Política Cultural do Recife em pauta na VI Conferência Municipal
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, participou na noite desta sexta-ferira (02.08), da abertura da VI Conferência de Política Cultural do Recife. Representando o prefeito Geraldo Julio, Luciano Siqueira destacou a identidade cultural local. “Embora sejamos uma cidade cosmopolita, que troca ideias e influências com o mundo inteiro desde que nasceu, o nosso povo foi construindo gradativamente uma identidade cultural, que embora se renovando sempre, mantém a cultura fiel às suas raízes, preservando a sua identidade”, disse.
Prosseguindo sua linha de reflexão, Luciano Siqueira falou sobre os desafios para a implementação do Sistema Nacional de Cultura (SNC), tema da III Conferência Nacional, como a dificuldade em realizar importantes reformas, como a política e a tributária, dada a forte presença de legisladores conservadores. "Estamos diante de novos desafios que podem se traduzir na realização de reformas estruturais. Precisamos, dentre tantas, de uma reforma tributária que permita resolver o desafio das políticas públicas para a cultura, para a educação, para a saúde", defendeu.
A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, apresentou reflexões sobre a cultura como contribuição para as definições da Conferência, citando referências de intelectuais como Paulo Freire, Ariano Suassuna e Jules Michelet. Leda reforçou ainda o papel de incentivador assumido pela pasta que dirige. "A cultura não é mera repassadora de verbas nem realizadora de eventos. A missão primeira da Secretaria de Cultura é o exercício da democracia, da cidadania, aperfeiçoando os mecanismos de formação e fomento para o setor", explicou.
Leda Alves enalteceu "a coragem, o interesse e a disponibilidade dos homens e mulheres que também estão aqui perseguindo ideias e utopias". Por fim, a gestora citou Williams Shakespeare. "A esperança é feita de batalhas perdidas e vitórias aviadas", e prosseguiu, "Pensem nisso e alimentem dentro de vocês a esperança de a gente conseguir o que busca, mesmo quando a gente perde algumas batalhas".
Já o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Roberto Lessa, fez uma breve prestação de contas do que tem sido feito pela gestão, como a adoção de editais nos processos seletivos como instrumento de transparência, e a continuidade dos grandes festivais que fomentam a produção e a difusão das linguagens artísticas, como o de Literatura, A Letra e A Voz, e o de Artes Visuais, Spa das Artes.
Lessa, que frisou a importância da plena implantação do SNC e das novas formas de financiamento à cultura, ainda falou sobre a necessidade da revisão da legislação que norteia a contratação de serviços na e para a cultura. "A mesma legislação que regulamenta a construção de civil e a produção industrial não pode ser a mesma que trata da especificidade de uma área que existe para encantar, para sensibilizar. Deve sim, haver normas que regulem a transferência de recursos públicos para a cultura, mas as mudanças são imprescindíveis para viabilizar a cultura como queremos", disse o presidente da FCCR, referindo-se à Lei 8666/1993, que normatiza a contratação pelos órgãos públicos.
Fizeram parte ainda da mesa de abertura a representante da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Teca Carlos, o assessor da Representação Regional Nordeste do Ministério da Cultura (RRNE/MinC), Roberto Azoubel, os secretários gerais do Conselho de Cultura do Recife, Gilvan Gomes e Sônia Pinto, e os convidados Marcos Cordioli, secretário de Cultura de Curitiba, e o gestor cultural Roberto Peixe, ex-secretário do Ministério da Cultura, responsável pela implementação do Sistema Nacional de Cultura.
Os debates da VI Conferência Municipal de Política Cultural do Recife continuam neste sábado (03), na UTEC, que fica na Av. Oliveira Lima, 824, Boa Vista.