Mulheres discutem desafios e ascensão feminina no hip hop no Júlia Santiago
O encontro reuniu nomes em destaque no cenário nacional para troca de experiências
Ascensão das mulheres, desafios na carreira e empoderamento feminino foram temas discutidos no debate Mulheres no Hip Hop: Protagonismo, Produção e Geração de Renda, no Centro Municipal da Mulher Júlia Santigo, no bairro de Brasília Teimosa, na última quarta-feira (4). O encontro reuniu as rappers Camila Rocha (PB), Dory de Oliveira (SP), Lívia Cruz (PE) e a artista Karen Valentim (ES), representantes do gênero no Recife e mulheres interessadas na questão. A mediação foi da educadora social e artista Gabi Bruce (PE).
O objetivo da ação, segundo a secretária da mulher do Recife, Ivaneide Dantas, é a importância da troca de experiências entre as participantes, o fortalecimento da participação feminina em espaços historicamente ocupados por homens. "Esse encontro permitiu que as jovens trocassem informações sobre o dia a dia da carreira, debatessem sobre os desafios que as mulheres enfrentam no hip hop e se fortalecessem para enfrentá-los e continuar atuando na área. As artistas já renomadas conversaram com as que estão iniciando na perspectiva de incentivar a desconstrução de preconceitos e comportamentos machistas", disse a gestora.
Dory de Oliveira, rapper e compositora, contou sua experiência de mais de 10 anos no hip hop. "Ser mulher é uma luta constante no hip hop. Lutar por espaços, eventos que paguem as mulheres e há um medo grande dos homens que as mulheres os superem", conta. Dory é reconhecida nacionalmente pelas suas letras politicamente engajadas. Já Camila Rocha, rapper e artista, comentou como o machismo faz parte da cultura hip hop. "As mulheres, no mundo dos rappers, são tratadas como acessórios dos homens. Nós precisamos nos fortalecer no cenário nacional", revelou.
Em sua fala, Lívia ressaltou os desafios na carreira. "Passei por todas as dificuldades por ser mulher. Achavam que me davam privilégios que na verdade eram violências. Mas chegar onde cheguei é uma afirmativa de que é possível". A grafiteira e participante do coletivo Tamojunto, do estado do Espírito Santo, Karen, compartilhou com as convidadas os trabalhos realizados pelo grupo que são voltados para as meninas. "Estimulamos as meninas a andarem de skate e damos um 'rolê' pela cidade com elas. Isso é muito significativo porque moramos em um estado muito violento e com uma forte cultura machista", finalizou.