Recife inicia novos testes para diagnosticar câncer de colo do útero
Uma maneira mais simples e eficaz para detectar o câncer de colo de útero e reduzir a mortalidade por este tipo de doença. É com este propósito que a Prefeitura do Recife inicia, nesta segunda-feira (12), a implementação do Programa Útero é Vida, que está sendo desenvolvido pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) em parceria com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS). O projeto vai realizar um novo tipo de exame que permite identificar de forma mais assertiva o DNA do HPV, (em especial HPV 16 e 18), vírus causador deste tipo de câncer, em mulheres entre 25 e 64 anos. Inicialmente, os testes serão aplicados em 1,5 mil moradoras dos Distritos Sanitários 2 e 7 da capital pernambucana. Posteriormente, o projeto será ampliado para 60 mil mulheres da cidade.
A melhor forma de prevenção do câncer de colo de útero é através da identificação precoce do vírus HPV e, atualmente, isso é feito por meio do exame mais comum, o papanicolau - que coleta uma amostra do órgão. Com o uso do Kit Nacional de Biologia Molecular, a forma de realização será mais simples: utilizando um swab (semelhante ao usado nos testes da covid-19) que é introduzido na vagina para colher secreção sem necessidade de o instrumento tocar o colo do útero.
“Esse projeto, que passa a fazer parte do Recife Cuida, é ousado, inovador e tem potencial para ser modelo em todo o Brasil. A cidade abre as portas da sua Rede Municipal de Saúde para que esse estudo possa mudar a realidade das recifenses, ampliando o acesso aos exames e reduzindo as taxas de mortalidade por câncer de colo do útero na capital”, destaca a secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque.
Os novos testes têm baixo custo e facilitam o diagnóstico da doença. Eles foram desenvolvidos pelo Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA), da Universidade Federal de Pernambuco; Instituto de Biologia Molecular do Paraná e Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo. Os exames serão processados pelas máquinas de PCR Teste, as mesmas utilizadas no enfrentamento da covid-19, pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen-PE). Nesta fase, os resultados dos testes serão validados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para posteriormente serem implantados no SUS.
“Esse projeto representa uma mudança de paradigma no enfrentamento ao câncer de colo de útero e falar dele é falar da saúde não apenas da mulher, mas da família como um todo. Essa inovação pensada por nós vai revolucionar a linha de cuidado da mulher e vai ser muito importante não apenas para o Recife, para Pernambuco, mas para o Sistema Único de Saúde do Brasil e também para a América Latina”, pontua a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, Socorro Gross.
Além da realização por um profissional de saúde na própria unidade, esta modalidade de teste permitirá ainda a autocoleta para quem mora em regiões de difícil acesso, facilitando o acesso das mulheres e aumentando as chances de diagnóstico precoce e, consequentemente, de cura. O resultado dos exames é obtido em menor tempo que o papanicolau e, nos casos em que for negativo, aumenta o intervalo de rastreio para cinco anos.
Com este projeto, a Prefeitura pretende ainda reorganizar a linha de cuidado da saúde da mulher. A partir do resultado do teste, que identifica as diversas variações do vírus, vai ser possível encaminhar as recifenses para o serviço adequado, evitando, assim, a sua peregrinação pela rede de saúde.
DADOS - No Recife, existem 490.009 mulheres entre 25 e 64 anos, segundo estimativa do IBGE. De acordo com o Inca, a capital pernambucana deve realizar, por ano, pelo menos 127.098 exames deste tipo nas mulheres elegíveis. No ano passado, foram feitos 37.257 testes.
Em 2021, foram registrados 68 óbitos por câncer de colo do útero no Recife. Até junho deste ano, a cidade já soma 32 mortes causadas pela doença.
Com a implementação do Útero é Vida de forma contínua na Rede Municipal de Saúde, a expectativa é que as mulheres passem a acessar o serviço de prevenção de forma mais regular, uma vez que os novos testes adotados para o preventivo ginecológico darão mais autonomia, maior intervalo tempo e menos exposição na realização do exame. Tudo isso acarreta a redução das taxas de mortalidade por câncer de colo do útero.