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| 05.06.13 - 16h51

Prefeitura do Recife participa do Dia Estadual de Combate à Hanseníase

Ações buscam orientar população e diagnosticar precocemente possíveis casos

Nesta quinta (06), a Secretaria de Saúde do Recife vai participar de uma ação de educação e prevenção, por conta da primeira celebração do Dia Estadual de Combate à Hanseníase (criado em outubro de 2012). Das 9h às 16h, no Pátio do Carmo (bairro de Santo Antônio), a população poderá receber orientação e realizar exames clínicos dermato-neurológicos com médicos especialistas, que devem encaminhar os casos suspeitos para receber tratamento nas unidades de referência mais próximas de suas residências.

O evento tem como objetivo chamar a atenção da população e profissionais de saúde para a problemática da hanseníase. A ideia é aumentar o índice de detecção da doença no Recife, de forma cada vez mais precoce. Para tanto, serão disponibilizados três consultórios na Carreta do Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Morhan).  Durante todo o dia, também serão desenvolvidas ações educativas, com apresentação de vídeos e distribuição de panfletos. Também estão planejadas, durante a semana subseqüente, ações de orientação em Nova Descoberta e no Ibura.  

“A gestão de Geraldo Julio está encarando a hanseníase como prioridade”, afirma o coordenador municipal de Doenças Negligenciadas, Jadson Galindo. “Infelizmente, em nosso município os índices ainda são altos, e a quantidade de casos, embora se mantenha estável, demonstra que muitas crianças menores de 15 anos vêm sendo afetadas, o que mostra que existe transmissão dentro dos domicílios”, lamenta. Desde abril, foi implementado o Programa Municipal de Doenças Neglicenciadas (Sanar-Recife), voltado para combater especificamente a doença, juntamente com a tuberculose, a filariose e as geohelmintíases.

As ações estão a cargo do Sanar-Recife, que está trabalhando em parceria com o Sanar-Pernambuco e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (Seção PE), além do Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (Morhan). Profissionais do programa municipal de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) dos Distritos Sanitários I, III e VI também vão dar suporte à ação.

DADOS SOBRE A HANSENÍASE-  Causada pela Mycobacterium leprae, mais conhecida como bacilo de Hansen, a hanseníase vem atingindo a humanidade há pelo menos quatro mil anos. A história da hanseníase está marcada pelo preconceito e estigmatização. Chamada vulgarmente como lepra, tem marcas profundas no imaginário coletivo, sendo citada na Bíblia e apontada como peste na era medieval. O desconhecimento contribuiu para que o"leproso" fosse visto como uma ameaça que deveria ser eliminada do meio social.

A hanseníase afeta os nervos e a pele, causando danos severos, e após o contágio, feito de forma direta, demora de dois a cinco anos para ter seus sintomas manifestados. É transmitida por meio da saliva do doente não-tratado, durante o ato de falar, espirrar ou tossir, pelas secreções nasais ou pela saliva. Se não tratado adequadamente, o mal pode causar deformidades no doente.  Porém, a doença tem cura, e o tratamento, dependendo da forma clínica, pode durar de 6 a 12 meses. A medicação é gratuita, estando somente disponível nas Unidades de Saúde do SUS (ou seja, não é vendida nas farmácias do comércio).

Atualmente, mais de 12 milhões de pessoas sofrem desse mal, em todo o mundo. A cada ano, cerca de 700 mil novos casos são descobertos, dos quais 90% ocorrem no Brasil, Madagascar, Moçambique, Nepal e Tanzânia.  No Brasil, são diagnosticados anualmente mais de 35 mil pessoas e o Recife, que apresenta índices maiores ou iguais a 40 casos por cada cem mil habitantes, é considerado um local hiperendêmico, de acordo com os parâmetros da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde.

Em 2013, o Sistema Informação Nacional de Agravos e Notificações  (SINAN) contabilizou provisoriamente no Recife, 201  casos, sendo que 15 foram em crianças menores de 15 anos. Esses dados são preocupantes, pois reforçam a necessidade de intensificar a divulgação dos sinais e sintomas da doença junto à população, bem como otimizar as ações de diagnóstico e acesso ao tratamento dos casos confirmados.