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| 04.04.12 - 17h04

Intervenções em desenho ocupam espaços do Museu Murillo La Greca

[caption id="attachment_16015" align="alignleft" width="334" caption="As intervenções podem ser conferidas pelos visitantes até o dia 6 de maio. Foto: Inaldo Menezes"][/caption]

Trabalhos inéditos das artistas plásticas recifenses, Karinna Veloso e Tati Móes, foram apresentados ao público nessa terça (03) à noite no Museu Murillo La Greca. O desenho marca fortemente essas obras, o que garante franco diálogo com Um Outro Olhar, exposição que traz um recorte da obra de La Greca em exposição nas primeiras salas do Museu. A mostra pode ser visitada até o dia 6 de maio.

Karinna Veloso vem desenvolvendo ideias em artes visuais que se aplicam a suportes tão diversos quanto desenho e videoarte. Em 2004, foi umas das ganhadoras da primeira bolsa de estímulo à Produção Artística do SPA das Artes com a intervenção urbana Chocolate Quente, que resultou também em uma peça de videoarte.

Depois do SPA, Karinna passou por vários países na América Latina e Europa, tendo se graduado na Escola de Artes de La Palma, em Madri. Das viagens, uma série com 230 cartões-postais sobre os quais a artista fez intervenções em desenho que deram origem à exposição Pontos de Memória. Ora reveladoras, ora divertidas, desenhos a caneta representando órgãos sexuais dialogam com lugares turísticos, figuras públicas, ícones da cultura ocidental.

Com as interferências, a artista pretende questionar o papel do observador diante do patrimônio cultural e seu poder de intervir sobre ele. Sobre a escolha dos personagens, explicou: “Brinco um pouco com a figura do ‘falo’ que representa o poder masculino e a fonte da reprodução, assim como o seio feminino onde a fragilidade e o alimento representam a mulher no seu papel dentro do que impõe a sociedade e a vida”.

Em outra sala, um jardim, ambiente psicodélico de plantas e cores, muitas das flores, frutos e animais ali representados têm sua forma composta por representações de órgãos sexuais. Esse jardim de luz encantou a artista plástica Dani Pessoa: “Parece que as flores estão borbulhando”. Ela se referia ao efeito de movimento alcançado pelo uso de cores em tons elétricos sobre fundo branco e luz negra.

Tati Móes no Projeto Fachada

De uma raiz pode brotar toda a natureza. Nos desenhos que ocupam as paredes da fachada frontal do Museu, brechas se abrem para surgirem animais da terra, da água e do ar, peixes, girafas, um unicórnio. Na luta por se libertar, uma baleia azul encontra espaço no teto da varanda do La Greca.

Bestiário surge das mãos de Tati Móes a partir de estudos rascunhados há tempos em seus sketchbooks. “Esses sketches começaram por influência de uma iluminura, muito bonita, onde vê-se o momento no qual Adão, por vontade divina, batiza as bestas. Para o mural, desejava passar aquele sentimento de unicidade e individualidade que senti ao me deparar com a iluminura. Interessante é que só depois dos murais finalizados, me lembrei de umas pinturas feitas há uns cinco anos, retratando animais de várias espécies coexistindo num espaço negro”, relembrou a artista.

Convidada para a terceira edição do Projeto Fachada, Tati contou ter enfrentado uma dificuldade diante do desafio de interagir com a casa e os jardins do Museu, acostumada que estava com trabalhos em superfícies menores, como ilustrações para livros infantis e pinturas sobre telas. Para obter um resultado que se diferencia do grafite urbano, optou pelo uso do spray associado a posca (caneta com tinta acrílica) e giz. 

As exposições podem ser visitadas até o dia 6 de maio, nos seguintes horários: terça a sexta-feira, das 9h às 17h e sábado e domingo das 13h às 17h. Outras informações, no site do museu: museumurillolagreca.com.br.