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Educação | 12.12.19 - 13h55

Prefeitura do Recife incorpora novos equipamentos de tecnologia assistiva para estudantes com baixa visão da Educação Especial

No Dia Nacional dos Cegos (13/12), 27 unidades do Orcam My Eye 2.0 serão disponibilizados na rede, que será a primeira do Brasil a utilizar equipamento com direcionamento pedagógico. O dispositivo dá maior autonomia aos deficientes visuais e fortalece o processo de letramento e ampliação do conhecimento. O investimento foi de R$ 500 mil.

 

Referência em Educação Inclusiva, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Educação, incorpora mais um equipamento de tecnologia assistiva para os alunos da Educação Especial. Desta vez, estão sendo adquiridos 27 unidades do Orcam My Eye 2.0, um equipamento que é acoplado ao óculos, retransmite a informação discretamente no ouvido do usuário e funciona no modo offline. A entrega simbólica dos dispositivos a estudantes e professores da rede de ensino do Recife será feita amanhã (13), às 9h, no Instituto dos Cegos Antonio Pessôa de Queiroz (IAPQ), nas Graças. O valor do investimento é de R$ 500 mil.

A rede possui um total de 13 alunos cegos, 124 com baixa visão, oito professores cegos ou com baixa visão, além de dez servidores com o mesmo laudo. Deste total, dois professores atendem no contraturno no IAPQ e os alunos do Instituto também serão beneficiados com a nova tecnologia. "Essa é uma grande conquista para ser anunciada no Dia Nacional do Cego. Todos que compõem a Secretaria de Educação e os professores e alunos do Instituto têm o que comemorar, pois seremos a primeira cidade do Brasil a usar esse equipamento com direcionamento pedagógico", destacou Bernardo D´Almeida. "O acessório irá agregar muito no trabalho realizado no instituto, dando mais liberdade para que nossos alunos possam ler qualquer texto em tinta, além de identificar as fisionomias das pessoas com quem eles conversam. Para quem nunca enxergou ou para quem perdeu a visão, significa uma autonomia muito grande”, comemorou Irmã Maria Gomes, diretora do IAPQ.

A gerente de Educação Especial do Recife, Adilza Gomes, explica que o equipamento será utilizado pelos alunos e professores na sala de aula regular e no Atendimento Especial Especializado (AEE) da rede de ensino. "Os professores e estudantes vivenciarão experiências autônomas de leitura, que ampliarão as possibilidades do processo de ensino e aprendizagem, colocando mais uma vez a educação da cidade como pioneira no processo de inclusão escolar das pessoas com deficiência e na valorização dos professores", frisou a gestora, destacando que a aprendizagem será fortalecida em todas as áreas do conhecimento.

Na prática, quando acionado, o aparelho detecta textos em português, inglês e espanhol, com possibilidade de escolher entre voz masculina e feminina; tem comandos para pausar, adiantar ou retroceder a leitura. O equipamento consegue ainda identificar cores e tonalidades, reconhecer pessoas e gêneros, rostos, informar a data e hora com um simples gesto de girar o pulso, cédulas de dinheiro (reais e dólares) e identificar produtos pelo código de barras. Após o reconhecimento, retransmite a informação discretamente no ouvido do usuário, oferecendo uma maior independência às pessoas cegas e com baixa visão.

“Cerca de 80% das atividades que realizamos no dia a dia estão relacionadas à leitura. O OrCam MyEye proporciona, como ferramenta de visão artificial, o acesso à informação, esteja a pessoa onde estiver, e sem a necessidade de conexão à internet”, declarou Doron Sadka, diretor da Mais Autonomia, representante exclusiva do OrCam MyEye no Brasil.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA - A política de educação inclusiva é prioridade na atual gestão. A qualidade do ensino e o desenvolvimento dos alunos fez com que a rede de ensino do Recife registrasse um aumento de 59,67% no número de estudantes da Educação Especial. Recife é uma das únicas três capitais do país a contar com Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial (AADEE). De 2016 a novembro de 2019, a gestão nomeou 396 profissionais. A rede também conta com 224 professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que são os docentes com pós-graduação em Educação Especial.

Todos os alunos da Educação Especial são inclusos nas salas regulares, junto com os demais estudantes da rede municipal. A partir do grupo 4, os estudantes com deficiências também passam a desenvolver, no contraturno da aula na turma regular, trabalhos direcionados nas 124 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) existentes na rede. Todas possuem os kits de teclados acessíveis TiX (teclado, tablet, software e acessórios), que ajudam na comunicação dos estudantes  que tem mobilidade de mão ou braço reduzida, deficiência motora, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), paralisia cerebral, deficiências intelectuais e transtornos de aprendizagem, entre outras deficiências. O teclado TiX funciona como um painel assistivo e como teclado-mouse iconográfico combinatório para computadores, notebooks ou tablets, permitindo a digitação de qualquer letra, número, símbolo ou comando de um teclado convencional utilizando apenas nove botões, que pressionados produz um caracter, de acordo com a sequencia utilizada.

Desde março de 2015, os estudantes da Rede Municipal de Ensino podem optar por estudar em Salas Regulares Bilíngues, onde aprendem libras como o primeiro idioma e português como a segunda língua. Nas salas regulares bilíngues, os estudantes ampliam o uso social da linguagem de sinais, e aprendem o português como segunda língua, para contemplar o ensino na modalidade escrita em todas as áreas de conhecimento. Dessa maneira, os estudantes têm a linguagem de sinais adicionada aos componentes curriculares, conforme recomenda o Plano Nacional de Educação. Com essa iniciativa, o Recife agora faz parte das cidades brasileiras que possuem escolas públicas com salas bilíngues. Atualmente, São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Campina Grande adotam esta iniciativa. No sentido de fortalecer essa ação e ampliar o número de salas bilíngues, a Secretaria de Educação do Recife, em 2017, iniciou o Curso de Libras à distância. O Curso teve como objetivo disseminar a Língua Brasileira de Sinais – Libras e atender à demanda das escolas municipais e aos estudantes surdos, na perspectiva da inclusão. Aliado a isso, além de ampliar as possibilidades de interação, formação e crescimento às pessoas surdas, irá favorecer a interlocução entre surdos e ouvintes, na medida em que poderão se comunicar em Libras.

A Prefeitura também disponibiliza o Transporte Inclusivo aos estudantes com deficiência que têm grandes comprometimentos na locomoção, comunicação e interação social, matriculados nas unidades educacionais da Rede Municipal. No total são 25 veículos (18 micro-ônibus e 7 vans), atendendo a 368 estudantes. Salienta-se, ainda, que, para garantir um atendimento adequado, os motoristas contratados para as vans e para os micro-ônibus recebem um treinamento específico para conduzir os veículos e auxiliar as crianças e adolescentes.