NOTÍCIAS

Educação | 16.12.15 - 13h45

Estudantes da Escola Almirante Soares Dutra cultivam jardim para combater a violência

img_alt

Ação faz parte do projeto "Semeando amor, colhemos felicidade", idealizado pela professora Teresa Paredes. (Foto: Walyson Morais/Cortesia)

 

“A violência pode dar lugar à paz”. A partir desse pensamento, a professora Teresa Paredes, juntamente com os alunos do 4º ano da Escola Municipal Almirante Soares Dutra, no bairro do Cabanga, lançou as sementes de uma iniciativa voltada para a transformação de agressão em diálogo, brutalidade em respeito, desespero em sonho. O projeto ganhou o nome de "Semeando amor, colhemos felicidade" e, entre outras ações de combate à cultura da violência, estimulou os estudantes a criarem um jardim na unidade de ensino, simbolizando a ideia de que é preciso plantar hoje para colher um futuro melhor.

Cultivando as plantas, os alunos aprenderam sobre cuidado, respeito, carinho e paciência. "Plantar a sementinha gerou uma série de sentimentos e expectativas nos alunos. Desenvolveram paciência para esperar a germinação, perseverança no cuidado com a plantinha que crescia e compartilharam um imenso prazer no momento em que os primeiros botões se abriram", conta a professora Teresa. Após ouvir uma história sobre o girassol, a turma decidiu que a flor deveria prevalecer no jardim por ter muitos significados, como dignidade, respeito e perseverança. Entre as outras espécies plantadas estão jasmim, onze-horas, maria-sem-vergonha, cactos e grama.

Os alunos também coloriram as paredes da unidade de ensino e reciclaram garrafas pet. O sucesso foi tanto que mobilizou outras turmas e também os pais a colaborarem e participarem da ação. Antes do início do projeto, em 2014, a professora ouvia com frequência ameaças de agressão, mas agora diz que é perceptível o avanço nos relacionamentos. “Era uma violência explícita que chamava minha atenção. Eu pensava em como trabalhar a violência e sensibilizá-los para que o problema fosse amenizado e até excluído. Então, achei que trabalhar algo voltado à natureza ajudaria. Posso dizer que redescobri o prazer de ensinar que estava  um pouco adormecido depois de tantos anos de trabalho”, destacou. 

Para o aluno Carlos Luís de Oliveira, 11 anos, o projeto tem ensinado muito sobre os bons sentimentos. “Eu acho o projeto muito bom porque tem nos incentivado a praticar o bem, fazer coisas boas“, disse Carlos. Já a estudante Rayane Soares, 10 anos, comentou sobre o comportamento dos alunos. “Tinha gente aqui muito agressiva, mas agora todos têm amor no coração e estão mais unidos”, avaliou a aluna. 

Além do jardim, o trabalho usa textos, poesias, música, literatura de cordel e histórias criadas pela própria Teresa, que também é escritora. Tudo girando em torno do objetivo de melhorar as relações interpessoais, estimulando o respeito e a cidadania. São usadas biografias, como a do cordelista e xilogravurista J.Borges, que só entrou na escola aos 10 anos, e filmes como "Mãos Talentosas", a história real de um menino negro e pobre que virou um neurocirurgião de renome mundial. Quadros de Romero Britto também são usados - os alunos inclusive "repintaram" uma tela que faz referência ao abraço.