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Educação | 08.07.16 - 15h39

Escola municipal usa cães para estimular a integração e o aprendizado de alunos com deficiência

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Convívio com os animais, batizados" de Júlia e Júlio, vem favorecendo a inclusão social e as habilidades psicomotoras dos estudantes (Foto: Carlos Augusto/PCR)

 

A Escola Municipal Antônio Heráclio, em Água Fria, na zona norte do Recife, está utilizando um casal de cães para aprimorar os laços afetivos, sociais e motores de seus estudantes com deficiência. Criado no ano passado, o projeto Cãolega teve como ponto inicial o carinho e a amizade que todos os alunos demonstravam por dois cães vira-latas que costumavam "visitar" a unidade de ensino. A partir dessa observação, os cachorros foram "batizados" de Júlia e Júlio e passaram a conviver no dia a dia com todos os 400 alunos da escola, em especial os 30 com deficiência.

"No começo, o projeto não focava no aluno com deficiência de forma específica, mas começamos a observar que os dois animais estavam atuando como grandes aliados no processo de integração desses estudantes. A partir daí, começamos a incentivar esse convívio, o que acabou favorecendo a inclusão social e as habilidades psicomotoras desses alunos", explica a professora Juliana Ramos, criadora do Cãolega. Outro aspecto importante destacado pela educadora é que os alunos passaram a compreender, na prática, a importância de se respeitar e valorizar as diferenças, o que acabou aproximando todos os alunos.

Mas o grande ganho mesmo veio da convivência de Júlia e Júlio com meninos e meninas com deficiência. Foi o caso de Fernando de Melo, de 14 anos. Usuário de cadeiras de rodas, ele nunca tinha se levantado antes. Estimulado pela alegria e amizade dos dois cães, ele hoje não só se levanta e anda, como ajuda a alimentar, dar banho e até passeia com os animais pelo pátio da escola. "A presença deles me deu motivação para estudar mais e até conviver melhor com os outros colegas. Quando meus pais vêm me buscar, Julia faz questão de ficar ao lado, no portão da escola", contou Fernando, com um grande sorriso.

Maria Eduarda Ferreira Lopes, de 17 anos, tem deficiência intelectual. Antes de interagir com os dois cães, estava sempre triste, reclamando que os coleguinhas a perseguiam. Hoje sorri constantemente, e faz questão de estar sempre penteada e de unhas pintadas. "O ambiente na escola melhorou muito depois que passei a conviver, brincar, e ajudar a dar banho em Júlia e Júlio", ressaltou, abraçada com Júlia.

Também responsável pelo projeto, ao lado da colega Juliana Ramos, a professora Lucimeire Dias explica que os dois animais tem autorização da Vigilância Animal da Prefeitura para morar na escola. "Eles são castrados, recebem vacinas e acompanhamento regular de um médico veterinário, têm suas casinhas e até fardamento para eventos especiais", conta Lucimeire, lembrando que 40 alunos atuam diretamente no Cãolega.