Professores recebem formação para atender alunos da Educação Especial
Os professores da Rede Municipal de Ensino do Recife participam, até a próxima semana, de formações em tecnologia assistiva para aprimorar o atendimento dos alunos da Educação Especial. A iniciativa da Secretaria de Educação do Recife tem como objetivo aperfeiçoar a metodologia de ensino aplicada dentro de sala de aula aos estudantes com deficiência e altas habilidades/superdotação. Nos cursos, estão sendo utilizados robôs humanoides e mesas interativas. Cerca de 150 docentes do Atendimento Educacional Especializado (AEE) participam das duas formações, que começaram na última segunda (02) na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife Professor Paulo Freire, no bairro da Madalena, e no Centro de Tecnologia na Educação e Cidadania (Cetec), na Boa Vista.
Na Escola Paulo Freire, um grupo de professores aprendeu a usar robôs para facilitar o aprendizado dos cerca de 300 alunos da Rede Municipal que têm autismo, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e altas habilidades/superdotação. Batizados de NAO, que significa cérebro em chinês, os robôs fazem parte do Programa Robótica na Escola, lançado no ano passado. De acordo com a chefe da Divisão Pedagógica da Secretaria Executiva de Tecnologia na Educação, Cleoneide Brito, o projeto de robótica aplicada aos estudantes com autismo, TDAH e altas habilidades é pioneiro em Pernambuco. "A tecnologia será usada como instrumento no processo pedagógico de atendimento especializado para o desenvolvimento das crianças. As pesquisas comprovaram a eficácia da proposta. Tivemos um exemplo disso em 2014, quando levamos os humanoides às escolas. Uma criança autista que nunca havia falado pronunciou as primeiras palavras no momento em que viu o robô", relata Cleoneide.
Professora há 29 anos e há oito atuando como docente no Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS) da Prefeitura do Recife, Audray Marques dos Santos comemora o vanguardismo da iniciativa. "Esses alunos não encontravam espaço na sala de aula, não eram compreendidos. Agora elas poderão ser desafiadas de uma forma que a escola nunca fez. Usando as palavras do pesquisador americano Joseph Renzulli, estamos criando as condições para que essas crianças se tornem produtoras de conhecimento, e não só consumidoras", acredita a docente.
Dentro dessa mesma perspectiva de integrar tecnologia e educação inclusiva, também estão sendo formados, até o dia 12, os professores do Atendimento Educacional Especializado que ficarão responsáveis pelo uso de mesas interativas nas aulas para alunos com deficiência. Os equipamentos facilitam bastante a alfabetização dos estudantes e o aprendizado de matemática, aliando os conteúdos da grade curricular a jogos interativos. Para que possa ser usada por alunos cegos e surdos matriculados na Rede Municipal, as mesas também são equipadas com software especial que adapta as funcionalidades disponíveis à Libras e ao braille.
A formação das mesas interativas é realizada em parceria com a empresa Positivo, que fornece os monitores que ministram os cursos e também os softwares adequados às necessidades dos estudantes. Viviane Eugênia, professora da Escola Municipal André de Melo e uma das participantes da formação, ressaltou o diferencial das mesas no atendimento aos alunos. "Além de todo o conteúdo especial que ela proporciona, a mesa também é bastante atrativa e vai nos ajudar a prender a atenção das crianças, sejam elas com deficiência ou não. Além disso, me chamou a atenção o tamanho das peças, que se encaixa muito bem às necessidades de quem tem baixa visão, por exemplo", observou.
A expectativa da Secretaria de Educação do Recife é utilizar os robôs humanoides e as mesas interativas também nas 87 salas de recursos multifuncionais que atendem alunos com necessidades educacionais específicas. Os cerca de três mil estudantes com deficiência da Rede Pública de Ensino do Recife estão distribuídos nas salas regulares de todas as unidades de ensino, tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). No contraturno, eles desenvolvem trabalhos direcionados com 227 professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que são os docentes com pós-graduação em Educação Especial.