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Cultura | 11.04.12 - 13h01

Novos habitacionais mudam a vida de mais de três mil famílias recifenses

[caption id="attachment_16229" align="alignleft" width="334" caption="Ana Maria é uma das moradoras do Conjunto Clube do Automóvel. Foto: Antônio Tenório"][/caption]

Com expectativa de construir 39 conjuntos habitacionais em quatro anos, a política municipal deve beneficiar mais de cinco mil famílias

 Por Otávio Dias

 “Eu morava na comunidade Bola na Rede, na Guabiraba. Quando chovia forte, eu ficava de vigília a noite toda enquanto no quarto colado com a barreira minhas duas filhas dormiam no beliche. A qualquer momento, elas podiam ser soterradas junto comigo. Era uma angústia permanente. Só Deus sabe o que passei”. As palavras da cozinheira Ana Maria dos Santos, de 44 anos, refletem um drama ainda presente em diversos morros da cidade, que ao longo dos anos foram ocupados de forma desordenada por muitas famílias de baixa renda, a exemplo da beira de canais, rios e córregos.

No caso de Ana Maria, o sofrimento acabou. Da mesma forma que outras 3.085 famílias, ela ocupa hoje um dos 23 conjuntos habitacionais entregues pela Prefeitura do Recife só na gestão do prefeito João da Costa, com investimento superior a R$ 149 milhões. Projetos ligados às secretarias de Habitação; Saneamento; Controle Urbano, Desenvolvimento e Obras, e autarquia Sanear, esses habitacionais são repassados gratuitamente para as famílias retiradas de áreas de risco e localidades insalubres distribuídas em diversos bairros.

Quase dez anos depois de deixarem para trás os riscos da Guabiraba, Ana Maria dos Santos, o marido Cláudio Martins e a filha Liliana Batista moram hoje na casa 1 do bloco B, do Conjunto Clube do Automóvel, no bairro do Cordeiro, que foi inaugurado no final de 2009 e tem 64 apartamentos. A caçula, de 11 anos, leva, hoje, uma vida bem mais tranqüila e segura do que as duas irmãs, Aline e Amanda, de 26 e 23 anos, tiveram. “Liliana tem seu próprio quarto e eu e meu marido estamos sempre investindo em melhorias no apartamento, com cerâmica no piso e grades externas. Agradeço muito, primeiro a Deus e depois à Prefeitura”, ressalta Ana Maria.

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Há alguns quilômetros dali, no bairro da Várzea, fica outro habitacional ligado à Secretaria de Habitação, o conjunto Várzea II, entregue pelo prefeito João da Costa em julho de 2009. Com 80 moradias e grande área verde, ele está equipado com parque infantil, campo de futebol e estacionamento interno.

É no Várzea II que mora, hoje, a dona de casa Iranilda Barbosa da Silva, com o marido Jenildo Claudino, de 52 anos, e os filhos Landson Rangel, 21, e Milça Irana, de 13. Ela foi retirada de áreas de risco de desabamentos de encostas, em Casa Amarela, e conta que ocupava três vãos alugados, sem nenhum conforto. “Era um terreno de invasão. Além do risco de sermos soterrados, vivíamos a expectativa de despejo permanente”, conta Iranilda. Sobre o apartamento 104, do bloco C, que recebeu da Prefeitura, ela só tem elogios. “Aqui é um paraíso. É seguro e bem localizado, temos condomínio e até um porteiro e vigilante. Foi o melhor presente que recebi na vida”, comemora Iranilda.

A história de Ana Maria e Iranilda é similar a de outras 3 mil famílias contempladas pela política habitacional da Prefeitura. Todas as moradias possuem em média entre 40 a 50 metros quadrados e são equipadas com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. As famílias beneficiadas não se tornam proprietárias do imóvel, mas ganham apenas a concessão de uso, não podendo vender nem alugar, sob o risco de serem despejadas e terem seus nomes retirados de qualquer outro tipo de projeto habitacional.

 Desde o início de 2009, já foram entregues 23 conjuntos habitacionais, e outros 16 estão com obras em andamento. A expectativa é beneficiar mais 2 mil famílias até o final deste ano, atingindo uma média de 1,2 mil famílias/ano. O programa é fruto de parcerias com os governos estadual e federal e organismos internacionais, como o Banco Mundial.

 

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