Estudantes com baixa visão participam de oficina e exposição no Forte das Cinco Pontas
Estudantes com baixa visão, entre 12 e 15 anos, das escolas municipais Padre Antônio Henrique (Ilha do Leite) e Mário Melo (Campo Grande) participam, nesta quarta (10) e quinta (11), no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, bairro de São José, de uma oficina de colagens comandada pela artista visual francesa Dominique Berthé. A atividade acontece das 10h às 11h30 e integra a programação da exposição fotográfica e de instalações "Paisagem: arqueologia de uma coleção", que reúne obras da artista e fica em cartaz até 30 de agosto, das 9h às 17h.
Dominique diz que o trabalho direcionado à criança com baixa visão faz parte das suas atividades como artista há muito tempo. "Aprendi muito cedo que quem possui deficiência em um dos sentidos costuma apurar os demais. Como trabalho com fotos para tocar, com detalhes de aproximação de imagens, isso acaba despertando nelas a motivação para o olhar de perto, o sentir com as mãos, o ouvir com atenção e o cheirar curioso. O resultado é toda essa interação que estamos observando agora", frisa.
A integração citada por Dominique aconteceu durante a produção das colagens. Quando sentadas e juntinhas, as crianças usaram papel molhado e cola para produzir sua própria obra de arte, tudo a partir da "visão" do que estavam sentindo naquele momento. "Fiz uma grande letra A em homenagem a minha mãe. Achei legal, pois aprendi a enxergar as coisas de outra forma, com minhas próprias mãos", disse Diogo Daniel Sena Costa, de 14 anos. Já Elisabette Bandeira Luna, de 11 anos, achou gostoso e diferente tudo que viu. "Foi legal conversar com os colegas, ver as fotos da artista de perto e fazer as colagens. Estou gostando muito e espero voltar na quinta", ressaltou.
Érica Conceição, de 14 anos, também fez questão de falar sobre o evento. "O que eu gostei mais foi o carinho de todos com a gente, além de fazer minha escultura de papel", contou. Professora de português da Escola Municipal Padre Henrique, Rosana Paiva elogiou o talento e a forma de Dominique Berthé interagir com crianças de baixa visão. "Ela trabalha bastante a questão da audição e do contato físico, deixando os estudantes estimulados, relaxados e motivados, o que é muito importante", elogiou.
Dominique Berthé é uma das mais destacadas artistas visuais francesas. Radicada em Pernambuco há 15 anos, realiza um trabalho escultórico, fotográfico e de instalações que se caracteriza pela articulação e uso de materiais diferenciados (ferro, água, plástico, vidro, entre outros) e soluções construtivas (cortes, encaixes, dobras, nós). A exposição "Paisagem" gerou um livro que foi lançado em março, o segundo de sua carreira.