Seminário debate igualdade de gênero nas escolas
Voltado para o corpo docente municipal, o evento contou com palestras e com um balanço de atuação do Maria da Penha vai à Escola
Igualdade entre meninos e meninas, descontrução de preconceitos e a promoção de um novo tipo de educação foram alguns temas debatidos no I Seminário Maria da Penha vai à Escola - Por uma Educação Não-Sexista, promovido pela Prefeitura do Recife, por meio das Secretarias da Mulher e de Educação. O evento ocorreu nesta sexta-feira (4), na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, no bairro da Madalena, e foi voltado para o corpo docente municipal.Também foi anunciado, na cerimônia, um balanço da atuação dos dois anos da ação Maria da Penha vai à Escola, desenvolvida pela pasta da Mulher, em parceria com a Educação, e que realiza, através de oficinas lúdico-pedagogicas, uma série de discussões acerca da igualdade de gênero no ambiente escolar. O seminário fez parte da programação dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
Na mesa de abertura, estiveram presentes a secretária-executiva da Secretaria da Mulher, Ceça Costa, a vice-gestora da Escola de Formação Paulo Freire, Kátia Marcelina, a coordenadora do Grupo de Trabalho em Educação e Sexualidade, Lúcia Bahia, e a coordenadora da equipe de formação pedagógica da Secretaria municipal de Educação, Giselia Chaves. Em sua fala, Ceça comentou sobre a importância de partilhar conhecimentos e oportunidades com a Secretaria de Educação. "Estar no espaço de formação dos professores e professoras municipais é uma forma de poder construir uma sociedade menos machista e menos sexista", pontuou.
A gerente-geral de Promoção de Cidade Segura para as Mulheres, Tádzia Negromonte, apresentou um balanço de 2014 a 2015 do Maria da Penha vai à Escola. Nos dois anos do projeto, mais de 100 escolas foram contempladas e quase seis mil alunos passaram pelas oficinas. A ação é voltada para meninos e meninas do Ensino Fundamental I e tem uma abordagem construtivista. O objetivo é a promoção de um ambiente escolar onde os alunos de diferentes identidades valorizem as diferenças e construam a igualdade. Durante as oficinas, são desenvolvidas atividades que reconstroem conceitos e envolvem o professorado, mães e pais.
O seminário contou a palestra da especialista em gênero da ONG Plan Internacional, Viviana Santiago, que fez um breve histórico do movimento feminista e apontou questões sobre gênero e sexualidade. A pesquisadora comentou que é preciso modificar as práticas pedagógicas para promover uma sociedade mais inclusiva.A segunda conversa foi com o mestre em Educação e professor da rede por mais de 15 anos, Nielson da Silva Bezerra, que falou sobre Educação Não-Sexista. O professor apontou casos de sexismo nas escolas como a ocupação diferenciada dos meninos e meninas nos espaços da unidade escolar, a questão da normatização das roupas das alunas e o conceito de belo que é utilizado, segundo Nielson, como um modelo de controle do sistema escolar.
"Temos que desenvolver ações que possibilitem a mudança na educação, como a formação de professores, o enfrentamento de preconceitos sociais e a promoção das discussões sobre igualdade de gênero dentro das salas de aula. Esses padrões que nos foram impostos vêm violentando a sociedade e principalmente as mulheres. Precisamos repensar tudo isso", finalizou.