Secretaria de Direitos Humanos do Recife traz exposição chilena para o Centro Cultural Correios
Durante a mostra, os interessados em aprender a arpillera poderão participar de oficinas
Resgatar histórias da ditadura militar e expor esse período em obras de arte. É com esse objetivo que a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, traz para o Recife a exposição “Arpilleras da resistência política chilena”. A mostra tem início nesta quinta-feira (3) e fica instalada até o dia 13 de novembro, na sala 03 do Centro Cultural Correios (Bairro do Recife). A entrada é gratuita e a exposição fica aberta para visitação de segunda à sexta-feira, das 8h às 18h.
Além de documentos, vídeos e livros, a exposição traz 28 trabalhos em tecidos feitos nos anos de 1973 a 1980. A arte das mulheres chilenas retrata as denúncias durante o período da ditadura no Chile, na década de 70. A técnica usada pelas artistas é a arpillera, onde sacos de batatas ou de farinhas servem de suporte para bordados feitos com retalhos e sobras de tecidos.
Durante a exposição, as pessoas interessadas em aprender a arpillera poderão participar de oficinas. Três turmas serão montadas, com até 15 participantes cada, nos dias 5, 8 e 12 de novembro, das 15h às 18h. A ideia é estimular os participantes a expressarem os problemas do século XXI em obras de arte, como fizeram as mulheres chilenas durante o período da ditadura. As inscrições serão feitas pela Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife, no telefone 3355-8544.
O evento conta com o apoio do Centro Cultural Correios, da secretarias municipais de Direitos Humanos e Segurança Cidadã e Especial da Mulher do Recife e da Secretaria da Mulher de Pernambuco. A coordenação geral do evento é de Roberta Bacic.
Arpillera - É uma técnica têxtil com raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, região localizada no litoral chileno. Neste trabalho, retalhos e sobras de tecidos são bordados sobre sacos de batatas ou de farinhas. Seguindo a técnica das arpilleras originais, as peças apresentadas nesta exposição foram criadas em oficinas e montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batata, que, geralmente, são fabricados em cânhamo ou linho grosso.
Como forma de registrar a vida cotidiana das comunidades e de afirmar sua identidade, as arpilleras se converteram em um meio de expressão tanto individual como coletivo, e em uma fonte de sobrevivência em tempos adversos. Muitas arpilleras fazem referência aos valores da comunidade e aos problemas políticos e sociais enfrentados e se tornaram uma forma de comunicação, tanto no próprio país como fora dele, sobre o que estava acontecendo. Além das próprias cenas de denúncias, muitas arpilleras tinham pequenos bolsos no verso que serviam para o envio de bilhetes.