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Cultura | 02.07.22 - 19h07

Com muita tradição e cena atual, São João do Recife abre espaço para os festejos juninos

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São 115 atrações neste primeiro fim de semana. Festejo segue até o dia 15 de julho com nomes como Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Irah Caldeira e outros, além dos trios pé de serra e as quadrilhas. Prefeito João Campos acompanhou a abertura da festa (Foto: Rodolfo Loepert/PCR)

O São João do Recife começou nesta sexta-feira (1º) com a abertura dos festejos juninos no Sítio Trindade, em Casa Amarela, tendo como marca as mais autênticas tradições e a solidariedade. Com o tema “São João, nossa bandeira”, neste primeiro fim de semana de programação, 115 atrações estão celebrando a alegria e as tradições juninas no Sítio Trindade e em cinco bairros da cidade: Barro, Bongi, Brasília Teimosa, Cordeiro e Lagoa do Araçá. As festividades seguem até o dia 15 de julho. O prefeito João Campos acompanhou a primeira noite de festa no principal polo da cidade, na noite de hoje.

 

“Estamos aqui no Sítio Trindade. Hoje começou o São João do Recife, um festejo solidário que representa o início da retomada das atividades culturais presenciais na nossa cidade. A gente convida a todos e todas a vir com família e amigos para poder celebrar o São João, que este ano precisou ser em uma data diferente, mas que acontece com o clima de solidariedade envolvendo a nossa cultura. Poder ver o Sítio Trindade cheio de gente, de famílias e de pessoas se divertindo é algo muito bonito, que enche o coração de esperança com a certeza que a Cultura é uma chama muito forte que o Recife tem e que a gente tem que cultivar”, destacou o prefeito João Campos 

 

O primeiro ciclo festivo dos últimos dois anos na cidade retoma sem esquecer da solidariedade. “A gente está sempre marcando e convidando que o Recife é uma cidade solidária, nossa cultura, nossa tradição, também é solidária. Por isso, estamos arrecadando donativos para poder destinar às famílias atingidas pela chuva. Todo mundo que faz cultura tem muita sensibilidade e com o São João do Recife podemos fortalecer com todos que fazem a cidade, uma festa que seja bonita, que traga lazer, diversão e entretenimento, mas que também traga solidariedade”, completou o João Campos. 

 

Neste ano, por conta das fortes chuvas, um dos elementos mais marcantes do São João do Recife já está sendo a solidariedade. Logo na entrada do Sítio Trindade, foi montado um ponto de coleta de alimentos não perecíveis, artigos de higiene pessoal e fraldas descartáveis para bebês. Todo material arrecadado será entregue para famílias atingidas. O ponto de arrecadação segue funcionando até o dia 15 de julho, das 12h às 22h. 

 

A programação do São João do Recife 2022 conta com a forte presença de artistas locais e no polo principal do Sítio Trindade ainda há intérpretes de libras para garantir a acessibilidade às composições musicais e traduzir a cultura nordestina. Os festejos juninos da cidade contam com nomes como Silvério Pessoa, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Irah Caldeira, Nando Cordel, Quinteto Violado, Dona Glorinha do Coco, Mestre Galo Preto, Cristina Amaral, Terezinha do Acordeon, Salatiel de Camarão, Jorge de Altinho, Santanna, Geraldinho Lins, Josildo Sá e outros, que vão agitar o arrastá-pé nos polos descentralizados da cidade, fazendo muitos casais dançarem agarradinhos, embalados com muito forró e ritmos tradicionais. Além de todo o brilho, é claro, dos trios pé de serra e dos sempre emocionantes grupos de quadrilha.

 

Antes mesmo do sol nascer, às 2h da manhã, a cozinheira Mônica Pereira, 59 anos, moradora de Casa Amarela, já estava de pé, produzindo comidas de milho com as mulheres da família: tia, irmã e sobrinha. Juntas no tradicional ritual de preparar comidas típicas para vender, tiveram a oportunidade de expor os quitutes no São João do Recife. “Foram dois anos sem vender nada, não ter nem como vender. Hoje estou tendo essa oportunidade de recomeçar graças à Prefeitura. Eu estou tão feliz que as pessoas já estão comprando minhas canjicas, minhas pamonhas. Eu estava descrente, mas agora eu estou feliz”, comemorou. 

 

Envolvida em melaço e corante vermelho bordô, a maçã do amor é o sustento de três gerações dos Silva, herança gastronômica que perpassa pelos homens da família. Hoje, seu Josenildo Silva, 43 anos, já ensina o ofício para o filho de 16 anos. “Eu nunca fiz nada na minha vida a não ser vender maçã do amor. Eu vendo a maçã do amor nos 12 meses do ano, mas é no São João, a festa tradição do Nordeste, que ela tem mais destaque. Eu nasci e me criei aqui no Sítio Trindade. Trabalhei há 30 anos para outra pessoa e agora eu trabalho para mim. A gente vive disso. Eu aprendi com meu pai, que já aprendeu com meu avô e ensino o que aprendi ao meu filho. É fazer pra vender e vencer”, contou. 

 

CONCURSO DE QUADRILHAS JUNINAS - No Sítio Trindade, a Prefeitura realiza os concursos de quadrilhas juninas adultas e infanto-juvenis. As disputas do 36º Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas começam neste sábado (2) e vão até 12 de julho. Participarão 32 grupos de todo o Estado, com 20 pares, cada. O tempo de apresentação de cada quadrilha será de 30 minutos.

 

Já o 18º Concurso de Quadrilhas Juninas Infanto-Juvenis será realizado, também no Sítio, no dia 2 de julho. Participarão seis quadrilhas: cada uma com 14 pares e 30 minutos para apresentação.

 

SÃO JOÃO DESCENTRALIZADO - Além do Sítio Trindade, os festejos se espalham ainda por 10 coloridos arraiais, em vários bairros da cidade. Cinco bairros recebem polos oficiais no primeiro fim de semana e mais cinco localidades no segundo. A Prefeitura do Recife ainda está apoiando a festa em 15 arraiais tradicionais, realizados pelas próprias comunidades.

 

Uma festa para toda a família, o São João do Recife veio afagar o coração de quem estava com saudades da autêntica tradição nordestina. Acompanhando a mãe, a irmã e os dois sobrinhos, o auxiliar administrativo Erick Gomes, 35 anos, almeja celebrar a cultura popular. “Esse é um tempo de reconciliar. Estamos há dois anos sem São João, por causa da pandemia, a gente estava precisando desse momento. Aqui é lugar familiar que dá pra brincar tranquilamente e apreciar uma seleção de musical”. Considerando o São João a melhor festa, a doméstica Maria Goiana, 60 anos, veio com a amiga para forrozar. “A gente vive da alegria, não pode ter tristeza. Eu vim para brincar”, afirmou.