Prefeito João da Costa prestigia lançamento do programa de combate às doenças negligenciadas em Pernambuco
Programa é resultado da experiência iniciada no Recife
Por Tádzio Estevam
O prefeito João da Costa participou, nesta sexta-feira (06), do Fórum de Mobilização para Enfrentamento das Doenças Negligenciadas em Pernambuco, evento ocorrido no auditório do Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e que contou com as presenças do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, dos secretários de saúde Antônio Figueira (estadual) e Gustavo Couto (municipal), políticos e representantes de vários segmentos da sociedade.
Diante de um auditório lotado de profissionais, João da Costa falou do sucesso do programa, cuja visibilidade foi proporcionada pelas experiências já obtidas no município. “Esse programa está muito bem articulado em todos os níveis – municipal, estadual e federal. Doenças como hanseníase, tuberculose, filariose e verminoses, são patologias que afetam a todos, mas, principalmente, pessoas mais humildes. Com o fortalecimento da nossa rede de saúde - que vem acontecendo diariamente, estamos conseguindo combater esse problema e atender às necessidades dessas pessoas”, disse.
De acordo com o secretário municipal de saúde, Gustavo Couto, a experiência que partiu do Recife agora para outros municípios do Estado só aumenta a responsabilidade e amplia a visão de rede. “Esta é uma responsabilidade pública. Quando juntamos os atores que participam diretamente da questão como estado, município e instituições parceiras, ampliamos nosso compromisso. Vivemos uma época de evolução. Por isso, temos que minimizar ao máximo a vulnerabilidade e os riscos a que está exposta a população”, comentou.
A evolução na área também foi destacada com alegria pelo governador Eduardo Campos. Além de agradecer ao apoio recebido pelo Ministério da Saúde e da presidente Dilma Roussef com relação às chuvas que assolam o interior de Pernambuco, o chefe do executivo estadual demonstrou satisfação no lançamento da mobilização. “Pernambuco vive hoje um momento muito bom, marcado por significativas construções, inclusive na área da saúde. A mobilização para o combate às doenças negligenciadas será assumida por nós, uma vez que a população menos favorecida e suscetível precisa de mais assistência”.
Em seu discurso, o ministro Alexandre Padilha chamou atenção para o esquecimento e falta de preparo de alguns profissionais para lidar com as patologias. “As doenças negligenciadas também são conhecidas por doenças esquecidas, seja por parte da indústria farmacêutica, das instituições acadêmicas e até mesmo pela classe médica, na qual profissionais não sabem ainda identificar os principais sintomas na população. Porém, essa realidade irá mudar aqui em Pernambuco. Essa mobilização iniciada hoje com a presença de todos vocês, profissionais da saúde nos municípios pernambucanos, estabelecerá o verdadeiro papel de cada um no combate a essas doenças. Esse programa consiste num grupo de ações que vai mudar essa história, inclusive, com a expansão dele para todo País”, finalizou.
Programa de Enfrentamento às Doenças Negligenciadas - iniciado hoje pelo Estado - é o resultado de uma experiência que teve inicio no Recife, Olinda e Jaboatão em outubro de 2010. Na época, as secretarias de saúde desses municípios foram escolhidas para receber recursos na ordem de U$ 580 mil para tratar doenças negligenciadas como filariose, hanseníase, esquistossomose e verminoses. Esses recursos são provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio da Fundação Norte-americana Bill e Melinda Gates, que estão financiando esse combate não só no Brasil como também em outros quatro países da América Latina (México, Guatemala, Haiti e Guiana). A escolha dessas três cidades se deu pelas altas taxas de prevalência de casos.
Contudo, a Secretaria de Saúde do Recife já deu início às ações mesmo sem ter recebido os recursos do BID, uma vez que o público alvo desse programa são alunos da rede municipal de ensino com idades entre seis e 15 anos (mais de cinco mil). O motivo do início imediato das ações foi aproveitar o início do ano letivo para poder concluir a primeira etapa do projeto em dois anos exatos.
Os estudantes de dez escolas municipais e seus familiares estão sendo examinados e tratados. É o caso da hanseníase, que mesmo não sendo considerada uma doença pediátrica, a identificação numa criança configura que a transmissão foi feita por um adulto que reside no mesmo endereço e que está ou não sendo tratado.
Além da hanseníase, outra doença que está muito presente na vida dessas crianças são as helmintíases (ascaridíase, tricuríase, oxiuríase, teníase, etc), no qual 30% desse público tem algum tipo de helmintíase. E isso acaba atrapalhando o desenvolvimento escolar dos alunos.
Em março deste ano, a Secretaria de Saúde do Recife foi convidada para apresentar a experiência municipal para a Secretaria de Saúde de Pernambuco. O encontro que contou com os representantes das pastas municipal e estadual, aconteceu na própria SES e ocasionou na assinatura de uma carta de intenções entre a esfera estadual, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e o Sabin Vaccine Institute (EUA) para que a experiência do Recife fosse replicada para o estado inteiro.