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Cultura | 07.04.17 - 19h13

Seminário do Iphan encerra com assinatura da Carta do Recife

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Documento confirma a candidatura de 19 fortes brasileiros, entre eles o Forte das Cinco Pontas, ao título de Patrimônio Cultural Mundial, além de estabelecer diretrizes para uma gestão mais eficaz desses equipamentos (Foto: Andréa Rêgo Barros/PCR)

 

Na presença de autoridades dos governos federal, estadual e municipal, foi assinada nesta sexta-feira (7), no último dia do Seminário Internacional Fortificações Brasileiras – Patrimônio Mundial: estudos para análise de modelos de gestão e valoração turístico-cultural, a Carta do Recife. O documento reforça a candidatura de 19 fortes brasileiros ao título de Patrimônio Cultural Mundial, conferido pela Unesco. Um deles é o Forte das Cinco Pontas, gerido pela Prefeitura do Recife. Outros dois equipamentos pernambucanos estão nessa lista: o Forte do Brum e o Forte Orange.

O grupo é formado ainda por fortes localizados no Amapá, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Todos, de acordo com o Iphan, são produtos da ocupação marítima portuguesa e holandesa, estruturas remanescentes dos séculos XIV a XIX, que representam com a máxima fidelidade as construções defensivas implantadas àquela altura nos pontos que serviram para definir as fronteiras do Brasil.

A Carta do Recife, assinada hoje, também estabelece diretrizes para a gestão desses equipamentos, a fim de mantê-los vivos e atuantes no papel de salvaguarda da soberania nacional, trocando os canhões de outrora pela atividade turística, para preservar a cultura e a história do Brasil.

O documento estimula, por exemplo, a promoção do uso sustentável das instalações e a oferta de iniciativas de educação patrimonial, além de orientar que os fortes invistam na qualificação de suas ofertas, visando o turismo cultural.

“Esses fortes confirmam nossa vocação para a luta. São um patrimônio que merece todo reconhecimento”, comentou a secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, que participou da cerimônia, acompanhada pelo presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Diego Rocha.

Depois de assinar o documento, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, destacou a importância da cooperação entre as gestões das fortificações brasileiras. “Precisamos dessa troca de experiências para transformar essas estruturas de defesa em atrativos turísticos”, disse Bogéa, que foi buscar bons exemplos em outros países para serem apresentados no seminário realizado no Recife.

Entre os cases trazidos, destacaram-se os da Fortaleza de Dalt Vila, em Ibiza (Espanha), do Castelo de São Jorge, em Lisboa (Portugal), do Castelo de San Felipe de Barajas, em Cartagena de Indias (Colômbia) e do Sistema de Fortificações de Havana (Cuba). O Forte das Cinco Pontas, que abriga o Museu da Cidade do Recife em suas instalações, recebendo permanentes eventos e atividades culturais, também teve sua atuação destacada no evento.

“A cultura não só nos identifica como povo. É também uma atividade econômica fundamental. E, no que diz respeito à história e à cultura, Pernambuco sai na frente: é um estado com grande protagonismo no país”, afirmou o ministro da Cultura e pernambucano, Roberto Freire, que também assinou a Carta Recife.

O ministro do Turismo, Marx Beltrão, fez questão de declarar seu apoio irrestrito à candidatura dos 19 equipamentos junto à Unesco. “Somos o oitavo país em oferta de recursos culturais do mundo. Temos muito a oferecer a nossos visitantes. Precisamos ordenar essa oferta”, declarou.

Também assinaram a Carta do Recife José Luiz Jaborandy Rodrigues, representando o Ministério da Defesa; o secretário de Turismo, esportes e Lazer de Pernambuco, Felipe Carreras; e a secretária de Turismo, Esportes e Lazer do Recife, Ana Paula Vilaça. “Esse reconhecimento vai mudar o contexto e a forma de gestão dos fortes, por meio de ideias inovadoras e criativas. Para nós, pernambucanos, é um orgulho ter três equipamentos na lista dos 19 escolhidos no Brasil inteiro", destacou Ana Paula.

Confira a lista completa, com destaque para os equipamentos pernambucanos:

Forte São Tiago das Cinco Pontas

O Forte das Cinco Pontas foi erguido em 1630 por ordem de Frederik Hendrik (1584-1647), primo de Maurício de Nassau. A fortaleza foi batizada com o nome do príncipe, mas, devido à forma pentagonal, passou a ser denominada de Forte das Cinco Pontas. Com a tomada pelos portugueses, em 1654, foi feita a primeira grande reforma na edificação, reconstruída em pedra e cal e apenas com quatro pontas. A obra foi concluída em 1684 e rebatizada de Forte de São Tiago. Com a expansão da cidade, a fortaleza perdeu seu sentido de defesa e passou a ter novos usos: entre os séculos 18 e 19, funcionou como depósito geral e prisão; no início do século 20, foi quartel militar e, em 1938, foi tombado patrimônio nacional. Durante o final da década de 1970, sofreu outra grande reestruturação, dessa vez para sediar as instalações do Museu da Cidade do Recife.

Forte de Santa Cruz (Orange)

Com nome oficial de Forte de Santa Cruz, o Orange é um dos testemunhos da ação portuguesa e holandesa em Pernambuco durante o período colonial. O monumento foi construído em 1630 por militares holandeses, da Companhia das Índias Orientais, e sofreu diversas mudanças em sua estrutura desde a restauração portuguesa de 1654, mudando seu nome para Forte de Santa Cruz. Em pedra calcária e alvenaria de cal, foi tombado pelo Iphan em 1938 e é gerido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco.

Forte São João do Brum

A origem do Forte São João Batista do Brum remonta a 1595, quando foi erguido por corsários ingleses, sob o comando de James Lancaster. Mais tarde, o Forte passaria por várias expansões e modificações. Uma delas, que marcou a sua história, foi conduzida pelos holandeses, sob o comando de Schans de Bruyne, e transformou a edificação num dos principais pontos de resistência para o cerco das forças luso-brasileiras, entre os anos de 1630 e 1635. Tombado pelo Iphan desde 1938, o Forte pertence ao Exército Brasileiro e abriga atualmente o Museu Militar.

Fortaleza de São José, em Macapá (AP)
Forte Coimbra, em Corumbá (MS)
Forte de Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO)
Fortaleza dos Reis Magos, em Natal (RN)
Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB)
Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA)
Forte São Diogo, em Salvador (BA)
Forte São Marcelo, em Salvador (BA)
Forte de Santa Maria, em Salvador (BA)
Forte de N. S. de Mont Serrat, em Salvador (BA)
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ)
Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ)
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP)
Forte São João, em Bertioga (SP)
Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso Ramos (SC)
Forte de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC)