está priorizando e celebrando a intensa produção artística feminina na cidade. Atualmente, está em cartaz no museu a terceira exposição consecutiva assinada por uma mulher: “O tempo é implacável”, da mineira Juliana Gontijo.
Com curadoria de Wagner Nardy, a exposição tem nos rios pernambucanos a sua nascente. Em sua estreia na cidade, a artista relata suas impressões e reflexões sobre o sujeito que se percebe em trânsito pelo território, motivadas pelo poema O Rio, de João Cabral de Melo Neto.
“O tempo é implacável” fica em cartaz no MAMAM, até o dia 16 de junho, com visitação gratuita. O público pode conferir o trabalho de Juliana de terça a sexta, das 12h às 18h, e nos sábados e domingos, das 13h às 17h.
O MAMAM fica na Rua da Aurora, 265, Boa Vista. A entrada é gratuita, mais informações: (81) 3355-6871 e e-mail educmamam@gmail.com . Site: https://blogmamam.wordpress.com/
Sobre o espetáculo
APENAS O FIM DO MUNDO
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
À venda no Sympla (https://www.sympla.com.br/magiluth)
SINOPSE
Um homem, ausente há bastante tempo, retorna à casa da família para dar a notícia de sua morte próxima. O reencontro se dá em um domingo, ou ainda, ao longo de quase um ano inteiro.
DIREÇÃO
Giovana Soar Luiz Fernando Marques
DRAMATURGIA
Jean-Luc Lagarce
ATORES
Bruno Parmera
Erivaldo Oliveira
Giordano Castro
Mário Sergio Cabral
Pedro Wagner
TÉCNICO
Lucas Torres
DESENHO DE LUZ
Grupo Magiluth
DIREÇÃO DE ARTE
Guilherme Luigi
FOTOGRAFIA
Cacá Bernardes
Renato Mangolin
Estúdio Orra
DESIGN GRÁFICO
Guilherme Luigi
REALIZAÇÃO
Grupo Magiluth
DURAÇÃO
1h 45min
CLASSIFICAÇÃO
16 anos
GRUPO MAGILUTH
Talvez hoje seja um bom dia para dizer qualquer coisa a alguém. Não sabemos se o amanhã existirá. Quando o Grupo Magiluth surgia na universidade Federal de Pernambuco - UFPE, início dos anos 2000, não sabíamos onde chegaríamos e quanto tempo duraria.
Continuamos sem saber, mas chegamos aos 15 anos de trajetória ininterrupta e nesse tempo a vida se encarregou de construir diversos trabalhos. Foram nove peças montadas, dois livros publicados, festivais produzidos no Recife, além de performances, intervenções urbanas, oficinas e muitos encontros.
Pessoas chegaram e partiram, outras estabeleceram laços. O Magiluth se viu como família para além de tudo. Tudo que foi construído em 15 anos reflete a inquietude que nos é tão presente.
E nos trouxe até aqui. E ainda assim, há muito o que ser dito. Chegou a hora de falarmos sobre o AMOR.