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Educação | 09.12.15 - 20h55

Estudantes autografam livros do projeto Nas Ondas da Leitura

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Cerca de 500 alunos dos Anos Iniciais, de 33 escolas, produziram sete obras. (Foto: Antônio Tenório/PCR)

 

O quibungo é um mito africano, de origem bantu, trazido ao Brasil pelos escravos e bastante difundido na Bahia. Ao pesquisar sobre o tema lendas, os alunos da Escola Municipal Presbítero José Bezerra, na Macaxeira, entraram em contato com o personagem e se aprofundaram em seu universo. O resultado foi o livro “O quibungo e as brincadeiras”, um dos sete trabalhos lançados pela Secretaria de Educação do Recife, na tarde desta quarta-feira (9),  no âmbito do Projeto Nas Ondas da Leitura.

Os livros foram elaborados por cerca de 500 alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, de 33 unidades de ensino. "A partir do projeto, o interesse dos estudantes pela leitura aumentou muito. A frequência escolar também melhorou, porque os faltosos não podiam participar da equipe que produziu o livro", aponta a professora Suzana Queiroz, que acompanhou os estudantes. O lançamento aconteceu na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Educadores do Recife (Efaer) Professor Paulo Freire, na Madalena, com direito a autógrafos dos autores.

Suzana explica que, de acordo com a tradição africana, o quibungo é um monstro que tem uma boca nas costas e engole as crianças desobedientes e mal educadas. "O interesse surgiu quando eles conheceram o cordel 'O Monstro que Engole Vidas', do poeta Rouxinol do Rinaré. A partir daí, pesquisaram sobre outras lendas e descobriram o quibungo. No livro, criaram a história de uma criança que foge do monstro usando trava-línguas e adivinhas", destaca a docente.

Foram lançados também o livro coletivo “Histórias Na Mente, Lápis Na Mão”, uma coletânea de produções de 27 escolas municipais, e os trabalhos individuais “O cordel dos animais”, da escola Josefina Marinho; “O canteiro das virtudes”, da João Batista Lippo Neto; “A Gata Borralheira do Sertão pernambucano“, da escola Compositor Capiba; “A festa no mangue”, da Reitor João Alfredo; e “Uma aventura no oceano”, da escola Dois Rios.

"Semente" - A aluna Kawane Silva, do 5º Ano da Escola Municipal do Ibura, foi a autora de um dos textos do livro “Histórias Na Mente, Lápis Na Mão”, baseado na obra "A Semente da Verdade". "Minha história fala de Tamires, uma menina pobre que queria se casar com o príncipe. Ele deu uma semente para cada uma das moças do reino e prometeu se casar com a que lhe entregasse a planta mais bonita. Todas levaram belas árvores para ele, menos Tamires. Como as sementes eram estéreis, o príncipe viu que ela era a única honesta e a escolheu", conta Kawane.

Já a estudante Monique Oliveira, do 4º ano da Escola João Batista Lippo Neto, fez as ilustrações e parte dos textos do livro “O canteiro das virtudes”. A obra conta a história de Iago, criança que chega ao Brasil fugindo de um país em guerra. "Ele vem em busca de virtudes, mas só encontra palavrões e coisas ruins na escola. Com o tempo, fica amigo de Júnior, um menino gordinho que não falava com ninguém e nunca era convidado para brincar. Fiz o desenho de um canteiro de flores na escola deles", explica Monique.

A gerente-geral de Planejamento e Monitoramento Pedagógico da Secretaria de Educação, Renata Jatobá, parabenizou os alunos-escritores. "Vocês são vitoriosos, tanto por terem sido escolhidos no processo seletivo quanto pela ótima qualidade do material produzido. Sabemos que não é fácil fazer livros assim. Escrever é difícil, mas prazeiroso", destacou. "A elaboração dos livros foi um sonho que sonhamos juntos. O resultado mostra que podemos fazer muito. A leitura pode nos levar longe", afirmou a coordenadora da Editora Imeph, Michelle Almeida, parceira da Prefeitura do Recife na implantação do Projeto Nas Ondas da Leitura.

Letramento - Em 2014 a Secretaria de Educação do Recife lançou o projeto Ondas da Leitura, que faz parte do Programa de Letramento do Recife (ProLer). O objetivo é estimular os alunos do Ensino Fundamental e Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA) a serem autores de textos literários. No início de cada ano letivo, os estudantes recebem nove livros paradidáticos para serem estudados e trabalhados em sala de aula, um a cada mês. Depois da leitura, os alunos têm a oportunidade de contar e recontar as histórias, para que comecem a trilhar os caminhos da autoria. No fim do ano letivo, os melhores textos são publicados. Nas unidades de ensino, os alunos também recebem visitas dos autores dos livros utilizados no projeto.