Escola Municipal que adotou cachorros apresenta trabalhos sobre cuidados com os animais
Cerca de 350 alunos da Escola Municipal de Tempo Integral (EMTI) Antonio Heráclio do Rego, de Água Fria, apresentam, na manhã desta sexta-feira (12), trabalhos sobre os cuidados que se deve ter com os animais e a natureza. A unidade de ensino adotou dois cachorros, que recebem os cuidados dos diretores, professores, funcionários e alunos. A partir da iniciativa, os cães foram incluídos no projeto pedagógico da unidade de ensino, batizado de Cãolega, que também será apresentado nesta sexta. O secretário-executivo de Direitos dos Animais Rodrigo Vidal, foi convidado a visitar a escola, onde fará uma palestra, às 10h, sobre a responsabilidade de ser tutor de um animal e quais os cuidados necessários.
Durante toda a manhã, os alunos apresentarão trabalhos que tiveram como foco o tema Direito de ter, dever de cuidar. Eles fizeram pesquisas sobre preservação do meio ambiente, bichos em extinção, adoção de animais, cuidados com os bichos e sobre o cão comunitário, que é quando um cachorro possui um grupo de indivíduos que cuidam dele, e não apenas um único dono, que é o que acontece na Escola Antônio Heráclio.
O projeto Cãolega foi desenvolvido a partir da adoção dos cachorros Júlio e Júlia por parte unidade de ensino. Há três anos, a vice-diretora Marília Oliveira resgatou da rua a cadela Júlia e a abrigou na escola. Ao perceber que os alunos se apegaram ao animal, a vice-gestora resolveu manter a cadela na escola. Após cinco meses, foi adotado outro cachorro que vinha fazendo companhia a Júlia e por isso foi batizado de Júlio. A partir disso, os professores passaram a trabalhar em sala de aula temáticas relativas aos animais. Para entrar em contato com as crianças e adolescentes, os cachorros foram vacinados, vermifugados e recebem acompanhamento de veterinários.
De acordo com a professora de português Juliana Ramos, que é uma das responsáveis por cuidar dos cães, o relacionamento dos estudantes com os animais mudou o comportamento dos alunos, gerando um processo de humanização, respeito e valorização do próximo. "Antes os alunos não se preocupavam em jogar o resto da comida no lixo e terminavam jogando no chão ou deixavam na mesa. Hoje em dia isso não acontece porque eles sabem que se deixarem comida no chão os cães podem ingerir, o que é errado", relata Juliana, que também faz parte do grupo Bicho Querido, que resgata animais abandonados e dá a eles um lar provisório até colocá-los para adoção. Segundo a docente, vários estudantes também adotaram cães em casa após a experiência na escola.
Segundo o diretor Arnóbio de Paiva, no inicio os cães sofreram com a rejeição de algumas mães que achavam que os cachorros iriam fazer mal à saúde dos alunos. "Elas reclamavam do risco de os cachorros transmitirem doenças, mas depois perceberam que Júlio e Júlia ajudaram a despertar o lado humano dos estudantes", lembra o gestor.
Aluna do 8º ano, Franciny Oliveira, 14 anos, resalta que os cachorros tornaram a ida à escola mais divertida, além de melhorarem o convívio de todos na unidade de ensino. "Acho que toda escola deveria ter um cachorro porque eles nos dão carinho e atenção pra gente, principalmente quando nos sentimos sozinhos. Esse apego com eles nos torna mais compreensivos com nossos colegas de classe", conta a estudante.