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| 21.03.12 - 11h18

Começa terceira edição da Semana Chico Science

[caption id="attachment_15117" align="alignleft" width="199" caption="Evento promovido pela PCR é gratuito. Foto: Lú Streithrost"][/caption]

Evento gratuito promove uma série de debates na Livraria Cultura e encerra com shows no Pátio de São Pedro

Por Jaciana Sobrinho

Os entremeios da utilização de tecnologias para fins culturais e o banditismo virtual foram o ponto principal da pauta do primeiro dia da Semana Chico Science, realizado na noite desta terça (20), na Livraria Cultura. O evento, promovido pelo Memorial Chico Science, atraiu um público interessado em descobrir mais e discutir sobre o "Banditismo por uma questão de classe: música e hacktivismo na cultura contemporânea", tema que norteia os debates que seguem até quinta (22).

Desde que foi criado, o Memorial Chico Science pretende ser um laboratório que oferece ao público formação e intervenções que unem tecnologia e cultura. Por isso, pela terceira vez estamos aqui pra fazer um mergulho em um dos vieses dessa temática”, afirmou Adriana Vaz, gestora do Memorial.

Já o diretor de equipamentos culturais da PCR, Fábio Cavalcante, destacou a forma de atuação da equipe do Memorial. “Procuramos sempre colocar em foco um assunto atual ou nos antecipar certas questões, como uma maneira de propagar a forma como Chico Science costumava perceber o mundo”, ressaltou Fábio Cavalcante,.

Neste primeiro encontro a conversa ficou por conta de Adriano Belisário (RJ), gerente de Cultura Digital da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e organizador da série de conferências e do livro CopyFight, de Thaís Brito (BA), pesquisadora e colaboradora do blog ContraCulturaDigital, e de Lourival Cuquinha (PE), artista plástico.

Para Adriano Belisário é preciso entender a origem do direto autoral para que se possa reconstruir ou atualizar o conceito de propriedade intelectual e pirataria. “Historicamente o direito autoral, ao contrário do que se pensa, surgiu como forma de censura e não para reconhecer os autores pelos seus trabalhos. Dessa premissa aliada à popularização das tecnologias é que nasce o movimento CopyFight questionando a visão de autoria e propriedade que se tem atualmente”, comentou Belisário.

Em sua fala, Thaís Brito reforçou a ideia de Adriano ao mencionar que se criou uma nova trajetória e a necessidade de uma nova postura da sociedade. Para a pesquisadora, tal fato é justificado a partir do momento em que a humanidade deixou de enxergar a tecnologia somente como ferramenta de destruição, a exemplo da criação da bomba atômica, e a percebe como um artifício que também traz benefícios, como, as máquinas que facilitam o dia-a-dia. “Depois de um longo tempo o mundo chega ao conceito onde a rede, a internet, não é mais um instrumento de controle, mas como uma ferramenta em busca de outro ângulo e da liberdade que hoje perpassa a apropriação a cerca da cultura”, concluiu.

E ainda falando sobre o direito autoral e propriedade intelectual, o artista plástico, Cuquinha apresentou alguns cases em que ele desrespeitou os limites de propriedades e certas regras para ilustrar seu pensamento. “O território no qual estamos inseridos influencia na criação, finalidade e utilização do trabalho, assim como a proibição do uso ou de venda de determinada coisa, desperta interesse e gera transgressões por assim dizer”, sinalizou Cuquinha.

A Semana Chico Science oferece mais dois debates na Livraria Cultura, nesta quarta (21) e quinta (22), e tem ainda um workshop de culinária e shows na sexta (23). Tudo isso gratuitamente.

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