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A Prefeitura do Recife promoveu, nesta terça-feira (11), uma roda de diálogo sobre “Mulheres negras e políticas públicas” com cerca de 30 catadoras de recicláveis que trabalham na Cooperativa Ecovida Palha de Arroz, no bairro do Arruda. O encontro aconteceu no galpão municipal de triagem de resíduos recicláveis, sede da cooperativa, e contou com a participação de representantes das Secretarias Municipais de Saúde, da Mulher e de Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos. Durante quase duas horas, as catadoras participaram de práticas integrativas em saúde e discutiram cidadania, direitos humanos, empoderamento e participação social. As atividades fazem parte da programação do Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho.

“Hoje promovemos um debate sobre mulheres negras e políticas públicas, com o objetivo de refletir sobre o acesso a essas políticas e a importância de cada uma das cooperadas diante do grupo. Conhecer plenamente os nossos direitos é o primeiro passo para conquista da cidadania”, disse Girlana Diniz, gerente de Igualdade Racial da Secretaria Desenvolvimento Social, Juventude, Política sobre Drogas e Direitos Humanos.

Já a coordenadora de Política de Saúde da População Negra do Recife, Rose Santos, destacou o trabalho sistemático que a Prefeitura vem promovendo junto às cooperadas do Palha de Arroz. “Já estivemos aqui este ano para oferecer exames e vacinação contra diversas doenças, além de promover discussões sobre saúde sexual e reprodutiva. Hoje oferecemos também fisioterapia, pois a rotina de uma catadora pode levar a doenças como artrite, artrose, escolioses, entre outras. A orientação preventiva ou o encaminhamento para um tratamento específico são fundamentais”, ressaltou a representante da Secretaria de Saúde do Recife.

Já a analista de Promoção dos Direitos das Mulheres, Antônia Galindo, lembrou que a cooperativa Ecovida Palha de Arroz é resultado de um curso de formação técnica em resíduos sólidos oferecido pela Secretaria da Mulher do Recife, em 2014. A ação faz parte do programa Mulher, Trabalho e Renda, voltado para o fortalecimento sociopolítico e econômico das mulheres. “O grupo de catadoras é acompanhado pela Secretaria da Mulher muito antes da construção do galpão, quando elas ainda catavam recicláveis diretamente nas ruas. As orientações repassadas pelos técnicos da Secretaria em reuniões, cursos e formações ajudaram as catadoras a tomar consciência da importância de seu trabalho para a preservação do meio ambiente”, afirmou a representante da Secretaria da Mulher.

Com olhos e ouvidos atentos às palavras das técnicas municipais, Lindinalva Alves dos Santos, 67 anos, contou que vivia nas ruas catando o que podia, sem nenhum apoio técnico. Agora, ela recebe os materiais recolhidos pela Emlurb em toda cidade e usa máquinas apropriadas que facilitam a triagem, separação, prensagem e estocamento dos reciclados, além de ter clientes certos para a comercialização. “Onde eu, com essa idade, iria trabalhar de igual para igual com todas as colegas, ganhar meu próprio dinheirinho e me sentir respeitada e feliz?”, questionou Lindinalva, com um sorriso no rosto.

Já Ariane Durack, de 30 anos, contou que não chegou a trabalhar nas ruas. “Vim atuar como catadora já com esse espaço em funcionamento. É um trabalho muito interessante, pois além do nosso sustento, estamos contribuindo para preservar a natureza”, disse a jovem. Neste mês, as catadoras também participaram de uma oficina sobre educação ambiental, que abordou assuntos como a separação do lixo, a qualidade do resíduo, a segurança no trabalho, entre outros, além de treinamentos sobre o manuseio dos maquinários instalados no galpão.