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Cultura | 26.12.12 - 13h25

Pagode de João do Morro toma conta do Natal do Recife

[caption id="attachment_30002" align="alignleft" width="334"] João do Morro na Praça do Morro da Conceição. Foto: Ivanildo Franscisco[/caption]

A Praça do Morro da Conceição estava completamente tomada por uma grandiosa plateia, já na madrugada desta quarta-feira (26), quando subiu ao palco um dos filhos mais famosos da comunidade. Entre adjetivos como “antropólogo da periferia” ou “sociólogo do povão”, João do Morro deu mostras, mais uma vez, porque se tornou um fenômeno popular entre todas as camadas sociais, com suas músicas que traçam um panorama certeiro e bem humorado do subúrbio recifense.

“Vai começar a baixaria!”, foi assim que teve início um show memorável, marcando a volta de João do Morro ao local em que nasceu e que foi fruto de inspiração para suas mais de 300 canções, que abordam o cotidiano do verdadeiro como ninguém. Há mais de um ano, ele não se apresentava no Morro da Conceição, tomado por uma extensa agenda de shows, inclusive fora de Pernambuco. “Time jogando em casa... a expectativa é de goleada! É sempre muito bom tocar no meu lugar, próximo aos amigos. Estamos pagando uma dívida com o Morro, voltando a tocar aqui depois de tanto tempo. Posso até sair do Morro, mas o Morro não sai de mim”, disse João, bastante emocionado.

E o show não poderia ser diferente. Cronista da verdadeira “fuleiragem”, João do Morro apresentou um bom apanhado de músicas inéditas, como sempre marcadas por versos ferinos e irreverentes, que falam de tudo: mulheres bonitas (ou aquelas que, cansadas de chorar por um homem, resolvem dar a volta por cima), “boyzinhos” que vão pras festas arrumar briga e são “enquadrados” pela PM, e até mesmo da destruição que o crack causa na vida dos usuários, num discurso mais sério de alerta, mas sem perder a verve escrachada. “Bãe”, “Mói de Carne” “Meu Estilo” e “Dodoi” foram algumas das novas canções que fizeram parte do repertório e ganharam uma identificação imediata do público do Morro da Conceição, que se viu e reconheceu em grande parte delas.

Mas as boas e velhas canções, que o tornaram queridinho do povão e dos cults do Recife, não poderiam faltar. “Três Segundos”, “Frentinha”, “Gigolô, “Papa Frango” “Catuca”, “Eu não Presto” marcaram presença no show, que fez o público dançar e rir, não necessariamente nesta mesma ordem. Sem papas na língua, elas foram, mais uma vez, cantadas em coro por todos. E, coroando a noite, João encerrou com um dos seus maiores sucessos, “As Nêga Endodia”, que fez todo o Morro da Conceição descer até o chão, alucinadamente. A voz da periferia continua viva e forte, foi isso que mostrou o show de João do Morro.