NOTÍCIAS

"Meu filho está recebendo na rede pública o suporte que nunca teve nos colégios particulares. Ele tem se desenvolvido muito. E agora, com transporte para ir e voltar da escola, começa uma nova fase para ele". A afirmação é de Luciana Almeida, mãe do estudante Gabriel, 12 anos, que tem dificuldades motoras e estuda desde o início do ano na Escola Municipal Engenho do Meio. Gabriel é um dos alunos com deficiência beneficiados pelas cinco novas vans entregues, nesta quinta (14), pela Prefeitura do Recife, para reforçar o Transporte Escolar Inclusivo (TEI), oferecido aos alunos com deficiência que têm grandes comprometimentos na locomoção, comunicação e interação social.

"Até hoje, Gabriel tinha que voltar andando para casa. As vans vão ser muito úteis e representam uma grande felicidade para nós", exalta Luciana. Os novos veículos atenderão 53 estudantes de 14 escolas municipais, assegurando o traslado de ida e volta entre a casa e a unidade educacional. O investimento é de R$ 1 milhão por ano. As vans se somam aos 11 microônibus já utilizados pela Secretaria de Educação do Recife, elevando o número total de alunos com deficiência atendidos para 215. 

"Com a entrega das vans, zeramos a fila da espera do transporte inclusivo na rede municipal. Só quem é pai ou mãe sabe a importância disso", afirma o secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira. De acordo com ele, a ação está inserida na política municipal de educação inclusiva, que inclui a classe hospitalar para estudantes com câncer, as aulas de libras para alunos surdos nas salas bilíngues em sete escolas polos, a entrega de 500 tablets com aplicativos que facilitam a comunicação dos estudantes com dificuldade na fala e a nomeação dos primeiros 50 Agentes de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Especial (AADEEs), aprovados em concurso. "Os cargos de AADEE foram criados na atual gestão, para garantir todo o apoio necessário aos alunos com deficiência na escola", explica o secretário.

A chefe da Divisão de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação, Lauricéia Tomaz, ressalta que a política de inclusão garante não apenas acesso à escola, mas também o direito à aprendizagem para os alunos com deficiência. "O transporte inclusivo beneficia as crianças especiais cujos pais não conseguem levá-las para a escola e de volta  para casa", diz. Os pais de alunos que precisam do transporte devem fazer a solicitação na secretaria da escola onde o filho está matriculado. Uma técnica da Educação Especial faz uma visita à casa do aluno para averiguar a necessidade do transporte e, uma vez aprovado, o estudante passa a usar o TEI.

Para usar o benefício, o aluno deve residir na mesma RPA da unidade educacional; apresentar dificuldade de locomoção, múltiplas deficiências e/ou transtorno global de desenvolvimento, quando comprovada a necessidade; receber, prioritariamente, o BPC (Benefício de Prestação Continuada); e passar por entrevista social. "Eu tinha dificuldade de vir para  escola e perdia muitas aulas. Com o transporte, minha vida mudou muito. Só tenho a agradecer", elogiou José Gentil, 50 anos, aluno da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Municipal do Engenho do Meio.

EDUCAÇÃO ESPECIAL – Os mais de 3,6 mil estudantes com deficiência da rede municipal de ensino do Recife estão distribuídos nas salas regulares de todas as unidades de ensino, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA). No contraturno, eles desenvolvem trabalhos direcionados com 254 professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que são os docentes com pós graduação em Educação Especial. Os alunos contam ainda com 98 salas de recursos multifuncionais, que são espaços com equipamentos pedagógicos específicos para o atendimento educacional especializado.