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Cultura | 06.05.19 - 12h06

Prefeitura do Recife promove seminário para discutir práticas e teoria da tradição quadrilheira

Com mediação do professor da UFPE Hugo Menezes Neto, serão quatro encontros, de hoje (6) até quinta-feira (9), para tratar de discussões teóricas sobre a cultura quadrilheira e das regras dos concursos promovidos pela Prefeitura

De hoje (6) até a próxima quinta-feira (9), a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, promove o Seminário Ciclo Junino do Recife, convocando os quadrilheiros a discutir e refletir sobre desafios e limites atuais que forjam a cultura quadrilheira a partir das noções de articulação, mobilização e relações comunitárias, tradição e modernidade, diversidade, tolerância e gestão das diferenças.

Serão quatro encontros, conduzidos pelo professor do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco Hugo Menezes Neto, com início às 14h, no Museu da Cidade.

Além das discussões teóricas, os quadrilheiros receberão informações e explicações sobre as regras dos concursos de quadrilhas adultas e infanto-juvenis, promovidos pela Prefeitura, a partir do próximo mês de junho.

Segundo Hugo Menezes, o seminário irá debater questões contemporâneas constitutivas do fazer das quadrilhas juninas, além de qualificar discussões que já existem no movimento quadrilheiro. “A ideia é, a cada dia, conciliar temas sócio-culturais urgentes, com os itens de julgamento, elementos caros à competição, mas que têm muito mais a manifestar sobre a vida desses grupos.”

As tardes, explica Hugo, serão divididas em dois momentos estruturados por motes previamente elaborados: "o primeiro momento tratará a quadrilha inserida no todo social, apontando desafios e limites atuais que forjam a cultura quadrilheira e as novas demandas impostas pelas festas juninas atuais; e o segundo será dedicado aos elementos estéticos formadores das quadrilhas, impulsionando os participantes a pensar o diálogo entre a experiência ordinária contemporânea e a estética em transformação apresentada no contexto extraordinário da festa junina. Todos os dias serão realizadas também rodas de conversa, com espaço para o debate."

Confira a programação:

 

Seminário Ciclo junino 2019

Por Hugo Menezes Neto

 

Segunda-feira (6/05)

O que será que será...

14h às 15h - “O que estamos fazendo com o movimento de quadrilha junina?”

Será discutida a ideia de um movimento de quadrilhas, historiando a experiência quadrilheira a partir das noções de articulação, mobilização e relações comunitárias. Ativando memórias do que fora o movimento, nas últimas décadas, e apontando algumas direções e desvios que se apresentam no horizonte do mundo social das quadrilhas.

15h20 às 17h - “Música e Coreografia: a juventude só quer dançar o passinho?”

Tratará de música e coreografia, a partir do binômio tradição e modernidade. A discussão será encaminhada para a reflexão do fazer quadrilheiro na relação com as demandas da juventude e na reinvenção das práticas e estéticas relacionadas.

 

Terça-feira (7/05)

Outro retrato em branco e preto...

14h às 15h - “Onde sua quadrilha esconde o preconceito?”

Será discutida a ideia de diversidade, aceitação, tolerância e gestão das diferenças, a partir da noção de que as quadrilhas podem ser espaços privilegiados para replicar ou recusar preconceitos e estereótipos socialmente construídos.

15h20 às 17h - “Figurino: chique é ser autêntico ou ser belo?” ou “dilemas entre luxo e pobreza na estética dos grupos juninos”

Para refletir sobre a composição do figurino como emblema da força simbólica e financeira das quadrilhas, os quadrilheiros serão confrontados com as ideias de belo e feio que historicamente norteiam debates no mundo social das quadrilhas.

 

Quarta-feira (8/05)

Amou daquela vez como se fosse máquina...

14h às 15h - “O que há de coletivo na sua construção” ou “você escuta o boy da última fileira?”

Serão discutidas as ideias de participação, coletividade, hierarquias e redes, a partir do mote da construção. O intuito é pensar que o movimento quadrilheiro não se faz sozinho, existem muitos agentes envolvidos. Tampouco uma quadrilha se faz sozinha, de um nome famoso ou de seus títulos.

15h20 às 17h - “Desenvolvimento de tema: onde estão todos na construção do todo?”

Com essa provocação, será debatida a ideia de desenvolvimento do tema como uma construção que demandas a muitas mãos, expertises específicas, interconexões, técnicas e subjetividades.

 

Quinta-feira (9/05)

Não se afobe que nada é pra já... ou Narciso acha feio o que não é espelho

14h às 15h - “O mundo competitivo das quadrilhas juninas é saudável?” ou “Haters, chipagens, hashtags no movimento junino”

Serão discutidas as ideias de competição, rivalidade, ódio que fazem parte das relações entre os quadrilheiros, ideias mobilizadas, em grande medida, pela experiência de competição que é fundamental para o movimento quadrilheiro.

15h20 às 17h - “Marcador e casamento: o que verbalizam os grupos juninos do Recife e RMR?” ou “O que faz uma boa história são as tensões e os conflitos, não o amor?”

Com essa provocação, será debatida a ideia de que esses dois elementos, marcador e casamento, são os espaços de verbalização, de fala dos grupos. Por meio deles há a expressão do que as quadrilhas pensam, e se convertem, esses dois elementos, em lugares para os grupos manifestarem as narrativas e posições políticas predeterminadas