Recife avança no combate às complicações da febre reumática
[caption id="attachment_39135" align="aligncenter" width="680"] Geraldo: "O engajamento de todos os profissionais de saúde nesse programa é fundamental". (Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR)[/caption]
A Prefeitura do Recife deu mais um passo no sentido de combater as complicações causadas pela febre reumática na cidade. Ao longo dos meses de outubro e novembro, 2.310 servidores da rede municipal de Saúde serão orientados sobre a importância de se aplicar a penicilina benzatina, mais conhecida como benzetacil, em pacientes com a doença. As capacitações serão realizadas pelo programa de Prevenção Secundária da Febre Reumática, lançado pelo prefeito Geraldo Julio nesta quinta-feira (3), no Centro de Formação de Educadores Paulo Freire, na Madalena.
Antibiótico injetável, a penicilina benzatina impede, quando aplicada a cada 21 dias, as complicações causadas pela febre reumática: sequelas cardíacas graves e irreversíveis, inflamações no cérebro, problemas nas articulações além de manchas na pele. Por ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 100 milhões com cirurgias cardíacas reparadoras em pacientes portadores da enfermidade.
O prefeito do Recife explicou que a aplicação correta do antibiótico evita que crianças vítimas da febre reumática tenham outros problemas de saúde no futuro. “O engajamento de todos os profissionais de saúde nesse programa é fundamental. Eles precisam ficar atentos na identificação da doença para fazer esse tratamento. Com isso, vamos melhorar a qualidade de vida de muita gente no Recife”, argumentou Geraldo Julio.
A primeira-dama do Recife, Cristina Mello, que é cardiologista pediátrica, vai ministrar aulas no programa. De acordo com a médica, a febre reumática atinge com maior frequência crianças com predisposição para infecções de garganta. “A incidência da bactéria prevalece nessa faixa etária. As pessoas mais velhas que têm diagnóstico da doença já chegam com sequelas cardíacas. Por isso, é preciso fazer o tratamento correto desde cedo", pontuou Cristina.
Por meio do programa, a Prefeitura capacitará servidores que atuam no Programa de Saúde da Família e servidores das policlínicas, a exemplo de médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, auxiliares e técnicos de enfermagem. Durante o processo de formação, os profissionais receberão pastas com informações sobre a doença e assistirão a um vídeo explicativo sobre a febre reumática. As aulas serão realizadas no próprio Centro Paulo Freire.
DOENÇA - A febre reumática é uma doença inflamatória de caráter autoimune, causada pela bactéria Estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield. A enfermidade, em geral, se manifesta por volta de sete a 15 dias depois de um episódio infeccioso de faringoamigdalite com febre. O pico de incidência ocorre em 3% das crianças entre cinco e 15 anos, que apresentam alterações no sistema imunológico por herança genética. Quanto mais jovem o paciente, maior o risco de a febre reumática deixar sequelas graves.
[caption id="attachment_39138" align="aligncenter" width="680"] Os 2.310 servidores da rede municipal de Saúde serão capacitados pelo programa de Prevenção Secundária da Febre Reumática. (Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR)[/caption]
Os sintomas da febre reumática são dor nas juntas, sopro cardíaco, quando há comprometimento das válvulas do coração, inflamação no músculo do coração, movimentos descoordenados dos membros, manchas avermelhadas na pele, febre baixa (37,5º C), falta de ar, entre outros. Para ter o diagnóstico correto, o paciente precisa fazer exames de sangue, de cultura de material da orofaringe e a pesquisa de anticorpos para identificar a presença do estreptococo.
Estudo do Instituto de medicina Integral Professor Fernando Fiqueira (Imip), realizado em um grupo de 53 pacientes de cinco a 14 anos, revelou que 13 deles desenvolveram um quadro grave da febre reumática. Desses, 100% apresentaram insuficiência cardíaca congestiva com edema pulmonar (acúmulo de líquido nos pulmões). Cerca de 70% das complicações cardíacas desses pacientes foram precedidas de febre e artrite.
Secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia afirmou que a febre reumática ainda é encarada como uma doença negligenciada, o que dificulta seu tratamento. "Esse é um tema especial porque está na linha das doenças negligenciadas e é um problema importante de saúde pública que precisa ser encarado. A tecnologia para enfrentar essa doença será o treinamento adequado dos nossos profissionais. É com muita responsabilidade que começamos esse trabalho, depois faremos o monitoramento de tudo", ressaltou.