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Educação | 04.02.16 - 11h52

Governo do Estado divide experiências sobre educação integral com professores da rede municipal

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Professores, coordenadores e gestores das escolas integrais do Recife ouviram relatos de experiências de representantes da rede estadual, que é referência em ensino integral no País (Foto: cortesia)

 

Mais de cem professores da rede municipal de ensino do Recife, que voltaram ao trabalho nesta quarta-feira (03) com o intuito de planejar as atividades para o início do ano letivo 2016, participaram do 1º Seminário de Educação Integral do Recife, na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife (EFAER) Professor Paulo Freire, na Madalena. Representantes da Secretaria Estadual de Pernambuco relataram as experiências da implantação do ensino integral na rede estadual. A modalidade de ensino, que hoje é realidade em 300 unidades de Ensino Médio e 30 de Ensino Técnico, é considerada fator determinante no salto do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb): Pernambuco saiu do 21º lugar do País em 2007 e foi para o 4º lugar do em 2013.

O seminário foi aberto pelo secretário-executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação Recife, Rogério Morais, que explicou um pouco como funciona o Programa de Escolas Municipais em Tempo Integral (EMTI). O programa, que começou a ser implementado em 2014, oferta atividades além do currículo escolar tradicional, proporcionando ao aluno o desenvolvimento de práticas que auxiliarão a construção de seu projeto de vida. "Hoje temos seis escolas integrais na rede municipal de ensino. A mais nova é a Reitor João Alfredo, que passa a ser integral em 2016. Este ano queremos consolidar essa política de educação integral. Estamos num momento de aprendizado, de troca. Por isso agradecemos o apoio do Governo do Estado".

O secretário-executivo de Educação Profissional da rede estadual, Paulo Dutra, falou das dificuldades enfrentadas para transformar as escolas regulares em integrais. "Em 2008, a mudança nas primeiras 51 unidades foi muito difícil. Havia um pânico de que ia prejudicar professores porque uma escola regular tem mais de 40 docentes, enquanto as integrais tem cerca de 25. No começo, ninguém queria se tornar integral: nem os pais e nem os professores. Até pro estudante era difícil imaginar que ia passar o dia na escola. Hoje todo mundo quer estudar numa escola integral", lembrou o professor de física, que é da rede estadual há 35 anos.

Para Paulo, que trabalha com a educação integral desde 2008, o ensino integral não é simplesmente ampliar a carga horária e colocar o aluno numa escola bonita. "Temos unidades de ensino com estrutura física boa e desempenho pedagógico ruim, assim como o contrário. Saímos da lógica de que uma escola só pode ser boa se tiver uma estrutura física boa. A proposta filosófica é a essência da educação integral. Passamos a valorizar a educação interdimensional, que visa formar o aluno como um todo, para que cada um trabalhe na construção de seu projeto de vida. Pra a educação dar certo, duas coisas são essenciais: a vontade política de transformar aquilo em política pública e o técnico agindo. Ainda temos muito o que melhorar, mas, se já temos resultados positivos começando o ensino integral pelo Ensino Médio, imagine se a educação integral começar no Ensino Fundamental".

Já a superintendente pedagógica da Secretaria Estadual de Educação, Maria Medeiros, falou da importância do monitoramento pedagógico bimestral. Como professora de biologia da rede estadual há dez anos, ela vivenciou o primeiro monitoramento quando ensinava numa escola de Timbaúba, na Mata Norte de Pernambuco. "As políticas públicas precisam ser monitoradas e avaliadas porque a sociedade precisa saber dos resultados. Precisamos dar um retorno sobre a implementação de cada política pública. É essencial acompanhar o resultado das escolas e problematizar os dados. Após a análise dos resultados, pensamos juntos que estratégias adotar para superar a dificuldade apresentada pelos estudantes. Pedimos aos professores que façam propostas de intervenção onde todos sejam corresponsáveis pelos resultados. O monitoramento bimestral nos dá a oportunidade de avaliar durante o processo, na caminhada do estudante, para poder propor ações ao longo do ano letivo".

Segundo Maria Medeiros, o monitoramento pedagógico também inclui o trabalho em cima da proposta interdimensional com um grupo de estudantes, para que eles sejam multiplicadores. Os jovens protagonistas fazem, por exemplo, a acolhida dos estudantes no 1º ano, numa conversa de jovem para jovem em que eles explicam como funciona a escola integral. Um desses protagonistas é Diego Darlan, ex-aluno da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Porto Digital. Ele concluiu o 3º ano em 2009, se formou em matemática pela Universidade Rural de Pernambuco (UFRPE) e hoje coordena equipe de protagonismo da EREM Porto Digital.

"A escola vai dar certo se professores e alunos trabalharem juntos. Se a escola é boa ou ruim, o estudante também é responsável por isso. Ele também tem que mudar na sala de aula. O jovem protagonista é o que transforma e ajuda a escola a dar certo. Ele vai modificar a sociedade através das escolhas dele, aos poucos", disse Diego, no seu relato se experiência durante o seminário.