Seminário discute rede de apoio para enfrentamento à violência contra a mulher
Para encerrar a programação dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, a Prefeitura do Recife realizou, nesta quarta-feira (11), o 2º Seminário Justiça e Saúde no Enfrentamento à Violência contra a Mulher. O evento organizado pela Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife, em parceria com a Secretaria Municipal da Mulher e a 1ª Vara de Violência Doméstica de Pernambuco, aconteceu na Escola Superior da Magistratura de Pernambuco (Esmape), na Ilha de Joana Bezerra, e reuniu profissionais de diversas categorias que lidam com acolhimento às mulheres vítimas de violência no estado e município.
Durante os 16 dias, a Sesau promoveu diversas rodas de conversas com as usuárias do Programa Academia da Cidade. As ações desenvolvidas pela Coordenação da Política de Saúde da Mulher em parceria com a Secretaria da Mulher e a 1ª Vara de Violência Doméstica de Pernambuco percorreram os oito Distritos Sanitários do município, conscientizando as cidadãs recifenses sobre seus direitos, alertando-as a respeito dos sinais de violência de gênero e divulgando os serviços que a rede municipal oferece para as vítimas. Toda a programação dos 16 Dias visou conscientizar as cidadãs recifenses sobre seus direitos, alertando-as a respeito dos sinais de violência de gênero e divulgando os serviços que a rede municipal oferece para as vítimas.
Com o objetivo de promover discussões para melhor compreensão da rede e dos fluxos que possam levar à uma assistência completa à mulher em situação de risco, o seminário desta quarta teve como tema as “Repercussões da violência na saúde da mulher e o papel da rede”. “Se temos a clareza de que a violência doméstica representa um sintoma de uma sociedade disfuncional, todos os atores precisam estar envolvidos. A erradicação da violência contra a mulher é uma peça fundamental do nosso processo civilizatório. E, hoje, aqui, trilhamos passos largos no caminho desse movimento, que se associam ao que já realizamos em nossa rede com o Hospital da Mulher, o Centro Sony Santos e outras instituições da Prefeitura”, destacou o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia.
Ao longo do dia, foram realizadas mesas redondas e oficinas com subtemas que envolvem a importância da articulação política no atendimento à mulher em situação de risco, além das questões de repercussão na saúde e na vida social delas. Para a desembargadora Daisy Pereira, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), essa aproximação do Poder Judiciário com o setor da saúde gera frutos satisfatórios para a proteção integral da mulher. “É uma honra para o TJPE poder discutir questões da violência de gênero e o apoio às mulheres, com tantos profissionais integrados. Creio que saímos desse evento com resultados práticos, passíveis e possíveis de serem implementados na realidade dos órgãos”, destacou.
A assistente social Edineide Lima, que atua no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Esperança, em Casa Amarela, acredita que o evento é uma forma de dar visibilidade a uma causa que ainda não tem o espaço merecido. “Temos visto cada vez mais mulheres chegando adoecidas por sofrerem violência praticadas no meio familiar e com vergonha de falar o que passaram. Apesar de tudo, isso é algo que ainda passa despercebido na sociedade. É importante que estejamos atentas à rede de apoio para conduzir da melhor forma os processos dos pontos de vista da saúde e da justiça”, relatou a profissional.
CENTRO SONY SANTOS - Entre os equipamentos da Prefeitura do Recife voltado às mulheres está o Centro de Atenção à Mulher Vítima de Violência Sony Santos, da Secretaria de Saúde do Recife. Inaugurado em julho de 2016 no Hospital da Mulher do Recife, no Curado, o espaço oferece à vítima de agressão uma linha completa de cuidados, com atendimento de uma equipe multiprofissional formada por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social. Desde a sua abertura, o Sony Santos já atendeu cerca de 900 mulheres, realizando mais de dois mil atendimentos.
No atendimento tradicional, a mulher vítima de violência busca uma unidade de saúde para atendimento médico, se dirige até a delegacia para registrar a ocorrência e, em seguida, faz o exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML). Neste caminho, muitas acabam desistindo da denúncia, seja por constrangimento em precisar contar a mesma história várias vezes, exaustão após um trauma intenso ou até mesmo falta de recursos financeiros para os deslocamentos. O resultado é a subnotificação das agressões, o que leva à impunidade e perpetua a violência contra a mulher.
Já no Sony Santos, a mulher tem à disposição, num só lugar, o atendimento médico e psicológico, o registro policial, se ela desejar, e a perícia do legista, caso necessário. Isso faz do Sony Santos um modelo único no País, onde a mulher vítima de violência consegue, em um único espaço, receber o atendimento de saúde, formalizar a denúncia e fazer a perícia do IML.
O Sony Santos funciona 24 horas por dia e está disponível por livre demanda para todas as mulheres do Estado, a partir dos 10 anos de idade. Essa integração entre os serviços é resultado de uma parceria entre a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Defesa Social.