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Cultura | 11.06.14 - 20h14

Programa Robótica na Escola da PCR promove jogo Brasil X Croácia disputado por robôs

[caption id="attachment_46799" align="alignleft" width="680"] Dois mil alunos viram partidas de futebol disputadas por robôs humanoides que desfilaram com as bandeiras das 32 seleções que participam da Copa. (Foto: Carlos Augusto/PCR)[/caption]

 

A Copa do Mundo começou mais cedo para cerca de dois mil alunos da Rede de Ensino do Recife. Nesta quarta-feira (11), eles assistiram à partida do Brasil contra a Croácia disputada por robôs humanoides. Após o hino nacional, os robôs desfilaram com as bandeiras das 32 seleções que participam da Copa 2014, jogaram futebol e até dançaram maracatu no Centro de Tecnologia na Educação e Cidadania (Cetec), na Soledade. O evento, que faz parte do Programa de Robótica nas escolas municipais, foi apresentado pelo estudante Carlos Alberto Araújo, 12 anos, estudante da Escola Municipal Antônio de Brito Alves, localizada na Mustardinha. Carlinhos, como é conhecido na turma, introduziu o robô no encontro e deixou que ele mesmo se apresentasse aos alunos das cerca de 40 escolas presentes.

O estudante se destacou tanto nas aulas de robótica que ganhou até uma bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). "Nos últimos dias, ajudei a programar os robôs humanoides para dançar maracatu ao ouvir o comando da minha voz e para jogar futebol. Eles não são tão bons quanto Neymar, mas vão chegar lá", brincou Carlinhos, que já planeja ser engenheiro mecatrônico no futuro.

De acordo com o secretário de Educação do Recife, Jorge Vieira, tudo o que os alunos viram nesta quarta já está começando a ser usado nas salas de aula das escolas municipais. "A Prefeitura do Recife assume uma posição de vanguarda ao investir R$ 20 milhões para levar a robótica para as unidades de ensino, em uma iniciativa inédita no Brasil. Estamos num momento de formação de professores, e alguns alunos já participaram de aulas práticas com os robôs em sala. Até o fim do ano, queremos a robótica presente em todas as escolas da Rede Municipal de Ensino", declarou Jorge Vieira.

O secretário executivo de Tecnologia na Educação, Francisco Luiz dos Santos, contou que os estudantes pintaram as bandeiras das seleções enquanto aprendiam sobre a história e a cultura dos países, para que os robôs entrassem no ginásio do Cetec de forma parecida com a abertura da Copa. "Como poucas crianças da rede vão para a Arena Pernambuco, queríamos que eles vivessem esse clima de Copa do Mundo e aprendessem com essa mistura de futebol com robôs. Foi um momento de contextualização muito bem aproveitado. Essas crianças que começam a aprender robótica cedo poderão ir até a universidade usando o que aprenderam aqui. Do mesmo jeito que hoje existem nativos digitais, que começam a usar smartphones e tablets desde a infância, daqui a uns anos teremos nativos em robótica", vislumbra o professor Francisco. Segundo ele, além das habilidades diretamente envolvidas com a  robótica, como física mecânica, programação e matemática, a Secretaria de Educação também aproveita as aulas de robótica para promover a socialização dos alunos e estimular a inovação e a autonomia.

É justamente a autonomia o que mais empolga a estudante da Escola Poeta Jonatas Braga, Maria Sara Fraga, de 11 anos. Ela vibra ao ver os robôs executando os comandos determinados por ela. "Comecei a ter aula de robótica este ano e já é minha matéria preferida. Nesta semana, montamos alguns robôs e programamos outros para cantar o hino nacional. É muito bom poder ver o robô fazendo tudo que a gente quer que ele faça", disse Maria Sara.

O professor de ciências Jadson Amorim, especialista em Informática na Educação, sente-se gratificado em ver o grande envolvimento das crianças coma as aulas de robótica. "Naturalmente as crianças já se interessam muito pelas aulas de robótica e, com esse link que fizemos com a Copa do Mundo, elas se motivaram ainda mais para participar. O robô tem grande amplitude de aproveitamento nas mais diversas disciplinas e com estudantes das mais diferentes idades. Com a robótica, conseguimos despertar a curiosidade dos alunos e motivá-los a aprender mais", pontuou. Segundo o professor, os alunos do 6° ao 9° ano aprendem atividades mais avançadas, como programação, e muito do que eles programam é usado nas aulas dos estudantes da Educação Infantil.  

Os robôs humanoides usados nas atividades desta quarta foram batizados de NAO (cérebro em chinês), e foram desenvolvidos pela Somai, que é uma empresa especializada em integrar novas tecnologias à educação. Além do NAO, também fizeram parte do evento os robôs voadores, chamados de drones, e os robôs feitos com blocos de encaixe da LEGO.  Os primeiros fizeram imagens aéreas do evento, enquanto os últimos jogaram futebol em duplas de robôs, num minicampo de futebol montado no Cetec. Os alunos puderam controlar os chutes dos robôs com joysticks também feitos com LEGO.

Até o momento, 1.066 educadores participaram de formações para uso da linha LEGO e 87 para a utilização dos robôs humanoides. Até o fim do ano, esses números passarão para 3 mil e para 650, respectivamente. Depois dos educadores, no mês passado foi a vez de os alunos terem contato com os humanoides. Um grupo de 16 estudantes do 6º ao 9º ano participou da primeira aula prática com os robôs humanoides, no último dia 23. Os alunos foram escolhidos por terem se destacado na Mostra Cientifica Municipal, no ano passado, com projetos voltados para a área de robótica.

No total, mais de 80 mil estudantes da educação infantil ao 9º ano do ensino fundamental serão beneficiados pelo Programa Robótica na Escola, que foi lançado em fevereiro de 2013. A ação chegará a 302 escolas e creches da rede, que utilizarão as novas tecnologias nas atividades em sala de aula.

O Robótica na Escola é realizado em três linhas de trabalho: a da metarreciclagem e ferramentas (na qual os robôs podem ser feitos com peças mecânicas recicláveis e programados pelos alunos), a dos blocos de encaixe  e a de robôs humanoides. Os estudantes da educação infantil e do Ensino Fundamental trabalham mais com a linha de blocos de encaixar da LEGO ZOOM, enquanto os alunos do 6º ao 9º ano aprendem a trabalhar com a linha de eletrônica e programação de computadores, além dos robôs humanoides.