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Cultura | 25.05.12 - 12h19

Primeiro casamento homoafetivo em unidade prisional é realizado com sucesso no Recife

[caption id="attachment_19141" align="alignleft" width="334" caption="O evento aconteceu na Colônia Penal Feminina Bom Pastor Foto: Lú Streithorst"][/caption]

A Prefeitura da Cidade do Recife, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã (SDHSC), realizou, na noite desta quinta-feira (24), o primeiro casamento homoafetivo dentro de uma unidade prisional. O evento aconteceu na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, e celebrou a união de 14 casais, sendo seis homossexuais. Em culto ecumênico, além das formalidades jurídicas devidamente assinadas e reconhecidas, os noivos receberam as bênçãos do Diácono Tony, da Comunidade Cristã Nova Esperança, e da Yakekerê (mãe pequena) Maria Helena Sampaio, do Terreiro de Candomblé de Mãe Amara.
 
Com decoração especial e rufar de tambores, promovidos pelas reeducandas das oficinas de música e artesanato (realizadas pela SDHSC em parceria com o Ministério da Justiça), as noivas, com vestidos longos e buquês, casaram-se com todas as pompas e circunstâncias possíveis. Algumas estavam acompanhadas de parentes e de detentas, que se vestiram a caráter, para prestigiar as amigas. Algumas, inclusive, comentando que vão aproveitar a próxima oportunidade. Além de representantes da Prefeitura do Recife, do Governo do Estado e de autarquias de segurança pública, o evento também contou com presenças da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e de grupos de articulação GLBT, de lésbicas e de transexuais.
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“Não estamos assistindo a apenas um casamento coletivo, mas, a um grande exemplo de gestão democrática que trará grandes conquistas daqui pra frente”, disse a secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã, Amparo Araújo, que ainda ressaltou: “este é um momento histórico no qual a gestão pública está garantindo a todos os cidadãos o direito ao amor e à felicidade”.
 
Antes da decisão final pela formalização do compromisso, todas as reeducandas interessadas passaram por um processo de amadurecimento, acompanhadas durante três meses por psicólogos e assistentes sociais. “No início eram 35 casais, e, dessa vez, casaram-se 14”, contou Alana Couto, chefe executiva da Colônia Penal.
 
Ana Paula Teixeira da Silva, de 29 anos, e Virlaniy Maria, de 24, foram as primeiras a assinarem o termo de união estável. O namoro de quatro anos começou dentro do Bom Pastor. “Nós estamos muito emocionadas. Eu sempre quis casar vestida de noiva e hoje estou realizando esse sonho com minha companheira, o que era impossível alguns anos atrás por eu ser homossexual”, contou Ana Paula.
 
Representando as demais na mesa de honra, a noiva Priscilla Teixeira dos Santos destacou que este é um exemplo para o mundo. “Apesar de todas as marcas negativas, por estarmos cumprindo pena e por sermos homossexuais, estamos vivendo este momento de amor e alegria, diante de todos, sem precisar disfarçar e esconder. Nós somos seres humanos!”, falou em tom de desabafo.
 
Oficializada ainda em 2011 pelo Supremo Tribunal Federal - STF, a união estável entre pessoas do mesmo sexo, incluindo os mesmos direitos e deveres do casamento heterossexual, já possibilitou a muitos casais homoafetivos formalizarem suas relações e constituições familiares.