Prefeito Geraldo Julio apresenta Plano de Adaptação do Recife em painel na Conferência Brasileira de Mudança do Clima
Frente aos impactos provocados pelas mudanças climáticas e a vulnerabilidade da capital pernambucana diante dessas transformações, o prefeito Geraldo Julio, presidente para a América do Sul do ICLEI – Rede de Governos Locais Pela Sustentabilidade lançou na Conferência Brasileira de Mudança do Clima (CBMC), o plano de Adaptação Climática do Recife intitulado “Análise de Riscos e Vulnerabilidades Climáticas e Estratégia de Adaptação do Município do Recife”. O plano, apresentado na tarde desta quarta-feira (6), no Arcádia do Paço Alfândega é um instrumento importante para o planejamento urbano sustentável local. Além de Geraldo Julio o painel contou com a presença de Edgar Salinas, executivo de meio ambiente e mudança do clima do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul.
“É preciso entender as vulnerabilidades, os riscos e as consequências que as mudanças climáticas vão causar na cidade nos próximos anos e se preparar para isso. O mundo já está atrasado na redução das emissões de gases do efeito estufa e mais atrasado ainda na adaptação para melhorar a qualidade de vida das pessoas e preservar vidas. Por isso, o Plano de Adaptação é tão importante. Ele vai nos guiar para promover ações efetivas na mitigação das mudanças climáticas”, destacou o prefeito, que foi convidado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para representar o conjunto dos prefeitos da América do Sul na COP 25, levando os resultados da CBMC, para que possa ser incorporados como uma contribuição brasileira.
O Plano de Adaptação Climática reúne 14 medidas de adaptação debatidas com a sociedade e grupo técnico da Prefeitura do Recife para aumentar a resiliência nos pontos mais críticos, o relatório inclui seis principais vulnerabilidades às futuras consequências da mudança climática: inundações, deslizamentos, doenças transmissíveis, ondas de calor, seca meteorológica e elevação do nível do mar. As análises foram divididas pelas seis Regiões Político Administrativas (RPAs) compostas, ao todo, por 94 bairros, com um ranking dos mais afetados pelo clima devido às futuras consequências de sua mudança.
Rodrigo Perpétuo, secretário executivo do ICLEI América do Sul explicou sobre o estudo. “A metodologia segue os critérios das Nações Unidas e os riscos estão dados, como inundações, deslizamentos de terra, aumento do nível do mar, situações que podem acontecer em decorrência da mudança do clima. A diferença é que implantamos uma metodologia participativa, balizamos os dados aferidos com a população, corrigindo a ocorrência dos eventos extremos a partir dos relatos da comunidade”, afirmou.
Entre as medidas de adaptação mapeadas estão modernização das redes de drenagem existentes, requalificação urbana em áreas inundáveis, costeiras e de encosta que possibilitam o enfrentamento de ameaças de inundação e deslizamento; captação, detenção, retenção e uso das águas pluviais com o intuito de ampliar áreas permeáveis para absorver e armazenar a água das chuvas favorecendo a diminuição de inundações e alagamentos; estratégia de agricultura urbana com o intuito de diminuir ilhas de calor e aumentar a permeabilidade do solo para captação e detenção de águas pluviais, evitando ou minimizando eventos de inundação; aumento da eficiência do sistema de abastecimento hídrico, entre tantas outras.
Edgar Salinas, representante do banco de desenvolvimento da América Latina (CAF), entidade formado por 19 países, que promove um modelo de desenvolvimento sustentável através de operações de crédito, recursos não reembolsáveis e apoio técnico e financeiro para os setores público e privado da América Latina falou sobre do porque o tema da mudança climática é tão importante. “Nós não podemos fazer um investimento de infraestrutura sabendo que é vulnerável e um risco e a capacidade de reparo da cidade está comprometido. Por isso o compromisso político é muito essencial e a participação da população é importante”, pontuou.
O índice de risco crítico para a cidade foi concebido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina, CAF, desenvolvido por uma equipe técnica do WayC’arbon, ICLEI, e colaboração da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Instituto Pelópidas Silveira e Secretaria Executiva de Defesa Civil (SEDEC).