Vigilância Sanitária do Recife orienta como se prevenir de doenças em salões de beleza

Problemas vão desde uma alergia na pele até complicações mais graves a exemplo das doenças infectocontagiosas como as hepatites virais e AIDS
Por Clarissa Macau
Diariamente, os salões de beleza ficam lotados por pessoas que vão fazer o cabelo, unha, depilação, entre outros serviços ajudam a melhorar o visual e a autoestima. Mas você sabia que nesses locais o cuidado com a saúde é imprescindível? Em um local por onde muita gente circula é natural que os mais variados organismos, como bactérias e vírus, tenham acesso livre a objetos e às pessoas, criando focos para doenças que vão desde uma alergia na pele até complicações mais graves, a exemplo das doenças infectocontagiosas como as hepatites virais e AIDS. Além disso, produtos químicos usados em diversos tratamentos capilares podem ser nocivos ao ser humano. Por esses e outros motivos, a Vigilância Sanitária do Recife dá dicas importantes para evitar surpresas desagradáveis. Entre elas estão a atenção do próprio cliente em relação ao ambiente de atendimento e aos produtos que são oferecidos e manipulados. Já os centros de beleza precisam atentar para a esterilização correta de utensílios usados, bem como a utilização de equipamentos de proteção pelos seus profissionais.
De acordo com a inspetora da vigilância Rosângela Barros, o cliente, ao chegar num desses estabelecimentos, deverá observar se o local está em boas condições de funcionamento. “Na primeira vez que visita o salão de beleza, a pessoa deve procurar a licença sanitária concedida pela Prefeitura, que precisa estar anexada no local em lugar visível ao público confirmando que o mesmo encontra-se em condições adequadas para atender de acordo com todas as normas sanitárias”, explica. Caso esse documento não esteja facilmente disponível, a vigilância aconselha que o cliente pergunte sobre sua existência aos responsáveis. O estado de pisos, banheiros e mobiliários também entram na lista de pontos que devem ser checados, a fim de certificar a segurança do lugar no quesito saúde.
Um dos procedimentos mais comuns em salões de beleza é fazer as unhas. E esse serviço requer cuidados especiais, pois alicates, lixas e palitos – responsáveis pela retirada de tecido morto dos pés e mãos -, podem representar um risco muito alto à vida do cliente. “São os mesmos riscos de infecção de um hospital, por exemplo. Os objetos podem ferir os clientes e deixá-los suscetíveis ao contato com microrganismos podendo causar micoses ou ferimentos mais profundos, criando uma porta de entrada para germes que, se não forem combatidos a tempo, podem correr para o sangue causando infecções localizadas ou abscessos, além de problemas mais graves como a hepatite B e C e a AIDS”, disse a inspetora. Ela ainda alerta para outra situação: “esse risco não é uma via de mão única. Também atinge os profissionais que estão prestando os serviços”.
Nesses casos, a prevenção é o melhor caminho. No caso dos profissionais é obrigatório o uso dos chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como luvas de cano longo, avental impermeável e máscaras protetoras. Para os clientes, a dica é levar seu próprio kit.
Cabelos – A vaidade medida num salão de beleza não atinge somente mãos e pés. Um dos atores que representam, em alguns casos, mais de 70% do faturamento dos centros de beleza é o cabelo. Por isso é tão comum surgirem novas técnicas e produtos de manipulação, entre eles o formol. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), esta substância, se usada de forma inadequada, pode conferir riscos respiratórios e cancerígenos aos profissionais e aos clientes. Por isso se faz necessário a utilização dos EPIs. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proíbe o uso específico do formol acima de 0,2%. Os clientes devem usar uma máscara para não inalarem a substância que pode causar dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem e um possível choque anafilático levando à morte por asfixia. Pessoas com deficiência respiratória são consequentemente mais suscetíveis.
Outro cuidado que se deve ter no salão quando o assunto for cabelo é o uso do secador. Os calores do secador usado no processo associado aos elementos químicos formam vapores tóxicos com alto potencial de penetração no organismo que prejudicam a saúde de todos no salão.
Limpeza dos objetos - A limpeza dos utensílios usados nos procedimentos têm particularidades que devem ser atendidas. Os artigos descartáveis como ceras frias e quentes, palitos, lixas precisam ser jogados no lixo após o uso e os permanentes deverão ser lavados com detergentes enzimáticos. Depois disso, os equipamentos precisam ser completamente secos e finalmente esterilizados. “As estufas são terminantemente proibidas na hora da limpeza dos objetos, pela sua ineficiência já comprovada por estudos. No seu lugar, os salões devem ter aparelhos que esterilizam pelo calor úmido sob pressão, as chamadas autoclaves. Dentro das máquinas, os objetos têm que estar embalados por papel específico que só deverão ser reabertos na próxima utilização”, diz a inspetora da Vigilância, Rosângela Barros. O passo final é guardá-los em locais como gavetas ou caixas plásticas com tampas e paredes rígidas para o acondicionamento exclusivo desses materiais. “É preciso ter cuidado de não misturar os materiais limpos com os sujos e manuseá-los o mínimo possível”, diz Rosângela. As escovas de cabelo necessitam ser limpas e higienizadas com desinfetante hospitalar e enxaguada após meia hora diariamente.
Saiba mais – A licença de funcionamento dos salões de beleza no Município concedida pela Vigilância Sanitária tem validade anual. Para ser expedida, o estabelecimento deve entrar em contato com o órgão para dar entrada no pedido. A partir daí, os técnicos farão uma inspeção no local. Já o cliente se perceber irregularidades no estabelecimento que costuma ir poderá denunciar o salão ligando para a Ouvidoria SUS Recife no telefone 0800.281.1520 que funciona de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h sem intervalo para almoço. Os inspetores se mostrarão disponíveis para checar as denúncias e, caso necessário, fazer notificações para adequar o funcionamento.