Ações da PCR contribuem para a tranquilidade na Festa do Morro
Nossa Senhora da Conceição não é a padroeira do Recife. O título pertence a Nossa Senhora do Carmo. Mas a fé que levou cerca de 800 mil pessoas a subir o Morro da Conceição confere às festividades da Santa o status de maior festa católica de Pernambuco. São dez dias de festas religiosas e profanas, encerradas nesta quinta-feira (08). A Prefeitura do Recife montou um esquema de serviços à altura da grande manifestação popular e atuou fortemente nas áreas de trânsito, limpeza, transporte, ordenamento do comércio ambulante e infraestrutura, tudo para que a população vivenciasse esse momento de fé com muita tranquilidade e segurança.
Nas vias de acesso ao Morro, como as ruas Belarmino Henrique, Itaquatiara e São Gonçalo do Amarante, além Largo Dom Luiz e a Estrada do Morro da Conceição, foram montados bloqueios. O trânsito era liberado apenas para veículos em serviço. O monitoramento foi feito com o apoio de 40 agentes de trânsito. Para facilitar ainda mais a caminhada dos que iam agradecer graças alcançadas, fazer ou pagar promessas ou simplesmente circular pelo Morro, a Dircon atuou 24 horas com equipes que se revezavam em turnos, num total de 318 pessoas. A missão principal foi coibir a colocação de barracas ou tabuleiros de comércio irregular, ação realizada por meio de suas equipes de solo, barreiras e apreensão. “Estamos aqui desde o dia 29 de novembro e nosso trabalho está sendo bem tranquilo”, afirmou Cícero Vítor Sales, um dos supervisores de equipe da Dircon. “Procuramos observar comerciantes sem autorização ou mesmo aqueles autorizados que extrapolam a área destinada ao comércio. Damos orientação, notificamos o comerciante irregular e só em último caso partimos para a apreensão”, disse o supervisor, que contabilizou, em média, quatro apreensões diárias.
O resultado da atuação da Dircon, para quem trabalhou legalizado, foi um maior retorno nas vendas. É o caso de Edilene Alves de Melo. Ela mora em Olinda, mas há seis anos monta sua barraca de imagens, fitinhas, calendários e outras lembranças da Santa no Largo Dom Luiz. Edilene estava credenciada pela PCR para trabalhar durante a Festa do Morro e elogiou o trabalho de disciplinamento do comércio feito pela Prefeitura. “É muito bom porque nós podemos escolher o local que queremos montar nosso comércio e não há perigo de chegarmos e encontrar alguém no nosso lugar, isso ajuda muito nas vendas porque os clientes ficam conhecendo a gente.” Edilene também gostou do trabalho de varrição promovido pela PCR: “de instante em instante tem gente varrendo aqui, a limpeza está 10”, afirmou a comerciante, que também comemorou o aumento nas vendas deste ano.
A limpeza do entorno da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição não passou despercebido pela população, pois a PCR montou uma operação especial que mobilizou uma equipe de 780 pessoas. A varrição diária e constante foi apenas uma das ações. Antes mesmo da abertura oficial dos festejos, no dia 29 com a Procissão da Bandeira, a Prefeitura realizou lavagem das escadarias e pintura de 30 quilômetros de meio-fio das vias envolvidas no evento. Também foram realizadas capinação, podas e rebaixamento de copas das árvores para facilitar a instalação do reforço na iluminação. Até uma estação compactadora de lixo foi montada ao lado da Paróquia do Morro para dar conta das cerca de 110 toneladas recolhidas ao final do período da festa. Dona Geralda Cardoso, proprietária do tradicional Bar da Geralda, percebeu que as pessoas até jogaram menos lixo no chão este ano: “acho que as pessoas ficaram até mais educadas vendo o trabalho dos varredores, tá tudo muito limpo por aqui”, disse a comerciante que também dá bom exemplo nesta época do ano. Deixa de vender bebidas alcoólicas em seu bar e transforma o local em ponto de venda de artigos religiosos. “É minha maneira de agradecer a Nossa Senhora da Conceição as graças que eu alcancei, a última delas foi eu ter me curado de um câncer no seio”, contou emocionada.
Outra que tem motivos para agradecer é a comerciante Margarida Ferreira. Moradora do Morro da Conceição, ela aproveita o período de festa para reforçar a renda da família com a venda de lanches. O trabalho contou com ajuda da irmã e do cunhado, e durou todos os dias de festa e atravessou as madrugadas, mas Margarida trabalhou com uma preocupação a menos: um local seguro para deixar o filho e os sobrinhos. Enquanto ela trabalhava, Neilthon (13 anos), Marconi (11 anos) e Matheus (13 anos) ficaram sob os cuidados da equipe do Instituto Social de Ação e Cidadania (IASC), que atuou na Escola Municipal Julio Vicente, transformando-a num ponto de apoio da ação Por Um Recife Sem Trabalho Infantil, executada por duas semanas no Morro da Conceição. A iniciativa é parte do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), projeto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Com o trabalho de 50 assistentes do IASC foram montados dois pontos – um na escola municipal e outro na quadra esportiva do Largo Dom Luiz.
A ação consistiu em abordar crianças entre 6 e 17 anos de idade, em situação de vulnerabilidade social – aquelas cujos pais trabalham durante a Festa do Morro e não têm onde deixar os filhos – e no contato com as famílias para oferecer os serviços colocados a disposição pela Prefeitura do Recife. “Nos pontos de apoio as criança participaram de oficinas recreativas, esportivas e culturais além de receber alimentação”, afirmou Thiago Queiroz, um dos supervisores de equipe do IASC. “Recebemos cerca de 30 crianças por dia, algumas até pernoitaram na escola porque suas mães trabalhavam durante toda a noite. Foi uma maneira de tirar essas crianças da rua ou protegê-las da condição de trabalhadores”, disse Thiago, que complementou: “é um trabalho gratificante”. Que o diga Neilthon, filho de Margarida. Ele frequentou o ponto de apoio do IASC durante quase dez dias e, no último dia de participação, ainda era um dos mais entusiasmados: “gosto de ficar aqui porque participo de brincadeiras, escrevo, pinto, jogo capoeira e fiz até percussão”, disse o pré-adolescente. A mãe, a comerciante Margarida Ferreira, fez questão de agradecer pela atenção da equipe do IASC. “Fico tranqüila com meu filho aqui, antigamente ele ficava solto na rua, às vezes eu nem sabia onde o Neilthon estava e nem conseguia trabalhar direito, foi ótima essa idéia da Prefeitura para nós”, disse Margarida.