Prefeitura do Recife apresenta programação do 16º Festival Recife do Teatro Nacional
[caption id="attachment_40667" align="alignleft" width="680"] Coletiva apresentou programação da 16ª edição do festival. (Foto: Luciana Ferreira/PCR)[/caption]
A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, apresentou no fim da manhã desta quinta-feira (14), em coletiva de imprensa no Teatro Apolo, no Bairro do Recife, a programação da 16ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional, que acontece entre os dias 22 de novembro e 1º de dezembro.
Acompanhada pelo gerente Geral de Ações Culturais da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, Gustavo Catalano, e do gerente do Centro de Formação e Pesquisa das Artes Cênicas Apolo-Hermilo, Carlos Carvalho, Leda Alves lembrou que os 18 espetáculos que compõem a grade do festival representam um amplo panorama da produção cênica nacional. "O festival, no dizer de Aluízio Magalhães, é uma oportunidade de misturar os fazeres e pensares das diversas linguagens de teatro no Brasil", destacou.
Leda ressaltou ainda o compromisso do festival com a formação, que se revela na grade de oficinas com a presença de especialistas nacionais como Márcio Marciano, ex-ator da Cia Latão, e Lindolfo Amaral, dramaturgo do grupo Imbuaça, de Sergipe. "Com esse festival, damos continuidade ao compromisso da nossa gestão com a classe teatral, que para nós, é motivo de prioridade, entre outras razões, pelo meu vínculo pessoal com as artes cênicas", lembrou Leda.
Carlos Carvalho, que presidiu a comissão de seleção dos espetáculos, destacou que este ano, pela primeira vez, o festival não contou com um curador, mas foi estruturado a partir de um edital. "Isso é uma mudança importante de olhar porque favorece a diversidade. O formato possibilita que todos os realizadores do país possam manifestar interesse em se apresentar aqui, em trazer para a nossa cidade o melhor teatro possível, que é feito nas diversas regiões do país", esclareceu.
PALESTRAS E OFICINAS
A programação de oficinas e palestras do Festival Recife do Teatro Nacional ocupa teatros e espaços culturais da cidade entre os dias 25 e 29 de novembro. Márcio Marciano, ex-ator da Cia Latão, ministra a oficina Exercícios para uma Cena Dialética, voltado para atores. Também com foco no ator, Lindolfo Amaral, ator e dramaturgo do grupo Imbuaça, de Sergipe, estará à frente da Oficina de Teatro de Rua. Com viés mais teórico, o diretor Antônio Cadengue ministra a oficina Por Uma Metodologia da Encenação Teatral. São disponibilizadas 20 vagas para cada oficina. Para se inscrever, os interessados devem enviar carta de intenção e breve currículo para o email 16frtn.formacao@gmail.com.
Entre os palestrantes, Ney Piacentini, um dos expoentes políticos da classe artística no país, fala sobre A Experiência do Cooperativismo em São Paulo, a partir de sua atuação à frente da Cooperativa Paulista de Teatro. Ele também participa com o diretor Fernando Yamamoto, fundador do grupo Clowns de Shakespeare, da palestra Tecendo Redes – A Redemoinho no Recife, sobre o Movimento Brasileiro de Espaços de Criação. Para discutir a história dos homenageados do 16º FRTN, a pesquisadora Ana Carolina Miranda da Silva falará sobre sua pesquisa O Grupo Gente Nossa e o Movimento Teatral no Recife, sobre a companhia criada pelo teatrólogo Samuel Campelo no Recife dos anos 1930.
HOMENAGEADOS
O 16º Festival Recife do Teatro Nacional homenageia os 124 anos de nascimento do teatrólogo pernambucano Samuel Campelo, fundador do grupo Gente Nossa. O Grupo Gente Nossa estreou no Teatro de Santa Isabel em 2 de agosto de 1931. Formou as bases sobre as quais se ergueu o moderno teatro nordestino. Valdemar de Oliveira, que começou sua carreira de ator na companhia, assumiu a liderança do grupo após a morte de Samuel Campelo. Pouco depois, criaria o Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP). Foi também por meio do Grupo Gente Nossa que iniciou-se na artes cênicas Hermilo Borba Filho, que depois fundaria com Ariano Suassuna o Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP) e o Teatro Popular do Nordeste (TPN).
O Grupo Gente Nossa tinha como sede o Santa Isabel e era formado por amadores e alguns atores mambembes que se reuniram em associação. Cada ator/sócio pagava uma mensalidade, que viabilizava a realização das montagens. Ocupava tanto o palco do Santa Isabel como salas humildes de clubes do subúrbio, pequenos teatros de cidades do interior e, algumas vezes, cidades fora do Estado.
Na trajetória do grupo, verifica-se uma marcante valorização do sentimento regional. Isso se deve, em grande parte, à figura de Samuel Campelo, que, pertencente à elite intelectual do Recife, levantou a bandeira em favor de um teatro nacional. Explorando alguns dos ideais Regionalistas da década de 1920, proporcionou à cidade seu primeiro grupo de teatro permanente, valorizando as tradições locais e as glórias pretéritas de Pernambuco. A própria escolha do nome pode bem ser tomada como um indício de tais pressupostos.