Prefeitura do Recife realiza curso inédito com foco na saúde dos trabalhadores da construção civil
Capacitação segue até a próxima sexta. Foto: Ivanildo Francisco
Capacitação para dirigentes sindicais da categoria começou nesta segunda-feira (02)
Por Clarissa Macau
Em meio ao boom da construção civil em Pernambuco e com a aproximação da Copa do Mundo de 2014, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) da Prefeitura do Recife iniciou na manhã desta segunda-feira (02) o 1º Curso Básico em Saúde, Trabalho e Meio Ambiente. A iniciativa inédita pretende qualificar os 45 dirigentes sindicais da construção civil da capital pernambucana para intervenções e prevenção eficientes da segurança de trabalhadores nos canteiros de obras. A capacitação segue até a próxima sexta-feira (06) na sede do órgão, na Boa Vista, sempre das 8h ao meio-dia e das 14h às 18h.
“Esse curso é uma necessidade e um dever da saúde pública. Os trabalhadores da construção civil são atores essenciais em prol da segurança deles mesmos e de seus colegas”, comentou a diretora de Vigilância à Saúde do Recife, Adeilza Ferraz, na abertura do evento.
Nas boas-vindas ao grupo, os coordenadores do curso, Carlos Valença e Alexandre David Souza, reforçaram a importância da prevenção dos agravos que acometem os profissionais desse nicho e enfatizaram como a qualificação deverá ser aproveitada tendo em vista a realização dos campeonatos internacionais de futebol em 2013 e 2014 – que terão o Recife como uma das cidades-sede.
No primeiro dia de curso os participantes foram introduzidos ao contexto histórico do trabalho operário e sua relação com a saúde desde os anos 60, com a medicina do trabalho, cujo médico era o único especialista tido como capaz de cuidar dos trabalhadores. Depois, a discussão avançou para a saúde ocupacional, período no qual os equipamentos de proteção tiveram bastante relevância e o objetivo era minimizar e, se possível, zerar a ocorrência de acidentes.
A conversa continuou para os dias atuais, com a ascensão da saúde do trabalho, quando a multidisciplinaridade mostrou-se a melhor abordagem para o chamado controle social. Também coordenador e mediador das aulas, Admilson Machado explicou que, antigamente, o trabalhador era tido quase como uma peça descartável. “Um se acidentava, era só contratar outro no lugar. Agora não, com a saúde do trabalho, procura-se entender o que é melhor para o bem-estar completo desses profissionais, respeitando principalmente o mapa de risco. Pela vivência e experiência deles queremos fazê-los compreender qual a melhor forma de evitar acidentes graves e banais, além dos agravos das doenças contraídas enquanto se trabalha”, destacou.
A representação dos riscos é outro conteúdo na programação do curso. Criado pelo movimento operário italiano, o gráfico adaptado para a realidade brasileira demonstra os pontos mais perigosos de uma indústria de construção civil. Ele é elaborado pelos trabalhadores sob a supervisão dos técnicos de segurança da empresa com a intenção de encontrar as melhores soluções para a manutenção do bem-estar do profissional.
As expectativas dos alunos para as aulas são positivas. Ligado ao sindicato da categoria há mais de 20 anos e funcionário de uma grande construtora do Recife, Humberto da Silva acredita na relevância do curso. “Ele será muito útil para gente porque tornará possível a procura por novas resoluções e por motivar a prevenção à nossa saúde no ambiente de trabalho, evitando vários dos acidentes que ocorrem por aí”, destacou.
Entre os temas que serão trabalhados até a sexta-feira (06) estão legislação em saúde do trabalhador; negociação e análise das condições laborais; e comissões internas de prevenção de acidente. Uma segunda edição do curso ocorrerá entre os dias 23 e 27 de julho.
Atuação – O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Recife promove ações para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida do trabalhador por meio da prevenção e vigilância. Dentro dessa perspectiva, o Município tem várias competências em relação às ações de saúde do trabalhador, entre elas: capacitar o controle social para identificar e atuar nas situações de riscos à saúde relacionadas ao trabalho, sobretudo, nos ambientes de trabalho e sobre os processos produtivos para garantir a transparência na condução dos processos administrativos no âmbito do direito sanitário.