PCR lança projeto para garantir conclusão do processo de alfabetização em 40 escolas
O Projeto Superação visa reduzir o número de estudantes não alfabetizados ou analfabetos funcionais no Ensino Fundamental
A Prefeitura do Recife lançou, nesta terça-feira (30), o Projeto Superação. O objetivo é recuperar o nível de aprendizagem dos estudantes fazendo-os concluir o processo de alfabetização e letramento. A Escola Municipal Inês Soares de Lima, localizada na Imbiribeira, foi uma das 40 unidades de ensino da rede que realizou o lançamento da ação nesta tarde. A programação contou com a apresentação do projeto e contações de histórias promovidas pelo Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores (PMBFL), da Secretaria de Educação do Recife.
A tarde na Escola Inês Soares de Lima começou com a explicação da técnica pedagógica da Divisão dos Anos Iniciais (DAI) da Secretaria, Ana Dácia Luna, sobre o que é o projeto, como vai funcionar e quem poderá participar. Segundo ela, o público alvo são cerca de cinco mil alunos do 3° ao 5º ano do Ensino Fundamental que não são alfabetizados ou são analfabetos funcionais e estudam nas escolas que não tiveram bom desempenho noÍndice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
As atividades, que terão início em sala de aula a partir do segundo semestre, serão desenvolvidas duas vezes por semana, no horário regular das aulas de português. Nelas, os alunos serão divididos em três grupos, de acordo com seu nível de dificuldade na aquisição do Sistema de Escrita Alfabética (SEA): inicialização da alfabetização (estudantes na fase pré-silábica), aprofundamento da alfabetização (fase silábica) e consolidação da alfabetização (fase alfabética). Novas turmas de português interclasses serão formadas de acordo com os níveis de aprendizagem, e não mais de acordo com as classes, para que as professoras possam focar nas dificuldades de cada grupo.
"Nós confiamos no olhar do professor. São eles que vão analisar e, até o final do próximo semestre, terão condições de dizer qual o nível de letramento e alfabetização de cada aluno. Às vezes as turmas são muito heterogêneas e os docentes não conseguem dar conta das dificuldades específicas de cada estudante. Nossa meta é alfabetizar, que é fazer os alunos dominarem os códigos e signos do Sistema de Escrita Alfabética, e também letrar, que é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno", explica Ana Dácia.
O Superação foi baseado no Projeto Pipa, desenvolvido pelas professoras, coordenadoras e diretoras da Escola Municipal do Engenho do Meio. Os bons resultados no aprendizado dos alunos do 3º ano da unidade serviram de modelo para a Secretaria de Educação aprimorar e ampliar a ação para outras 40 escolas municipais. No total, 250 professores estão envolvidos no Superação e passando por formações específicas.
O secretário-executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, Rogério Morais, explica que a proposta é complementar a do Programa de Letramento do Recife (Proler). Através do Proler, a Secretaria quer alfabetizar os alunos até o 1º ano, com 6 anos de idade - dois a menos que o preconizado pelo Ministério da Educação (MEC). Já o Projeto Superação pretende regularizar a situação dos estudantes que já passaram dessa fase e não foram devidamente alfabetizados. "Sabemos que, na caminhada escolar, há momentos em que detectamos algumas dificuldades em relação ao aprendizado de algumas crianças, mas nossa expectativa é a melhor possível. Acreditamos muito nesse projeto e, com ele, queremos garantir o direito que todos os alunos têm de aprender efetivamente a Língua Portuguesa", afirma o secretário-executivo.
No desenvolvimento do projeto, serão usadas mesas educativas que trazem atividades lúdicas e pedagógicas de construção de texto e aprendizado do Sistema de Escrita Alfabética, além de livros de literatura infantil utilizados no Projeto Nas Ondas da Leitura, que incentiva os alunos a trilharem os caminhos da autoria. O Superação também incluirá atividades de contação de histórias do Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores (PMBFL), também da Secretaria de Educação.
Para Yrlane Santiago, 11 anos, estudante do 5º ano, o projeto vai ajudá-la a superar suas lacunas de aprendizagem. "Eu amei quando a diretora comentou que poderíamos participar do Superação. Acho que vai ajudar bastante muitas crianças que, como eu, têm dificuldades", destaca a aluna. A iniciativa também animou a coordenação da Escola Inês Soares de Lima. “A partir de pesquisas nas escolas, detectamos que português era uma das disciplinas em que os alunos mais tinham dificuldades. Esse projeto veio para complementar o que já trabalhamos em sala de aula, servindo como impulso", explica a coordenadora Keyla Beltrão.