Seminário da PCR debate bibliotecas e apresenta práticas inovadoras do Brasil e da Colômbia
Mais de cem pessoas participaram, nesta sexta-feira (18), do I Seminário Bibliotecas Vivas e Comunidades: Criando Espaços de Cidadania Ativa. Organizado pela Secretaria de Segurança Urbana do Recife, o evento promoveu um dia de discussões sobre leitura, estrutura, acervo e programação dos espaços, além de apresentações de experiências bem sucedidas na área. Ao final do seminário, foi realizada uma escuta pública que iniciou o processo de coleta de sugestões para a elaboração de um plano municipal de bibliotecas.
O evento contou com a participação de representantes da sociedade civil e de diversos órgãos e entidades ligados aos livros e à leitura, como o Conselho Regional de Biblioteconomia, o Ministério da Cultura, a Rede de Bibliotecas Comunitárias, a Universidade Federal de Pernambuco, entre outros. Para o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, a participação de todos é fundamental. "Um dos principais meios de prevenção da violência que teremos no Recife serão as bibliotecas. Não só as municipais, que estamos recuperando, mas principalmente as dos Compaz, que estarão inseridas em comunidades carentes. Nesses locais, os espaços de leitura terão um papel muito importante para manter as crianças e os jovens longe das ruas e das drogas".
Esse modelo de prevenção por meio de investimento nos livros e na cultura já é utilizado, desde 2006, na Colômbia. Conhecido como Biblioteca Parque, esse conceito se baseia em um espaço que funciona muito além da leitura. Nessas unidades, os usuários das comunidades têm acesso também a serviços, cursos e atividades das mais variadas. A diretora do primeiro equipamento deste tipo em Medellín, Eliana Maldonado, apresentou no seminário um pouco das experiências da Biblioteca Parque San Javier. "A criação desses espaços é uma solução de longo prazo, mas que dá resultados reais. Antigamente, o bairro de San Javier era o mais perigoso da cidade. As pessoas não saíam nas ruas com medo dos tiroteios. Com a biblioteca, passamos a oferecer uma opção de lazer, que antes não existia. Hoje fazemos cerca de 900 atendimentos por dia", afirmou.
No Brasil esse modelo foi iniciado em 2010, no Rio de Janeiro, com a inauguração da Biblioteca Parque de Manguinhos. Lá, a interação com as redes sociais é um dos pontos fortes. "Estimular a leitura é nosso objetivo, mas não podemos ignorar a internet. Disponibilizamos computadores na nossa unidade, mas apenas uma hora por dia. Para chamar atenção dos jovens também para os livros, criamos um cartão fidelidade que oferece 15 minutos extra a cada dois livros retirados e lidos", explicou o diretor da biblioteca, Sérgio Pinheiro. Outro diferencial das Bibliotecas Parque é o acervo atualizado. Na Biblioteca Parque de São Paulo, os usuários são constantemente consultados sobre futuras aquisições. "Construímos uma biblioteca para as pessoas e fazemos atualizações semanais do acervo. Também procuramos incluir exemplares acessíveis, como áudio livros e livros em braile", explicou a diretora do espaço, Sueli Motta.
No Recife, a Prefeitura está recuperando as bibliotecas municipais de Afogados e Casa Amarela. Em breve, a cidade também contará com dois novos espaços de leitura nos Centros Comunitários da Paz (Compaz) do Alto Santa Terezinha e do Cordeiro. Para construir coletivamente a dinâmica dessas unidades, diversas sugestões foram coletadas durante a escuta pública e serão analisadas pela Secretaria de Segurança Urbana.