Prefeitura oferece 1.500 vagas para alunos com dois anos ou mais de atraso escolar
Realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o Projeto Travessia visa combater a distorção entre idade e série nos Anos Finais do Ensino Fundamental
Na rede municipal de ensino do Recife, 34% dos alunos matriculados nos Anos Finais do Ensino Fundamental apresentam distorção idade-série, ou seja, defasagem de no mínimo dois anos entre sua idade e a série em que deveriam estar matriculados. Para enfrentar o problema, a Prefeitura do Recife e a Fundação Roberto Marinho lançam o projeto Travessia Recife, que será implantado em até 50 turmas de 27 escolas municipais, podendo beneficiar 1.500 estudantes. As matrículas estão abertas e as aulas começam na próxima segunda-feira (15).
As inscrições podem ser feitas até o final do período de integração, que se dará até o dia 15 de julho, exatamente um mês após o início das aulas. Os interessados em se inscrever devem ligar para os telefones 3355-5960/5961, das 8h às 17h.
A iniciativa inclui também, ao longo de seus três módulos, atividades de qualificação profissional. "São 160 horas de disciplinas de um curso que certificará nossos estudantes para serem Auxiliares de Pessoal, aprendendo a desempenhar atividades de apoio à administração de pessoal nas empresas. Ou seja, além de o aluno conseguir concluir o Ensino Fundamental II em 18 meses, ele obterá um certificado profissionalizante", afirma a coordenadora do Travessia, Taciana Durão.
Os dados de 2014 mostram que a distorção idade-série afeta 24,2% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental na rede municipal do Recife, sendo 21,6% nos Anos Iniciais (1º a 5º) e 34% nos Anos Finais (6º ao 9º). A metodologia do Travessia permite corrigir uma distorção de quatro anos num período de 18 meses. O aluno matriculado deixa de assistir às aulas regulares e entra numa turma específica, no horário da noite. O curso é baseado na metodologia do Telecurso, criada pela Fundação Roberto Marinho. Um professor mediador atuará em cada sala de aula.
A Secretaria de Educação identificou os estudantes com distorção idade-série e entrou em contato com eles e suas famílias para estimular a adesão. Além de alunos já matriculados na rede municipal, o Travessia Recife abre espaço também para quem já deixou a escola e pretende corrigir a distorção idade-série. Cerca de 65 educadores que atuarão no Travessia, entre professores, equipe técnica e supervisores, receberam formação para atuar no projeto.
ANOS INICIAIS - Duas iniciativas já estão em andamento para combater a distorção idade-série nos Anos Iniciais. O Programa Se Liga tem o objetivo de garantir a alfabetização dos alunos que estão atrasados na escola, num período de 12 meses, repassando conhecimentos básicos de Língua Portuguesa e Matemática. Já o Programa Acelera Brasil visa a garantir a progressão dos estudantes já alfabetizados, incluindo todos os componentes curriculares. As turmas de ambos os projetos têm entre 10 e 25 estudantes, com distorção de no mínimo dois anos de idade/ano, e todos recebem material didático específico.
Em 2014, o Programa Se Liga acolheu 579 estudantes, organizados em 45 turmas. Desse total, 448 foram alfabetizados com sucesso, um percentual de 77% de êxito. Já o Programa Acelera Brasil recebeu, no mesmo ano, 582 alunos, dos quais 501 foram promovidos, o que representa 86% de sucesso na correção do fluxo.
TELECURSO - Desde 1978, a Fundação Roberto Marinho aplica a metodologia do Telecurso para combater a distorção idade-série entre os brasileiros. O programa foi adotado por escolas públicas, empresas e outras instituições, contribuindo para a formação de milhões de brasileiros. Até 2014, mais de sete milhões de alunos e 40 mil professores já foram beneficiados nas cerca de 32 mil salas espalhadas pelo país. Em novembro do ano passado, o programa migrou para a internet, no endereço educacao.globo.com/telecurso, sendo também exibido em oito canais de TV.
Informações sobre matrículas: 3355-5960/5961, das 8h às 17h