Maciel Salú e Israel França iniciam turnê nacional na Escola João Pernambuco
A Escola Municipal de Arte João Pernambuco, na Várzea, presenciou, na manhã desta terça (1), a apresentação inaugural da turnê O Duelo da Rabeca com o Violino - Uma peleja de amor à música!. Englobando shows e aulas- espetáculo, o projeto tem como protagonistas o rabequeiro Maciel Salú e o violinista Israel França, que mostram as diferenças e semelhanças entre seus instrumentos e contam suas trajetórias de vida. A partir de outubro, a turnê chegará a Salvador, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e Belém, encerrando-se no Teatro de Santa Isabel, no Recife, em 1° de dezembro.
Herdeiro da tradição do clã Salustiano, Maciel Salú vive a cultura popular desde a infância. "É muito bom fazer a estreia do nosso show aqui na João Pernambuco, uma escola pública de arte. Tive a honra de aprender com meu pai, Mestre Salustiano, todo o rico legado cultural da rabeca, do cavalo marinho e do maracatu. A rabeca é minha parceira de vida. Um instrumento de origem árabe, trazido para cá pelos europeus, que estava esquecido até a década de 1990", explicou Salú, que já fez parte de bandas como Chão e Chinelo, Orchestra Santa Massa e hoje toca na Orquestra Contemporânea de Olinda, além de desenvolver trabalho solo.
Já o maestro Israel França nasceu no bairro de Peixinhos, na periferia de Olinda, onde começou a estudar música na escola. "Depois comecei a aprender o violino, o que mudou minha vida. Era difícil, às vezes eu tinha que ir andando de Peixinhos até a avenida Dantas Barreto, no centro do Recife. Fui para Lisboa em 1990 e depois para Espanha", conta. Um episódio de preconceito ocorrido na infância o marcou: estava correndo na rua, com seu violino, e foi preso pela polícia por suspeita de roubo. Para provar que era o verdadeiro dono do instrumento, tocou "Jesus Alegria dos Homens", do compositor Johan Sebastian Bach.
"Riqueza" - Mostrando que o "duelo" entre a rabeca e o violino é, na verdade, uma soma, Israel e Salú uniram forças para tocar músicas como "O Trenzinho Caipira", de Heitor Villa-Lobos, e "As Quatro Estações", de Vivaldi. O espetáculo teve a participação da bailarina e coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, do desenhista Toni Braga e do grupo de chorinho Regional Recifense, formado por alunos da João Pernambuco. "É um grande riqueza ver essa interação entre rabeca e violino, um erudito e o outro popular", comentou o diretor da escola, Abraão Marreira.
Convidado pelos artistas para subir ao palco e conhecer a rabeca, o estudante Felipe César, de 24 anos, aprovou a experiência. "Moro em São Lourenço da Mata e estou começando a estudar violino. Essa interação entre os dois instrumentos, um mais refinado e o outro parecendo mais rústico, foi muito boa", afirmou. "O espetáculo une música, dança e artes visuais. É um momento único para mostrar como um instrumento musical pode mudar a vida das pessoas para sempre", ressalta a idealizadora do projeto, Margot Rodrigues.